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Bancos japoneses começam a abandonar agora tecnologia do século XIX

Levou mais de um século, mas os bancos japoneses finalmente vão deixar de usar uma tecnologia que não parecia avançada desde o reinado dos Xoguns.

17 de Março de 2019 às 15:00
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Hanko, o carimbo pessoal exigido até para fazer transações simples no Japão desde o século XIX, será eliminado gradualmente em algumas das maiores instituições financeiras do país.

 

Os bancos começaram a permitir que os clientes transfiram dinheiro ou realizem pagamentos pelo smartphone ou tablet, em vez de usar o carimbo de madeira e tinta no papel como os seus antepassados. Para os jovens do Japão, um dos lugares mais obcecados por tecnologia do planeta, já estava na hora de mudar.

 

"Dá muito trabalho levar o hanko e tratar da papelada só para levantar dinheiro nas agências", disse Tomoyuki Shiraishi, um operário de 24 anos em Kurashiki, no oeste do Japão.

 

Após chegarem tarde à revolução da tecnologia financeira, os bancos japoneses estão a correr para se atualizar na tentativa de reduzir a burocracia, aumentar a eficiência e atrair as gerações mais jovens.

 

As pequenas empresas usam o hanko para muitos contratos, e esses carimbos continuarão a ser exigidos para coisas como casar e comprar uma casa.

 

Um exemplo da mudança é o Mitsubishi UFJ Financial Group: o maior banco do país começou a oferecer contas que não exigem hanko nem cadernetas e está a reformar a sua rede de agências para substituir fileiras de caixas por tablets e cabines de vídeo.

 

A meta é ajudar os clientes a adaptarem-se às plataformas digitais para poderem fazer mais operações bancárias com os seus próprios dispositivos. Uma centena das mais de 500 agências do MUFG no Japão vai adotar o novo formato até 2024. O banco com sede em Tóquio planeia reduzir a metade o número de agências com balcões tradicionais no mesmo período.

 

O MUFG não é o único. No ano passado, o banco Resona Holdings passou a permitir que os clientes abram contas sem hanko em cerca de 600 agências. A mudança para o formato digital conta com o apoio do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, que redigiu um projeto de lei para disponibilizar mais serviços públicos online.

 

Vencer a burocracia japonesa não tem sido fácil. O MUFG demorou dois anos para convencer 450 governos locais a começar a processar eletronicamente o pagamento de impostos, disse Takayuki Ogura, diretor da principal unidade bancária do grupo.

 

Muitos pais compram um hanko feito à mão para os filhos quando eles atingem a maioridade, e os turistas levam-nos como lembranças, disse Keiichi Fukushima, escultor licenciado e membro da quarta geração de proprietários de uma loja que vende os carimbos no histórico distrito de Ueno em Tóquio. O fabrico de hanko é um setor que gera 1,5 mil milhões de dólares por ano, disse Fukushima, vice-presidente da associação nacional do setor.

 

"Ainda há muitas ocasiões em que precisamos usar o hanko", disse Fukushima.

 

Minami Yoshida, de 26 anos, que trabalha no departamento de contabilidade de uma fabricante de peças industriais em Kawasaki, perto de Tóquio, gostaria que não houvesse tantas ocasiões. Para poder pagar aos fornecedores, Yoshida tem que carimbar formulários de transferência de dinheiro com o hanko da sua empresa e levá-los até ao banco para os processar. "Sinto que simplesmente não é eficiente", afirmou.

 

(Texto original: Japanese Banks Will Finally Stop Using a Piece of 1800s Tech)

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