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Banco envolvido num escândalo de muitos milhões usou ouro para esconder dinheiro dos clientes

O Danske ofereceu ouro como uma maneira de os clientes conseguirem o "anonimato", de acordo com os documentos.

Danske Bank A/S
Freya Ingrid Morales/Bloomberg
17 de Novembro de 2019 às 11:00
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No auge do escândalo que envolveu o Danske Bank, o banco dinamarquês começou a oferecer barras de ouro a clientes ricos para ajudá-los a manter as fortunas escondidas, de acordo com documentos vistos pela Bloomberg.

 

A agência do banco na Estónia, que já estava a transferir mil milhões de dólares de clientes para contas no exterior, disse a um seleto grupo de clientes, principalmente da Rússia, que também podiam converter o dinheiro em barras e moedas de ouro, de acordo com documentos referentes a períodos desde meados de 2012.

 

Além de oferecer proteção contra riscos, o Danske ofereceu ouro como uma maneira de os clientes conseguirem o "anonimato", de acordo com os documentos. A instituição também alegou na altura que recorrer ao ouro garantia a "portabilidade" dos ativos, segundo uma apresentação interna de junho de 2012.

 

Um porta-voz do Danske Bank não quis comentar. No relatório de setembro de 2018 do Danske sobre a sua unidade não residente, o banco enumerou os serviços que prestava aos clientes. Além dos pagamentos, os serviços incluíam a criação de linhas de câmbio, bem como a negociação de títulos e valores mobiliários. O banco não registou as vendas de barras de ouro.

 

O Danske Bank, que está a ser investigado em toda a Europa e nos EUA por não ter identificado 220 mil milhões de dólares desviados da sua unidade na Estónia de 2007 a 2015, encerrou as operações no centro do escândalo. Isto depois de as autoridades locais terem decidido banir o Danske do mercado quando o escopo do caso foi revelado.

 

Jakob Dedenroth Bernhoft, um advogado de Copenhaga especializado em questões de conformidade e lavagem de dinheiro, disse: "Intrigou-me o facto de o próprio relatório do banco sobre o caso não ter descoberto isto. Este é um serviço totalmente contra as leis de lavagem de dinheiro. Definitivamente, é suspeito."

 

"O ouro é um grande trunfo para a lavagem de dinheiro, pois tem um valor constante", realçou. "Pode vendê-lo sem perder muito valor e receber dinheiro e um recibo em mãos. Se comprar um carro ou algo parecido, o valor cai imediatamente."

 

Não se sabe o volume de ouro que o Danske conseguiu vender enquanto a extinta unidade da Estónia ainda estava em operação. Mas, de acordo com um e-mail interno visto pela Bloomberg, pelo menos alguns clientes usaram o serviço. O serviço também foi oferecido a clientes locais de private banking.

 

(Texto original: Bankers in $220 Billion Scandal Offered Gold to Hide Client Cash)

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