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Banca angolana precisa de ajuda
O presidente da associação angolana de bancos afirmou à Bloomberg que "os bancos têm de ser ajudados porque têm problemas de liquidez que conduzem a situações negativas em todo o sistema".
A banca angolana precisa de ajuda. Quem o afirma é o presidente da Associação Angolana de Bancos (Abanc), Amílcar Silva, numa entrevista à agência de informação Bloomberg.
"Os bancos têm de ser ajudados porque têm problemas de liquidez que conduzem a situações negativas em todo o sistema, colocando a sua credibilidade em dúvida", assinala o líder da associação, que representa 24 instituições financeiras do país.
Neste momento, Amílcar Silva não sabe de que forma essa assistência financeira poderia ser operacionalizada. "O que precisamos de fazer é olhar para o assunto com profundidade e, depois, decidir a melhor forma", indica, acrescentando que um dos pontos que está por definir é se os bancos "têm de devolver o dinheiro e quando". Outro é de onde virá a ajuda, nomeadamente se virá do Estado liderado pelo presidente José Eduardo dos Santos.
Na entrevista à agência norte-americana, o líder da Abanc não esclareceu se a assistência financeira seria concretizada através de cedência de liquidez ou da injecção de capital. Nem fica claro se essa ajuda já está a ser desenhada.
No relatório anual da Abanc, publicado a 11 de Dezembro de 2016 mas relativo ao ano anterior, o cenário traçado para o sistema financeiro angolano não era saudável. "Os efeitos da queda abrupta do preço do petróleo nos mercados internacionais, que ocorreu em Junho de 2014, fizeram-se sentir plenamente no ano de 2015: as contas públicas deterioraram-se, o equilíbrio externo perdeu-se e registou-se uma redução muito significativa das divisas disponíveis para liquidar ao exterior as importações de bens e de serviços e servir pontualmente a dívida externa".
Para além dos desafios de liquidez, os bancos angolanos têm também enfrentado também novas exigências de regulação. Esse é, aliás, um ponto referido no relatório anual da Abanc. "É expectável maior investimento em gestão de risco e compliance, face à necessidade de melhor alocação de recursos e em resposta às crescentes exigências regulamentares, tanto a nível local como internacionalmente".
A associação tem como associados o Banco Caixa Geral Angola, o Banco de Fomento Angola, o Banco Económico (antigo BESA), o Banco Millennium Atlântico, o Finibanco Angola e o Banco de Negócios Internacional. Um destes bancos, o BFA, sofreu uma mudança na sua estrutura accionista precisamente porque o Banco Central Europeu deixou de reconhecer a equivalência à supervisão exercida pelo Banco Nacional de Angola (BNA), obrigando a uma redução da exposição do BPI àquela economia africana.