Notícia
Anchorage bem posicionada para comprar 700 milhões em imóveis ao Novo Banco
O Novo Banco terá escolhido os americanos da Anchorage Capital para ficar com o seu pacote de imóveis avaliado em 700 milhões de euros, diz a Bloomberg. Para trás, ficam a Bain Capital e a Arrow, que tinham sido convidadas pelo banco a apresentar ofertas.
A norte-americana Anchorage Capital Group apresentou a proposta vencedora pela carteira de activos do Novo Banco, colocada à venda em Setembro, de acordo com informação obtida pela agência Bloomberg.
O processo de alienação do portefólio de activos imobiliários, avaliado contabilísticamente em 700 milhões de euros, foi lançado em Setembro. Trata-se de cerca de 9.000 activos que saem do balanço do banco com o intuito de este conseguir livrar-se da herança tóxica do Banco Espírito Santo. Segundo noticiou a Debtwire, a maioria dos imóveis está localizada em Lisboa e Porto, sendo que metade são residenciais, e os restantes dividem-se em imóveis comerciais e terrenos.
Nem o banco nem a sociedade de investimento responderam à agência de informação sobre o chamado Project Viriato, aguardando o Negócios também uma resposta oficial da parte da instituição liderada por António Ramalho. A Anchorage não quis fazer comentários. A Bloomberg não refere quaisquer valores para a transacção.
No processo, ficaram para trás duas entidades, a Bain Capital e a Arrow Global – não se sabendo se chegaram a avançar com alguma proposta ou se desistiram do processo, até porque o período de tempo para a apresentação de ofertas era curto: o Project Viriato foi lançado em Setembro e as ofertas tinham de chegar no início de Outubro. O Novo Banco quer fechar o dossiê ainda este ano.
O Novo Banco está a ser assessorado pela Alantra, a antiga N+1, que conta com Ana Rita Barosa (ex-directora do BES), como tinha noticiado o Público, enquanto a entidade que vai trabalhar com a compradora na gestão dos activos imobiliários é a Lace Investments Partners, de acordo com a Bloomberg. A Lace, constituída este ano, é gerida por Bernardo Pinto Basto, Inês Santos Silva e Pedro Reforço, todos vindos da Norfin (que foi comprada pela Arrow Global no Verão).
Crédito malparado é para vender
A venda da carteira de imóveis é uma das duas operações que a gestão de António Ramalho quer concluir até ao final do ano. A outra é a de crédito malparado, o chamado Project Nata, num total de 1,75 mil milhões de euros, em duas parcelas distintas.
Os trabalhos inserem-se na limpeza e recuperação que a instituição está ainda a fazer. No primeiro semestre, o prejuízo foi de 231 milhões de euros, sendo que foi penalizado ainda por imparidades e provisões de 248 milhões.
Desconhece-se o impacto da venda destes activos não estratégicos no mecanismo de capitalização contingente, em que o Fundo de Resolução, dono de 25% do capital do Novo Banco, possa ter de compensar a instituição financeira. A injecção por esta entidade financiada pelos bancos do sistema é feita caso haja uma descida do valor dos activos ao mesmo tempo que os rácios de capital desçam abaixo de determinada percentagem. Daí que só após a conclusão das operações, e depois de visíveis os impactos, seja possível fazer os cálculos.
Certo é que, com os dados registados pelo banco à data de Junho, o mecanismo de capitalização contingente exigia a convocatória do Fundo de Resolução para cobrir 726 milhões de euros no próximo ano. Ainda assim, o valor pode mudar até ao final do ano, altura que é tida em conta na avaliação das necessidades do banco.
(Notícia corrigida às 15:45: a compradora é a norte-americana Anchorage Capital Group e não a australiana Anchorage Capital Parterns.)