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Álvaro Sobrinho suspeito de desviar 615 milhões de dólares do BESA

O antigo CEO do BES Angola terá contribuído de forma decisiva para as perdas do grupo Espírito Santo, diz a edição do Expresso deste sábado, numa investigação em que refere que Sobrinho foi o beneficiário efectivo de três empresas angolanas que receberam dinheiro sem justificação do BESA.

Bruno Simão/Negócios
03 de Março de 2018 às 11:28
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Álvaro Sobrinho, ex-CEO do BES Angola (BESA), é suspeito de desviar 615 milhões de euros do banco que liderou, revela o Expresso na sua edição de hoje, com base em documentos que foram obtidos pela revista alemã Der Spiegel e partilhados com o consórcio europeu de jornalistas de investigação [EIC - European Investigative Collaborations] de que o jornal Expresso faz parte.

O empresário luso-angolano terá sido o beneficiário efectivo de três empresas angolanas que receberam de forma injustificada, do BESA, 433 milhões de dólares (352 milhões de euros). Além disso, Sobrinho terá recebido também 182 milhões de dólares (148 milhões de euros) através de duas empresas offshore, o que totaliza 615 milhões de dólares (500 milhões de euros).

Nos documentos a que o Expresso teve acesso, onde se incluem extractos bancários, e-mails e ficheiros Excel, centenas de milhares de dólares terão acabado em entidades controladas pelo antigo presidente executivo do BESA.

A fortuna pessoal de Sobrinho foi questionada durante a comissão de inquérito parlamentar ao colapso do BES, em 2014, quando a deputada bloquista Mariana Mortágua considerou o volume patrimonial do gestor incompatível com a remuneração de um alto quadro bancário. Nessa altura, Sobrinho escusou-se a responder, dizendo ser um assunto do foro pessoal.

Ainda no Parlamento, Sobrinho disse ainda ser "impossível" ter concedido créditos a entidades a si ligadas enquanto administrador do BESA, de onde foi afastado do controlo executivo em 2012.

Recorde-se que em 2013 foi detectado um buraco financeiro de 5,7 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros) no BESA. Estas imparidades encontradas no BESA acabaram por ter um impacto directo de 3 mil milhões de euros nas perdas do BES em Portugal, que foi alvo a 3 de Agosto de 2014 de uma medida de resolução aplicada pelo BdP.

Álvaro Sobrinho tornou-se em 2013 accionista do Sporting Clube de Portugal, através da conversão de créditos da sua empresa Holdimo – Participações e Investimentos em 29,8% do capital da Sporting Futebol SAD. No relatório e contas da SAD do Sporting, relativo aos primeiros seis meses da época de 2017/18, divulgado no passado dia 28 de Fevereiro, a Holdimo mantém em mãos 29,85% do capital do clube dos leões.

O ex-CEO do BESA - que começou por ser aliado de Ricardo Salgado, passando depois a inimigo e a alvo de acusações - foi proprietário dos jornais Sol e i (estes últimos investimentos através da offshore Pineview Overseas, sediada no Panamá).

O escritório de Álvaro Sobrinho nas Amoreiras foi alvo de buscas da Polícia Judiciária a 15 de Fevereiro, no âmbito da Operação Lex, depois de duas buscas anteriores pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ.

A Operação Lex investiga crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal, tráfico de influências e corrupção/recebimento indevido de vantagens. Entre os arguidos estão os juízes desembargadores Rui Rangel e Fátima Galante, Rita Figueira, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o vice-presidente do clube Fernando Tavares.


(notícia actualizada às 12:46)

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