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Administração do BCP aprova entrada dos chineses da Fosun
A comissão executiva liderada por Nuno Amado já tinha dado um parecer favorável ao investimento da Fosun no BCP. O conselho de administração deu, agora, o aval. Seguem-se novas negociações.
Segundo o comunicado emitido através do site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a administração solicitou "à comissão executiva que aprofunde as negociações, e que, logo que sejam esclarecidos os aspectos relativos às condições precedentes já identificadas no comunicado do banco datado de 30 de Julho, solicite a imediata convocação de nova reunião do conselho de administração, a qual deverá ocorrer sempre antes do final do corrente mês de Setembro".
Oficialmente, quando a intenção dos chineses foi revelada a 30 de Julho, a equipa de Nuno Amado na comissão executiva reconheceu "o interesse estratégico potencial da proposta apresentada por um investidor internacional com o perfil da Fosun e com presença relevante no mercado português – características susceptíveis de aportar um potencial de cooperação e desenvolvimento sectorial e geográfico".
Mas apesar da posição favorável da gestão e da apreciação positiva da administração, liderada por António Monteiro, ainda vão ter de haver novas negociações.
O que a administração tem de fazer
A administração do BCP tem nas suas mãos a resolução para algumas das condições que os chineses apresentaram para a entrada na instituição financeira a 30 de Julho. É ao órgão que cabe a proposta de aumento de capital que permitirá à Fosun ficar com 16,7% através da injecção de até 236 milhões de euros. O aumento de capital já não precisa de aprovação da assembleia-geral pois, em Abril, os accionistas já tinham concedido o aval a uma eventual operação deste género, sem ainda saberem do interesse da dona da Fidelidade e da Luz Saúde.
Da mesma forma, a administração também tem de avançar com uma proposta de desblindagem dos estatutos, de forma a acabar com o actual limite de direitos de voto de 20% e a sua subida para 30%. A Fosun, apesar de querer comprar já 16,7% do BCP, admitiu a possibilidade de estender a sua posição, através de aquisição de acções em mercado secundário ou de um novo aumento de capital, até aos 30%. Um investimento que, a acontecer, iria até aos 500 milhões de euros.
Outra das condições definidas pela Fosun e que está nas mãos da actual administração é o alargamento do conselho para que seja possível integrar pelo menos cinco membros ligados aos chineses.
Os restantes obstáculos já escapam à cúpula do banco: as autoridades europeias, como o Banco Central Europeu, têm de aceitar o investimento da Fosun no BCP e o Governo também tem de aprovar uma alteração ao Código de Valores Mobiliários para que o banco tenha segurança jurídica para avançar com uma fusão de acções (o chamado "reverse stock split").
(Notícia actualizada às 20:35 com mais informação)