Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

A verdade inconveniente sobre o Deutsche Bank e a elite económica alemã

Próximo do seu 150º aniversário, o Deutsche Bank enfrenta uma verdade inconveniente: o maior banco da Alemanha deixou de ser insubstituível para a elite económica do país.

25 de Novembro de 2018 às 11:00
  • ...

Das gigantescas empresas às firmas especializadas em engenharia, a fidelidade das empresas alemãs em relação ao Deutsche Bank está a perder força após anos de crises decorrentes dos esforços de imitar os bancos de investimento de Wall Street, segundo conversas com diversos executivos.

 

Depois de trabalhar durante mais de meio século com o Deutsche Bank, "sinto um verdadeiro desgosto pelo declínio desta instituição antes tão orgulhosa e confiável", disse o bilionário Reinhold Wuerth, de 83 anos, patriarca da fabricante de materiais de construção Wuerth Group. Mas estes problemas "não influenciam os nossos negócios, já que estão presentes em todos os tipos de serviços bancários disponíveis na União Europeia", disse Wuerth, uma antiga referência do famoso Mittelstand, grupo das pequenas e médias empresas do país que são a espinha dorsal da economia.

 

Essa indiferença representa um risco para o plano do CEO Christian Sewing de devolver o banco às suas raízes e apoiar o exército de exportadores do país, embora os líderes empresariais alemães anseiem por um banco doméstico forte com alcance internacional. A relevância menor do banco também serve àqueles que defendem a criação de um banco alemão mais forte através de uma fusão com o rival Commerzbank, uma combinação que está a ganhar o apoio de algumas autoridades.

 

Os comentários de Wuerth estão em sintonia com os de vários outros líderes empresariais, que pediram para não ser identificados para não comprometer as suas relações comerciais. Muitos ressalvaram a força da divisão de transacções do banco - que oferece financiamento para exportação e serviços de pagamento - como uma das principais razões para desejarem que o Deutsche Bank continue forte. Mas a maioria concordou que poderá encontrar outras instituições financeiras para preencher a lacuna se for necessário.

 

Mais do que nunca, as empresas alemãs do Mittelstand contam actualmente com um amplo leque de opções de financiamento, e mais bancos estrangeiros estão a entrarno mercado. BNP Paribas, ING Group e Goldman Sachs anunciaram recentemente intenções de aprofundar os seus laços com os "campeões ocultos" do país. Enquanto isso, a participação no mercado de empréstimos alemão recuou e o Deutsche Bank caiu para o quinto lugar. Em 2015 era o primeiro.

 

"A concorrência por clientes do Mittelstand intensificou-se na Alemanha", disse Stefan Bender, chefe de clientes comerciais do Deutsche Bank na Alemanha, numa entrevista. "É por isso que estamos a investir" para atender melhor estas empresas no país e no exterior.

 

O banco está a reforçar a sua cobertura ao Mittelstand, que estará isenta de demissões desde que Bender e a sua equipa consigam cumprir as metas de lucros. Os negócios neste segmento cresceram este ano depois de o Deutsche Bank ter ganho 4.500 novos clientes, um ponto positivo para uma instituição que divulgou o pior volume de negócios desde 2010 no terceiro trimestre.

 

Entre os clientes comerciais, a nova abordagem tem sido notada. Funcionários do Deutsche Bank realizam telefonemas frequentes e enviam convites para eventos para atrair empresas antes abertamente desdenhadas por serem pequenas demais, segundo um executivo.

 

"Tínhamos perdido o nosso foco no Mittelstand, mas recuperámo-lo", disse Bender. "Os nossos clientes sabem que podemos fazer negócios com o Mittelstand. Agora precisamos de mostrar que também queremos isso."

 

(Texto original: Deutsche Bank's Inconvenient Truth About Its Germany Inc. Ties)

Ver comentários
Saber mais Deutsche Bank banca
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio