Notícia
2012: Quando a banca privada precisou de dinheiro público
Após meses de resistência, os banqueiros tiveram de pedir ajuda pública. Quase toda a banca privada recebeu dinheiro estatal, o que ditou uma profunda reestruturação em todas as instituições. O Estado ganhou com BPI e BCP, mas perdeu no Banif.
Passavam quase 30 anos do regresso da iniciativa privada à banca quando os pioneiros desta vaga, BPI e BCP, tiveram de recorrer a dinheiro público para reforçarem a sua solidez – o Banif havia de o fazer em Janeiro de 2013. Depois de meses a garantirem que não precisavam de utilizar o bolo de 12 mil milhões de euros que a troika destinou ao sector, os banqueiros foram forçados a pedir ajuda ao Estado.
No BPI foi sobretudo o facto de as perdas potenciais na carteira de dívida pública terem penalizado os rácios que ditou o recurso a 1.500 milhões de euros públicos. No BCP também as crescentes exigências de solidez, aliadas à necessidade de limpar o balanço e reestruturar a operação, estiveram por trás de um apoio de 3.000 milhões.
No Banif, as insuficiências de capital exigiram uma ajuda de 1.100 milhões, a maior parte da qual foi concretizada através de acções, ao contrário do que aconteceu nos restantes bancos – o Estado chegou a ter mais de 90% da instituição. E também houve uma injecção de 1.600 milhões na Caixa Geral de Depósitos (CGD).
À excepção do Banif e da CGD, o apoio público traduziu-se em "empréstimos" aos bancos. O Estado subscreveu apenas instrumentos de capital contingente ("CoCos") que pagavam uma taxa de juro anual que começava nos 8% e ia aumentando ao longo do tempo. Em menos de cinco anos, o Orçamento do Estado arrecadou quase 1.300 milhões com esta remuneração. Mas havia de perder quase o triplo com a resolução do Banif, em Dezembro de 2015.
Como contrapartida pelas ajudas públicas – selo a que nem a estatal CGD escapou –, os bancos foram submetidos a processos de reestruturação monitorizados por Bruxelas. Foram dispensadas centenas de trabalhadores e encerradas dezenas de balcões. O crédito à economia caiu a pique e as imparidades atingiram dezenas de milhares de milhões de euros. Indirectamente, o Estado acabou por ser o catalisador da racionalização da banca.
No BPI foi sobretudo o facto de as perdas potenciais na carteira de dívida pública terem penalizado os rácios que ditou o recurso a 1.500 milhões de euros públicos. No BCP também as crescentes exigências de solidez, aliadas à necessidade de limpar o balanço e reestruturar a operação, estiveram por trás de um apoio de 3.000 milhões.
À excepção do Banif e da CGD, o apoio público traduziu-se em "empréstimos" aos bancos. O Estado subscreveu apenas instrumentos de capital contingente ("CoCos") que pagavam uma taxa de juro anual que começava nos 8% e ia aumentando ao longo do tempo. Em menos de cinco anos, o Orçamento do Estado arrecadou quase 1.300 milhões com esta remuneração. Mas havia de perder quase o triplo com a resolução do Banif, em Dezembro de 2015.
Como contrapartida pelas ajudas públicas – selo a que nem a estatal CGD escapou –, os bancos foram submetidos a processos de reestruturação monitorizados por Bruxelas. Foram dispensadas centenas de trabalhadores e encerradas dezenas de balcões. O crédito à economia caiu a pique e as imparidades atingiram dezenas de milhares de milhões de euros. Indirectamente, o Estado acabou por ser o catalisador da racionalização da banca.