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Trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa preocupados com "recurso abusivo" a lay-off

Funcionários ao serviço das empresas do parque industrial da Auroeuropa defendem "tratamento igual" no âmbito do lay-off e vão pedir encontro com administração da fábrica da VW em Palmela, assim como audiência com Governo.

A Autoeuropa representa mais de 70% da produção automóvel.
João Cortesão
22 de Maio de 2024 às 07:50
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Os trabalhadores do parque industrial da Autoeuropa vão solicitar uma audiência ao Governo, nomeadamente à ministra do Trabalho, para expressar "preocupação sobre o recurso abusivo à lay-off por parte das empresas", na sequência da paragens de produção previstas para junho e julho na fábrica da Volkswagen em Palmela.

A administração da fábrica da VW e a Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa (CT) alcançaram um acordo na sexta-feira que garante a totalidade do salário mensal e dos subsídios de turno durante a aplicação do lay-off num período de oito dias no mês de junho e de 13 dias no mês de julho, ma há incerteza de como as empresas fornecedoras vão reagir à paragem de produção.

A Comissão Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do parque industrial da VW Autoeuropa reuniu-se, esta terça-feira, com organizações representativas dos trabalhadores de várias empresas - nomeadamente da Autoeuropa, Rangel, VW Group Services, Faurecia, KWD, Vanpro, Palmetal e representantes sindicais do Sindel, Site Sul e Stasa - para debater a decisão da administração da Autoeuropa em aplicar lay-off, as quais entenderam que "a principal preocupação é a garantia dos salários dos trabalhadores na íntegra e dos postos de trabalho em todas as empresas do parque industrial".

Isto "mesmo havendo um enquadramento legal, para aplicação de lay-off, apresentado pela administração da Autoeuropa por motivos de ordem tecnológica para descarbonização da fábrica", refere a comissão coordenadora das CT do parque industrial, num comunicado enviado às redações.

"Consideramos imoral e abusivo banalizar-se o recurso à lay-off sendo que são fundos de todos os trabalhadores que descontam para a Segurança Social e, tendo em consideração os lucros apresentados pela Autoeuropa, não é aceitável o recurso ao dinheiro de todos", reforça.

Embora reconhecendo que a paragem decorre de uma renovação da fábrica por parte da Volkswagen, o organismo defende que "não é aceitável que, perante as paragens anunciadas, para se recuperar produção perdida, os trabalhadores sejam expostos a ritmos de trabalho que provoquem o agravamento na saúde dos trabalhadores e das doenças profissionais".

"Entendemos que por uma decisão de organização e estratégia da Autoeuropa não podem os trabalhadores serem prejudicados, devendo os trabalhadores de todas as empresas do parque industrial terem tratamento igual, cabendo à Autoeuropa defender o que está na sua carta social e, neste sentido, solicitaremos uma reunião à administração da Autoeuropa", indica.

Mais adianta que, de acordo com a decisão de cada empresa, as organizações representativas dos trabalhadores pretendem solicitar fiscalização à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) para aferir a legalidade da aplicação do mesmo, tal como solicitar audiência ao Governo, nomeadamente à ministra do Trabalho, no sentido de poderem expor a preocupação sobre o recurso abusivo ao lay-off por parte das empresas.

Entretanto, a União dos Sindicatos de Setúbal/CGTP-IN informou que vai reunir-se, esta quinta-feira, com a Segurança Social, no Centro Distrital Segurança Social de Setúbal.

"No nosso entender são, em primeiro lugar, os trabalhadores da Autoeuropa os mais penalizados e logo de seguida os restantes trabalhadores, devido ao recurso a dinheiro da Segurança Social. Entendemos que a Autoeuropa tem outras formas de compensar a paragem para a sua modernização".

"Iremos também alertar para o que poderá ser o gasto: mais de dois milhões de euros mensais da Segurança Social, num lay-off que podia e devia ser evitado, uma vez que a Autoeuropa tem outras soluções que permitem pagar aos trabalhadores sem os penalizar directa e indirectamente", refere.
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