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Mangualde troca volante à direita por fabrico de Opel
Para se proteger dos "impactos políticos e económicos" do Brexit, a fábrica portuguesa da PSA deixa de montar carros para o Reino Unido, evitando também novos investimentos e contratações para produzir o modelo Combo.
A fábrica portuguesa do grupo PSA vai deixar de produzir carros com volante do lado direito, que até agora exportava sobretudo para o Reino Unido, para se "proteger do Brexit e dos seus impactos políticos e económicos". Uma alteração que, por outro lado, torna "mais fácil adaptar a produção" da unidade ao Opel Combo.
A decisão, confirmada ao DV pelo grupo liderado por Carlos Tavares, significa que não serão necessários investimentos ou contratações adicionais para produzir em Mangualde este Opel nas variantes comercial e de passageiros – o último da marca a ser fabricado no país tinha sido na Azambuja em 2006 –, que se junta assim ao Citroën Berlingo e ao Peugeot Partner nas linhas de montagem.
Nas contas do gigante francês, que viu as vendas caírem quase 13% no primeiro semestre e que volta a colocar este carro em produção conjunta com a unidade industrial de Vigo (Espanha), o novo modelo vai pesar cerca de 12% na produção da fábrica de Mangualde, cujos trabalhadores decidiram avançar com uma greve aos sábados até ao final do ano para combater a produção extraordinária "imposta pela direção".
Como o Negócios noticiou a 15 de julho, a unidade portuguesa do grupo PSA, a segunda maior produtora automóvel do país, fabricou 38.168 veículos na primeira metade do ano, o que representa 20,7% do total nacional. A produção em Mangualde cresceu 15,6%, o que se traduz em mais cinco mil unidades, estimando terminar o ano com "setenta a oitenta mil unidades", acima das 63 mil produzidas em 2018.
Com o contributo decisivo da Autoeuropa – a fábrica de Palmela vale 76% da produção nacional –, o primeiro semestre de 2019 foi o melhor de sempre da indústria automóvel em Portugal, com 184.072 unidades produzidas, mais 19,5% face ao período homólogo, o que equivale a uma média de 1.017 veículos por dia. E para atingir a fasquia dos 300 mil veículos, que classifica um país como produtor automóvel, basta que saiam das fábricas 116 mil unidades no segundo semestre.