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Fabricantes de automóveis apostam no "carsharing"

Os grandes grupos automóveis estão a lançar plataformas e serviços de partilha de carros por todo o mundo. Lisboa começa agora a receber as primeiras iniciativas. Não faltam ideias para resolver problemas das cidades, como o trânsito e a falta de estacionamento.

Miguel Baltazar
01 de Janeiro de 2018 às 22:00
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Longe vão os tempos em que os fabricantes automóveis se limitavam a produzir. A estratégia dos grandes grupos tem sido marcada pela vontade de desenvolver carros eléctricos e/ou de condução autónoma. Contudo, o esforço de descarbonização – impulsionado pelos recentes escândalos de manipulação de emissões poluentes – não se fica por aqui.

A aposta no lançamento de plataformas de partilha de carros – ou "car-sharing" – tem-se afirmado na estratégia dos gigantes automóveis. Portugal só recentemente recebeu as primeiras iniciativas nesse sentido. Em Setembro, a DriveNow chegou ao país, com base nos veículos da BMW. "Existe uma maior predisposição para novos conceitos de serviço, mas grande parte da mudança acontece quando as pessoas se sentem seguras e com confiança em relação às novas ofertas", diz João Pais de Oliveira, responsável em Portugal.

Antes disso, a capital portuguesa já era servida pela Citydrive (empresa autónoma com carros Opel e Skoda) e pela 24/7 City, assente na empresa de aluguer de viaturas Hertz. No próximo ano, novas plataformas podem juntar-se a este panorama.

O Negócios fez uma ronda pelos grandes fabricantes automóveis para confirmar a importância do "car-sharing" na sua estratégia. O grupo PSA – dono da Peugeot, Citroën e Opel –, no âmbito do seu plano "Push to Pass", lançou em 2016 uma marca onde reúne as diferentes iniciativas para a mobilidade partilhada: Free2move. "Ao olharmos para as mudanças na utilização dos automóveis, verificamos que a partilha de veículos posiciona-se potencialmente como uma das alternativas com maior procura no momento de as pessoas se moverem pelas grandes cidades", justifica fonte oficial do grupo francês.

De França, mas do grupo Renault, vem outro dos testemunhos. Estão em curso vários projectos mas "apenas de âmbito experimental". Portugal não foge à lista, com o "Share the Future", que terminou no final de 2017. Desde Setembro que o fabricante automóvel está a testar, em Lisboa, uma plataforma de partilha de carros eléctricos, mas "ainda não existem projectos para transformar o ‘car-sharing’ num serviço global oferecido pela marca", remata fonte oficial.

De experiências também se tem feito o percurso da alemã Volkswagen. Foi feito um ensaio de partilha de carros chamado Quicar, que entretanto terminou. Foi depois lançada uma parceria com a Gett, que o grupo define como um "concorrente da Uber".

Contudo, a mobilidade partilhada não se tem limitado aos carros. E o Moia, o miniautocarro eléctrico que a Volskwagen se prepara para lançar em 2018, é prova disso. Este serviço funcionará também através de uma aplicação e permitirá que seis passageiros possam partilhar o espaço do veículo. Vem com um objectivo definido: retirar um milhão de carros das cidades. Para o arranque em Portugal, a SIVA, empresa importadora da Volkswagen, não tem datas.

Por sua vez, em alguns cidades americanas, a Ford tem a funcionar o Chariot, um serviço de transporte que permite definir rotas e paragens. Há diferentes modalidades, permitindo deslocações individuais ou de grupos. Idas para o trabalho ou para eventos são apenas exemplos. A ideia deverá chegar à Europa, concretamente a Londres, em breve.

Trânsito e poluição são preocupações que entraram na agenda dos fabricantes automóveis, reflectindo a própria sociedade que querem servir. Dados da plataforma Car2go, lançada pela Mercedes, mostram que um carro partilhado é até seis vezes mais utilizado que uma viatura privada. É uma forma de lidar com um problema de espaço numa altura em que se estima que metade da população mundial viva, até 2050, em áreas urbanas. As perspectivas para a actividade do "car-sharing" também são animadoras: em 2025 deverá ser cinco vezes superior o número de pessoas que recorrem a esta solução. 

DriveNow já olha para o Porto

A DriveNow, plataforma de "car-sharing" que resulta da parceria entre a BMW e a Brisa em Portugal, começou a operar em Lisboa em Setembro. Desde então já angariou 18 mil clientes, quase duplicando o seu objectivo inicial. "O número de registos foi bastante positivo e acima das nossas expectativas", conta João Pais de Oliveira. Apesar de ser difícil traçar um perfil, a maioria dos clientes tem entre 20 e 40 anos. Quanto aos percursos, as viagens tendem a começar na Avenida da Liberdade e na Avenida da República e avançar para áreas mais periféricas. "Ponderamos a cidade do Porto como um próximo passo, no entanto não existe ainda nada de concreto em termos de datas ou locais específicos", avança ainda o responsável da DriveNow em Portugal.

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lisboa
Na capital podem encontrar-se pelo menos três serviços de "car-sharing": DriveNow, Citydrive e 24/7 City.

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Drivenow
Desde Setembro em Lisboa, a plataforma DriveNow conseguiu atingir 18 mil utilizadores, quase o dobro do seu objectivo inicial.

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