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Escassez de "chips" pode tirar 210 mil milhões às vendas dos fabricantes automóveis
O custo da escassez de semicondutores disparou mais de 90%, antecipando-se que o impacto nas receitas dos fabricantes automóveis suba para 210 mil milhões de dólares.
Devido à crise de chips sem travão à vista, os fabricantes mundiais da indústria automóvel deverão fechar o ano com menos 7,7 milhões de veículos produzidos do que em 2020. Esta é previsão da consultora AlixPartners que reviu a estimativa face à anterior de uma redução de 3,9 milhões.
Em janeiro, a consultora tinha estimado que esta crise custaria à indústria 61 mil milhões de dólares, mas reviu os números em alta – para 110 mil milhões – em maio, colocando agora o embate na casa dos 210 mil milhões de dólares, segundo noticia a Bloomberg. E, dada a incerteza que a indústria enfrenta, não é descartada a possibilidade de novos ajustes nas previsões.
Apesar dos contínuos esforços para reforçar a cadeia de abastecimento, a disponibilidade de semicondutores tem vindo a agravar-se à medida que os construtores automóveis esgotam os stocks e outras indústrias ficam sem chips para dispensar.
"O barril está vazio, não resta mais nada para raspar", afirmou Dan Hearsch, da AlixPartners, em declarações à Bloomberg. "Daqui para a frente as vendas vão sofrer. Só não tinham sofrido antes porque havia reservas no inventário, mas já não há", reforçou.
Os produtores automóveis começaram a alertar que os problemas se estão a alastrar, podendo prejudicar os lucros do terceiro trimestre do ano. A última a fazê-lo foi a Traton SE, a unidade de camiões da Volkswagen AG.
Surtos de covid-19 têm levado ao fecho de uma série de fábricas em mercados-chave de abastecimento no Sudeste Asiático e são agora precisas 21 semanas para dar resposta às encomendas de "chips". Segundo a consultora, executivos da indústria automóvel antecipam mesmo que a escassez pode prolongar-se por anos a fio.
"Parece certamente a mais longa escassez que a indústria alguma vez assistiu até porque nem acabou", sublinhou Hearsch. "É, sem dúvida, a mais abrangente. Está e todo o lado e afeta toda a gente", enfatizou. Esta é a terceira previsão da AlixPartners desde o início do ano sobre o impacto financeiro da escassez.