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Bruxelas e Pequim vão prosseguir negociações mesmo que tarifas sobre elétricos chineses sejam aprovadas

A Comissão Europeia e o governo chinês irão continuar a tentar encontrar um acordo sobre os veículos elétricos produzidos na China ainda que venha a ser aprovada a aplicação de tarifas sobre as viaturas produzidas no gigante asiático. A votação sobre as tarifas deverá ocorrer no início de outubro.

Um em cada quatro automóveis de passageiros registados em setembro era 100% elétrico ou híbrido plug-in.
Toms Kalkins/EPA
24 de Setembro de 2024 às 18:47
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Bruxelas e Pequim vão continuar as conversações para encontrar uma alternativa à imposição de tarifas sobre os veículos elétricos "made in China" mesmo que os Estados-membros venham a aprovar nos próximos dias a aplicação das taxas, avança esta terça-feira a Bloomberg citando fontes próximas do tema.

Nesse sentido, será incluído no "draft" da legislação a ser votada uma cláusula que permite que as negociações prossigam. A votação, originalmente prevista para esta quarta-feira, 25 de setembro, deverá agora ocorrer no início de outubro, referem as mesmas fontes.

Na semana passada, após uma reunião entre o comissário europeu Valdis Dombrovskis e o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, Bruxelas indicou que ambas as partes estão a estudar um mecanismo de controlo de preços e volumes de importação para evitar a aplicação das tarifas.

Até ao momento, a Comissão Europeia rejeitou as soluções propostas pela China, com Bruxelas a reiterar que qualquer solução tem que estar de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mitigar o impacto dos subsídios e que seja passível de ser monitorizado o seu cumprimento.

Pequim classificou a intenção da UE de impor tarifas como uma medida protecionista e, num esforço de conseguir apoio de Estados-membros para a sua posição, a China tem "acenado" com potenciais maiores investimentos em fábricas de produção de veículos, nomeadamente em países como Espanha e Hungria. Mas, por outro lado, Pequim ameaça também com a imposição de tarifas retaliatórias em produtos como laticínios, brandy, carne de porco e outros produtos.

Apesar de Bruxelas estar confiante de que a proposta de tarifas conta com apoios suficientes, mesmo após o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, já se ter manifestado contra este mecanismo e a Alemanha ter vindo a pressionar para que seja alcançado um acordo com Pequim.

"Não sou fã de tarifas porque provavelmente irão conduzir a contramedidas e envolver-nos numa disputa tarifária, talvez mesmo uma guerra comercial, com a China", afirmou o ministo alemão da Economia, Robert Habeck, na segunda-feira. "Estou a trabalhar em encontrar uma solução política que não nos conduza a uma guerra de tarifas com a China", acrescentou. 

Segundo as fontes ouvidas pela Bloomberg, Berlim inclina-se para uma abstenção na votação das tarifas. 

Entre os Estados-membros existe o receio de que caso a proposta seja rejeitada a credibilidade da UE na política comercial com a China seja minada, podendo também enfraquecer a credibilidade nas relações com os EUA, particularmente se o próximo presidente da maior economia mundial for Donald Trump.

A favor das tarifas já se declararam, entre outros, Itália e Dinamarca.

Em causa estão tarifas que poderão ascender a 35% e que entrarão em vigor em novembro e durante um período de cinco anos. Para que a proposta seja rejeitada é necessário que uma maioria qualificada - 15 Estados-membros que representem 65% da população da UE - "chumbe" a legislação.

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