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Rui Paredes é o novo presidente da Casa do Douro, que quer fazer renascer das cinzas
Diretor da Adega Cooperativa de Favaios venceu por 85 votos as primeiras depois da restauração daquele organismo, pelo parlamento, como associação pública de inscrição obrigatória.
O presidente eleito para a direção da Casa do Douro, Rui Paredes, disse este domingo que começa agora a empreitada de fazer renascer das cinzas a restaurada associação pública de inscrição obrigatória.
"Até ao dia de ontem [sábado] era a parte mais fácil, a parte mais difícil é agora e a partir daqui vamos precisar de todos para esta empreitada que é fazer renascer das cinzas a Casa do Douro", afirmou Rui Paredes à Lusa.
No sábado realizaram-se as eleições para a direção e conselho regional da Casa do Douro, as primeiras depois da sua restauração, pelo parlamento, como associação pública de inscrição obrigatória.
A instituição, com sede no Peso da Régua, Vila Real, tem como missão defender os viticultores e a viticultura duriense.
Segundo os dados provisórios, a lista B de Rui Paredes obteve 1.509 votos e a lista A de Manuela Alves 1.424.
Os dados não contemplam a votação na mesa de voto de Freixiel, Vila Flor, cujos resultados, segundo adiantou uma fonte das candidaturas, foram 21 para a lista A e 2 para a lista B.
Rui Paredes tem 57 anos, é gestor, viticultor, diretor da Adega Cooperativa de Favaios, presidente da Federação Renovação do Douro e é vice-presidente do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).
O presidente eleito mostrou-se muito satisfeito com a vitória, que disse ser o resultado do trabalho de uma equipa "que disponibilizou o seu tempo e a sua competência em prol do Douro".
Rui Paredes deixou ainda uma palavra de apreço à outra candidatura, liderada pela também viticultora Manuela Alves, de 66 anos.
"Com as duas listas pudemos, pelo menos, agitar um pouco mais as águas e trazer mais gente para o debate", realçou.
As eleições ficaram marcadas pela abstenção.
Os viticultores/eleitores inscritos eram 18.655 e o número de votos contabilizados para as duas listas, de acordo com os dados provisórios, é de 2.933, a que se somam mais 84 votos em branco e 102 nulos, faltando os dados da assembleia de voto de Freixiel.
"Independentemente de ser muita ou pouca gente, foi a que foi votar", afirmou, salientando que é também preciso "reganhar a confiança dos viticultores".
Porque, acrescentou, "todos estes avanços e recuos da Casa do Douro, fizeram com que pessoas desmobilizassem, não sentissem o chamamento para a votação".
"Mas isto foi crónico ao longo dos anos, nas eleições no passado a abstenção também era muito elevada", apontou.
Criada em 1932, a organização viu alterados os estatutos para associação privada de inscrição voluntária em 2014 e, dez anos depois, volta a ter uma dimensão pública.
O processo eleitoral foi criticado pelos candidatos, que se queixaram da falta de divulgação do sufrágio e de empenho da comissão eleitoral e da data marcada, num sábado de dezembro, um dia de trabalho para os agricultores e em vésperas de Natal.
Contactada pela Lusa, Manuela Alves disse que os resultados obtidos demonstraram que "foi difícil chegar a todos os viticultores". "Não tivemos por trás nenhum organismo que tivesse contribuído para essa divulgação. Nós vamos esperar serenamente pela publicação dos resultados oficiais e depois analisaremos com todo o cuidado e iremos ver de que forma é que vamos encarar isto e como é que os vamos interpretar para, depois, agir em conformidade", salientou.
A candidata afirmou que os viticultores estão desesperados com a crise que se vive no Douro."Não foi fácil chegar a todos, faltaram-nos meios (...). Sentimos que estava muita gente contra o processo e achamos muito inoportuno e de mau gosto que adegas cooperativas tenham utilizado as suas bases de dados para apelar diretamente ao voto", referiu ainda.
Em simultâneo os viticultores elegeram o conselho regional, com a lista A a obter 1.224 votos, a lista B 1.113 e a lista C 589 votos. Os resultados definitivos têm de ser afixados até ao dia 31. O mandato é de três anos e a direção eleita tomará posse, em princípio, em janeiro.