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Seca contribuiu para a segunda pior campanha de cereais dos últimos 100 anos

Previsões agrícolas esta quinta-feira divulgadas pelo INE apontam que a maior parte das áreas colhidas apresentam quebras de produção: 30% no trigo mole, triticale e cevada, 25% na aveia e 15% no trigo duro e centeio.

18 de Agosto de 2022 às 12:39
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A atual campanha de cereais deverá ser a segunda pior desde que existem registos sistemáticos, apenas superior à produção de 2012 e próxima da de 2005. As previsões agrícolas, referentes aos últimos dias do mês de julho de 2022 e esta quinta-feira divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), "apontam para uma campanha cerealífera fortemente marcada pela seca severa a extrema que acompanhou grande parte do ciclo vegetativo dos cereais de inverno", destaca o instituto português.

Embora existam searas com produtividades e qualidade aceitáveis, o INE afirma que a maior parte das áreas colhidas apresentam quebras de produção na ordem dos 30% no trigo mole, triticale e cevada, 25% na aveia e 15% no trigo duro e centeio.

Também a batata foi afetada pela seca e pelas temperaturas muito elevadas que inibiram a tuberização, verificando-se decréscimos de produtividade, bem como dificuldades de comercialização. Contudo, apesar da escalada dos preços dos meios de produção e da escassez de água de rega que, em muitos regadios privados, tem condicionado a frequência e dotação de rega, "o cenário nas culturas de primavera não é tão negativo, prevendo-se um aumento de 5% da área de milho e a manutenção da produtividade no arroz e tomate para a indústria, face ao ano anterior", realça o INE. 

O instituto refere que julho caraterizou-se, em termos meteorológicos, como extremamente quente e muito seco, trantando-se do julho mais quente desde 1931. Em média, a temperatura foi de 25,1°C, 3°C superior à normal.

"Este cenário posiciona o ano hidrológico 2021/22 como o segundo menos chuvoso desde 1931, apenas acima de 2004/05", denota ainda.

As condições meteorológicas e hidrológicas, sustenta o INE, condicionaram os trabalhos agrícolas da época, principalmente no período em que vigorou a situação de alerta e de contingência devido aos incêndios. Contudo, não impediram a sua realização e conclusão.

Ainda assim, apesar da conjuntura desfavorável, a campanha do milho "decorre com relativa normalidade". A subida da cotação do milho nos mercados internacionais de commodities e o potencial efeito da Portaria 131/20227, que estabelece um regime excecional e temporário aplicável ao pagamento por práticas agrícolas benéficas para o clima e para o ambiente, fatores que poderiam desencadear um maior interesse por esta cultura, "foram atenuados pelo impacto significativo do aumento dos preços dos meios de produção, sobretudo dos fertilizantes, energia e combustíveis, e da previsível escassez dos recursos hídricos, estimando-se um aumento de 5% na área semeada, para os 78 mil hectares".

Também a cultura do arroz decorre com normalidade, tendo, segundo o INE, beneficiado do tempo quente.


Volume nas albufeiras abaixo dos 60%

O volume de água armazenado nas principais albufeiras com aproveitamento hidroagrícola de Portugal continental encontrava-se a 59% da capacidade total em julho de 2022. Um valor inferior ao registado no final de junho, em que a percentagem era de 64% e muito inferior ao valor médio de 1990/91 a 2020/21 (71%), aponta o instituto nacional.
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