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Rendimento da atividade agrícola deve crescer 14,7% em 2024 à boleia dos subsídios

Aumento expressivo de subsídios à produção propicia aumento do rendimento da atividade agrícola a dois digítos em 2024. Dados do INE apontam, porém, para uma diminuição da importância relativa da agricultura na economia nacional de 1,9%, para 1,8%

Reuters
10 de Dezembro de 2024 às 11:45
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O rendimento da atividade agrícola deverá aumentar pelo segundo ano consecutivo, depois da queda sem paralelo numa década sofrida em 2022, revelam dados publicados, esta terça-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura para 2024, em concreto, o rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano, deverá aumentar 14,7%, como consequência do "forte crescimento esperado" de outros subsídios à produção a pagar em 2024 (mais do dobro face a 2023), uma vez que se perspetiva um aumento apenas ligeiro do Valor Acrescentado Bruto (1%).

Os dados apontam que em 2024, o total de ajudas, classificadas como subsídios, pagos ao produtor agrícola, deve registar um aumento pronunciado (94,2%), após um decréscimo de 33,3% em 2023, segundo informação disponibilizada pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP). De acordo com o INE, a transição para o novo Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC, 2023-2027) intensificou o apoio aos produtores este ano, prevendo-se, em particular, um aumento mais expressivo dos outros subsídios à produção (128,4%).

A ligeira variação nominal negativa da produção do ramo agrícola (-0,5%), conjugada com um decréscimo mais acentuado do consumo intermédio (-1,3%), concorreu para o aumento do VAB em valor (1,0%).

Segundo explica o INE, a evolução nominal negativa prevista para a produção vegetal (-1,4%) resulta de um acréscimo em volume de 5,1% e de uma redução dos preços de base (-6,2%). Os vegetais e produtos hortícolas, as plantas forrageiras e o azeite foram determinantes para este decréscimo nominal.

Já as estimativas de produção de cereais apontam para um aumento em volume (10,5%), para o que contribuiu a generalidade dos cereais, à exceção do milho (-14,8%). As condições meteorológicas foram favoráveis às culturas cerealíferas de outono/inverno de sequeiro, após duas campanhas fortemente marcadas pela seca, sendo que os preços de base terão aumentado 2,5%.

As plantas industriais deverão registar um aumento da produção em valor (19,6%), principalmente devido ao crescimento dos preços em 22,7%. O aumento foi relativamente generalizado, com destaque para as proteaginosas e cana-de-açúcar. Em sentido inverso, no caso do girassol, o ano não propiciou uma boa produção, pelo que se preveem decréscimos do volume e do preço (-20,4% e -2,2%, respetivamente).

Nas plantas forrageiras estima-se um acréscimo em volume (9,6%), em consequência das condições climatéricas, que permitiram uma produção abundante de pastagem. Os preços diminuíram (-30,5%), após um aumento de 29,8% em 2023. Para os vegetais e produtos hortícolas prevê-se um aumento em volume (8,1%), que reflete, sobretudo, a evolução dos hortícolas frescos, nos quais se destaca o tomate para indústria, cuja produção deverá aumentar 3,5% devido ao alargamento da área cultivada em 5%, uma vez que a produtividade e qualidade diminuíram. A redução do preço dos vegetais e produtos hortícolas (-9,4%) deve-se fundamentalmente aos hortícolas frescos (-14,2%), os quais tinham encarecido 23,2% em 2023.

Israel "mexe" com volumes da produção animal

No que toca à pecuária, as estimativas do INE apontam para um aumento da produção animal em volume (3,6%) e uma diminuição dos preços de base (-3,5%), resultando numa estabilização do valor. No caso dos bovinos antecipa-se um acréscimo em volume face a 2023 (5,3%), devido ao aumento do abate de bovinos adultos, o que estará relacionado com perturbações de exportações de animais vivos para Israel, decorrentes de razões sanitárias e bélicas, tendo, por isso, aumentado o abate destes animais em Portugal. O preço de base deverá ser semelhante ao de 2023.

Relativamente aos suínos, estima-se uma subida em volume (5,2%), em resultado de um aumento no abate de porcos de engorda, sendo que os preços de base deverão ser inferiores aos registados em 2023 (-6,8%). Quanto aos ovinos e caprinos, perspetiva-se um acréscimo da produção em volume (15,0%), em função dos abates em peso limpo face a 2023, o que se deve às mesmas perturbações ao nível das exportações verificadas com os bovinos, indica o INE. Os preços de base são bastante superiores aos do ano transato (20,6%), como consequência do aumento dos montantes pagos classificados como subsídios ao produto.

Para as aves de capoeira prevê-se um aumento do volume (5,5%), fundamentalmente devido a uma maior produção de frango e de peru (produção particularmente afetada por problemas sanitários em 2023) e uma diminuição dos preços (-2,9%).

Já em relação à produção de leite são estimados decréscimos em volume (-0,9%) e, mais acentuadamente, em preço (-7,5%), isto depois de em 2023 ter tido um aumento de de 17%.

Comparando os índices de preços da produção e do consumo intermédio, o INE refere ser possível concluir que a situação favorável à atividade agrícola em 2023 deixou de ser observada em 2024, perspetivando-se um decréscimo dos preços da produção (-4,7%) mais pronunciado do que do consumo intermédio (-3,7%). Além disso, em 2024, o VAB do ramo agrícola deverá aumentar 1% em termos nominais e 7,9% em termos reais, pelo que a sua importância relativa na economia nacional deverá decrescer de 1,9%, para 1,8%.

Peso do VAB acima da média da UE, rendimento abaixo

Comparando o peso do VAB do ramo agrícola no VAB nacional nos Estados-Membros da União Europeia, constata-se que, entre os triénios 2005-2007 e 2021-2023, o peso relativo da agricultura no total da economia diminuiu em Portugal, mantendo-se ligeiramente acima do bloco (1,8% versus 1,6%), mas abaixo de Itália, Espanha e Grécia (com 2,1%, 2,5% e 3,5%, respetivamente).

o rendimento da atividade agrícola em Portugal evoluiu de forma menos favorável do que a média dos 27 (56,8% versus 75,3%) entre os triénios de 2005-2007 e 2021-2023, posicionando-se como o 11.º crescimento mais elevado na UE.

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