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Portugal deve ter a maior produção de azeite dos últimos 50 anos

As previsões agrícolas do INE apontam para uma campanha histórica na produção de azeitona. No ano passado, a azeitona para azeite atingiu 765 mil toneladas, um valor 75% acima do que foi registado em 2014 e o terceiro mais alto dos últimos 75 anos.

Bruno Simões brunosimoes@negocios.pt 17 de Fevereiro de 2016 às 11:34

A produção de azeitona para azeite atingiu, no ano passado, valores históricos. Segundo as previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgadas esta quarta-feira, em 2015 foram produzidas 765 mil toneladas de azeitonas com a finalidade de serem transformadas em azeite. É o valor mais alto dos últimos 50 anos, indica o INE. E nos últimos 75 anos, só noutras duas ocasiões – uma nos anos 1950 e outra nos anos 1960 – é que a produção de azeitona para azeite foi mais alta.

Uma vez que esta azeitona é produzida apenas com a finalidade de produzir azeite, é expectável que a produção de azeite atinja igualmente valores históricos. A campanha de apanha de azeitona começou em Novembro e já terminou, e os frutos ainda estão a ser transformados em azeite nos lagares. A produção desta azeitona em 2015 foi 75% superior à registada em 2014 (438 toneladas), que foi considerada pouco produtiva.

 

De acordo com o INE, este resultado só foi possível devido aos novos olivais intensivos, instalados "principalmente no sul do país", que não foram afectados pela falta de chuva porque são regados, ao contrário do que acontece nos olivais tradicionais de sequeiro. Por isso, o aumento da produção "não foi regionalmente uniforme", tendo sido menor nas regiões do interior Norte e Centro e bem maior no sul, em especial no Alentejo, que reestruturou o sistema produtivo da azeitona, passando a olival intensivo.

 

Mais azeite e de maior qualidade

 

O facto de a produção ter sido concentrada nos olivais intensivos ("plantados com variedades muito produtivas e equipados com sistemas de rega", explica o INE) permitiu ainda que a "pressão de doenças criptogâmicas" fosse "relativamente reduzida", o que permitiu que os olivais regados "pudessem alcançar todo o seu potencial produtivo". Por isso se prevê "a melhor campanha das últimas cinco décadas".

 

Além disso, em regra, "as azeitonas chegaram aos lagares em boas condições sanitárias, o que tem permitido a produção de azeites com baixa acidez e boas características organolépticas". Ou seja, a produção de azeite deverá atingir níveis históricos e com um nível de qualidade elevado.

 

A alavancar a histórica produção que o INE prevê para 2015 está ainda a melhor gestão dos olivais, que se traduz em "podas menos severas, tratamentos fitossanitários adequados e apanha da azeitona menos penalizadora dos anos posteriores".

 

Tudo isto permitiu "alavancar a produção oleícola nacional para valores que rivalizam com os alcançados em meados do século passado", assinala o INE.

Portugal é o quarto maior exportador mundial de azeite, numa tabela que é liderada pela Tunísia. Segundo o Financial Times, devido à baixa produção de Itália – a mais baixa dos últimos 25 anos – os preços do azeite estão a subir em média 20% na Europa.

Produção de aveia aumenta 25%

 

As temperaturas amenas do Inverno que ainda está em curso permitiram "boas germinações das searas de cereais", que apresentam "bom desenvolvimento vegetativo" e estão na sua maioria "na fase final de afilhamento". Apesar de algumas searas não terem feito "mondas de pré-emergência" (ou terem-nas feito mal), o que levou ao aparecimento de "infestantes", a produção de aveia deverá subir 25% este ano face a 2015, prossegue o INE.

 

As temperaturas registadas evitaram a formação de geadas e a formação de "altos teores de humidade no solo" e beneficiaram os prados, pastagens e culturas, que apresentam um "bom desenvolvimento vegetativo e disponibilidade significativa de massa verde".

 

A temperatura média de Janeiro, de 10,8º Celsius, foi a mais alta dos últimos 50 anos, "quase 2º C acima da normal (1971-2000)", destaca o INE. Adicionalmente, "registaram-se valores de precipitação acima da média em praticamente todo o território continental", em especial a norte do maciço Montejunto-Estrela, onde choveu "mais do dobro" do que é habitual.

 

Estas condições não tiveram "impactos significativos" nos trabalhos agrícolas, mas obrigaram a adiar a apanha da azeitona e as podas no Norte e a adiar a sementeira de cevada para Fevereiro. As altas temperaturas estão a provocar uma "antecipação dos ciclos culturais" em algumas fruteiras e vinhas, o que, diz o INE, está a preocupar os fruticultores.



Notícia actualizada com mais informação às 12:19

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