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Fenareg "apreensiva" com preço da água no Alqueva apesar de travão ao aumento

Organização critica "falta de diálogo" do Ministério da Agricultura, sublinhando que o preço da água não pode ser anunciado a meio de uma campanha de rega com os investimentos já realizados e muitas das culturas implementadas.

16 de Maio de 2023 às 16:03
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A Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg) considera "contraditória" a decisão do Governo de aumentar a tarifa da água do Alqueva já que terá "reflexo direto nos preços dos alimentos" ao mesmo tempo que anuncia apoios aos agricultores para evitar que subam.

O Governo anunciou, na semana passada, que o preço da água do Alqueva destinada a regadio vai aumentar 24%, depois de ter decididido limitar a atualização do tarifário que, ao abrigo da fórmula anteriormente prevista, devia subir mais do dobro (140%), mas os regantes manifestam-se "apreensivos" mesmo com o travão à atualização.

Esta decisão de aumentar o preço da água - que na versão da Fenareg pode atingir 30% - "é encarada como contraditória, pois não se compreende o facto de, por um lado, serem anunciados apoios aos agricultores para controlar a subida do preço dos alimentos e, pelo outro, subir 30% um fator que é decisivo para a sua produção, que terá diretamente reflexo no preço dos alimentos e consequentes impactos negativos ao nível social", diz a Fenareg, que conta com 31 associados que representam mais de 28 mil agricultores regantes, que significa mais de 97% do regadio organizado nacional.

Ainda assim, o facto de o aumento ser aplicável apenas por um ano, sendo posteriormente aplicado o valor anterior (2022) e a possibilidade de uma redução de preço deixa "algum esperança para o futuro", embora até lá - reforça a Fenareg - seja  "necessário que a tutela reveja e ajuste parâmetros como a energia".

"Não podem ser os agricultores os únicos responsáveis pelo equilíbrio financeiro da EDIA", assinala o presidente da Fenareg, José Núncio, citado num comunicado enviado às redações, argumentando a propósito dos custos de energia que "aquando da constituição do EFMA [Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva], foi financiada pelos fundos agrícolas uma central hidroelétrica para viabilizar o aproveitamento que, mais tarde, o Governo de Sócrates vendeu à EDP para equilíbrio do défice nacional".

"É urgente uma renegociação do preço da energia e/ou a reversão dos direitos de concessão da central hidroelétrica, com o Estado, a continuar entretanto, a garantir a viabilidade da EDIA", frisou.

Para a Fenareg, em termos globais, há desde logo "falta de diálogo do Ministério da Agricultura".


"O preço da água não pode ser anunciado a meio de uma campanha de rega, quando os investimentos já estão realizados e muitas das culturas já implementadas", diz, sinalizando outro aspeto "menos positivo": "o facto do racional económico utilizado, para definição do preço da água, contemplar apenas critérios contabilísticos, não integrando valores mais nobres de natureza económica, social e ambiental".

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