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Agricultor espanhol teve de doar 100 mil kg de melancias e arrisca ter de fazer o mesmo com pepinos

Sem espaço nas prateleiras do mercado espanhol para as suas frutas e vegetais, agricultor denuncia que as cadeias de supermercados preferem trazer produtos de fora de Espanha, designadamente de Marrocos, a um menor custo. No entanto, aos preços a que são vendidos, são cada vez mais bens de "luxo".

Produtos alimentares estão com um perfil ascendente significativo, mas inflação já está a ser sustentada por categorias menos voláteis.
Pedro Catarino
18 de Junho de 2023 às 00:00
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Um agricultor de Granada que teve de doar 100 mil quilos de melancias para não apodrecerem porque ninguém as quis comprar veio dizer agora que arrisca ter de fazer o mesmo com os seus pepinos, denunciando que as cadeias de supermercados preferem trazê-los de fora de Espanha, designadamente de Marrocos, a um menor custo.

Manuel Puertas protagonizou uma série de vídeos que se tornaram virais nas redes sociais a dar conta do destino das melancias que plantou, que foram fruto de um investimento na ordem dos 30 mil euros e de muitas horas de trabalho, de acordo com as entrevistas que concedeu à imprensa espanhola, citadas designadamente pelo El Mundo e pelo La Vanguardia.

Perante a impossibilidade de colocar as melancias que produziu nas prateleiras no mercado espanhol, dominado pelas de origem marroquina, e para não as desperdiçar, o agricultor optou então por as oferecer, com muita gente a acudir à exploração para levar quilos da fruta carregados em camiões, pela qual deram 100 ou 200 euros em troca.

Esta quarta-feira, Manuel Puertas voltou a denunciar a mesma situação, desta feita com pepinos. "O problema é que ninguém os quer e vão-se estragar. Dizem-me que nos próximos cinco dias o pepino não tem mercado, pelo que vamos acabar a cortar os que já estão bons e a deitá-los fora", lamentou, em declarações à rádio Agro Difusión, citadas pelo El Mundo.

"Senhor [ministro da Agricultura, Luis] Planas, onde está a lei que diz que não podemos vender abaixo do custo de produção?", atirou, de forma retórica.

Questionado sobre o valor a que se vendem e sobre o preço que oferecem, dado que no supermercado mais próximo custam 2,40 euros o quilo, segundo o El Mundo, Puertas respondeu "entre 10 e 11 cêntimos o quilo".

"Quem é que tira essas margens e por que razão estão tão caros?", indagou o locutor na mesma entrevista. "Não sei", replicou o agricultor, antes de concluir que, "com esses preços, a fruta e os vegetais vão ser artigos de cinco estrelas". "Comê-los vai ser um luxo", rematou.
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