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Governo volta a aumentar capital da gestora do Alqueva
O valor subscrito ou convertido pelo Estado no capital da gestora da barragem já totaliza 40,96 milhões de euros nos sete meses desde o início do ano. É três vezes mais que o valor injectado em todo o ano passado.
A Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), que constrói e explora as infra-estruturas ligadas à barragem do Alqueva, voltou a reforçar o seu capital, desta vez em quase 13 milhões de euros.
De acordo com um comunicado enviado esta quarta-feira, 20 de Julho, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) o aumento de capital de 12.870.475,00 euros foi decidido em 11 de Julho passado "por deliberação social unânime". A decisão leva o Estado português, dono do empreendimento, a injectar aqueles 12,87 milhões de euros através da emissão de 2.574.095 novas acções, no valor de cinco euros cada.
Segundo os dados que constam do site da CMVM, é a quarta vez este ano que o capital da EDIA é reforçado. Em 15 de Janeiro a empresa comunicou uma injecção de 7,12 milhões de euros; a 18 de Março mais 3,61 milhões de euros; e a 23 de Junho o serviço da dívida vencido foi convertido em 17,36 milhões de euros de novo capital. No total, o capital da empresa recebeu 40,96 milhões de euros no que vai deste ano.
A EDIA fechou 2015 com prejuízos de 10,903 milhões de euros, que comparam com lucros de 5,978 milhões um ano antes. De acordo com o relatório e contas da sociedade, "o resultado líquido do exercício foi muito condicionado por uma imparidade dos investimentos, resultante da aplicação dos adiantamentos de fundos comunitários contabilizados no exercício anterior".
Em 2015 a empresa contabilizou uma imparidade de 7,77 milhões de euros relativa ao negócio água e registou provisões de 5,07 milhões de euros. As contas de 2014 tinham ficado marcadas pela reversão de imparidades das contas, no valor de 11,89 milhões de euros.
No final do ano passado o capital social da empresa ascendia a 407,97 milhões de euros e o capital próprio negativo a 461,15 milhões de euros.
Segundo o mesmo relatório, o investimento público associado ao Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva, gerido pela EDIA, "totalizará cerca de 2.500 milhões de euros, cobrindo uma área de influência de 10.000km2 em 20 concelhos alentejanos."
No início do mês o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, afirmou no Parlamento que as verbas do Plano de Desenvolvimento Rural 2020 para financiar o regadio já não têm "margem" para concluir o Alqueva, pelo que será essencial o financiamento por parte do Banco Europeu de Investimento (BEI), com o qual o Governo já iniciou negociações.