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Portugal foi o segundo país da OCDE que mais reduziu horas trabalhadas entre os menos qualificados

Relatório da OCDE chama a atenção para os impactos desiguais da pandemia e revela dados que mostram que em Portugal essa desigualdade foi particularmente acentuada.

João Miguel Rodrigues
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Portugal foi o segundo país da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) onde a redução de horas de trabalho nos empregos mal pagos e pouco qualificados foi mais acentuada, chegando aos 49,6% durante o primeiro confinamento, no segundo trimestre do ano passado.

Foi também o segundo país, a seguir à Irlanda, com maior diferença na redução de horas trabalhadas entre o grupo que tem mais baixos salários (-49,6%) e o grupo que tem os salários mais altos (-13%), revelam os dados apresentados no relatório Employment Outlook da OCDE.

 

A redução de horas trabalhadas nos empregos menos bem pagos e menos qualificados durante o primeiro impacto da pandemia chegou aos 49,6% em Portugal, o que compara com a redução média de 28% nos países da OCDE.

"A natureza altamente setorial da crise implicou que alguns trabalhadores carregassem o maior fardo da crise, enquanto outros não só sofreram menos mas beneficiaram mais rapidamente da recuperação. Em trabalhos com salários baixos, quando a crise da covid-19 surgiu, as horas trabalhadas caíram 28% na OCDE – 18 pontos percentuais abaixo do que a queda observada entre profissões de salários elevados".

"Em países como Portugal e Espanha estas profissões de baixos salários caíram cerca de 40% em comparação com o ano anterior", lê-se no relatório. No caso específico de Portugal a quebra chegou aos 49,6%. Assim, se na OCDE a diferença na quebra de horas trabalhadas foi em média de 18 pontos percentuais, em Portugal foi de 36 pontos, a segunda mais elevada dos 31 países analisados (a seguir à Irlanda).



Ao Negócios, fonte oficial da entidade sediada em Paris esclareceu que na categoria de baixos salários se incluem essencialmente pessoas dos serviços, do comércio, e de profissões pouco qualificadas. Na de altos salários estão os executivos, os gestores, os legisladores mas também outros profissionais qualificados, como médicos ou advogados.

Para este cálculo a OCDE considera a destruição de emprego e a redução de horas efetivamente trabalhadas.

Sublinhando que de uma forma geral as horas não trabalhadas ainda não recuperaram para níveis pré-pandemia, os autores mostram-se preocupados com o desemprego entre os jovens ou de longa duração e olham de forma cautelosa para a recuperação do emprego, sobretudo nalguns setores.

"O saldo final da destruição líquida de emprego vai provavelmente depender não apenas das restrições [da pandemia] mas também das expectativas e das mudanças de longo prazo da procura dos consumidores e da tecnologia".

Com as reestruturações das empresas a acelerar as tendências da automatização, digitalização e procura crescente de profissionais das áreas da saúde e da economia verde, a OCDE recomenda que os governos invistam em formação e que considerem apoios à contratação que passem, por exemplo, por reduções na taxa social única.

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