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Estudo europeu conclui que população idosa portuguesa é pouco saudável

A população idosa portuguesa tem baixos níveis de saúde, em comparação com a de outros países europeus, de acordo com "o maior estudo" sobre envelhecimento realizado na Europa e hoje divulgado pela Universidade de Coimbra (UC).

Reuters
16 de Julho de 2018 às 10:41
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Os resultados preliminares de DO-HEALTH, o maior estudo europeu sobre envelhecimento, que procura formas de melhorar a saúde dos idosos com mais de 70 anos, concluem que, "à primeira visita clínica", "51% dos idosos são considerados saudáveis na Suíça, na Áustria, 58%, na Alemanha, 38%, em França, 37%, e, em Portugal, apenas 9%", afirma a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

 

Globalmente, 42% dos 2.157 participantes no estudo foram "considerados idosos saudáveis", de acordo com a mesma pesquisa, que envolve mais de meia centena de investigadores de sete centros universitários da Alemanha, da Áustria, de França, de Portugal e da Suíça. A participação portuguesa é assegurada por um grupo de investigadores da Clínica Universitária de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), liderado por José António Pereira da Silva.

 

Os investigadores do projecto, que foi iniciado em 2012 e é coordenado por Heike Bischoff-Ferrari, professora da Universidade de Zurique, consideram "idosos saudáveis os seniores que não apresentam doenças crónicas e têm uma boa saúde física e mental".

 

Ao longo de três anos de ensaio clínico foi pedido aos participantes que cumprissem, "três vezes por semana, um plano de exercício simples em casa e tomassem diariamente suplementação de vitamina D e/ou ácidos gordos ómega 3 e/ou placebo", para avaliar o efeito da vitamina D, do ómega 3 e do exercício físico na saúde cognitiva e física dos idosos.

 

Os dados recolhidos vão ser "analisados de forma a determinar os efeitos destas três intervenções em cinco principais dimensões: risco de fractura, função muscular dos membros inferiores, função cognitiva, tensão arterial e taxa de infecções", de modo a que a informação obtida permita desenhar "estratégias que possibilitem aos mais velhos terem uma vida mais activa e saudável", explicita José António Pereira da Silva.

 

Sobre o facto de Portugal apresentar níveis de saúde inferiores aos observados nos outros seis centros participantes, o docente e investigador da FMUC afirma, citado pela UC, que estes resultados não "surpreendem, mas preocupam".

 

"Temos os idosos menos saudáveis a todos os níveis, cognitivo e físico. É, sem dúvida, um problema relevante de saúde pública", sublinha.

 

Quanto a possíveis causas, embora ainda não tenham sido devidamente avaliadas no estudo, José António Pereira da Silva acredita que "há a considerar todo um conjunto de recursos sociais com efeito na saúde dos idosos, que vão desde o valor das pensões até à facilidade de acesso à saúde. Há ainda um factor que eu presumo ser muito determinante, que é o nível educacional".

 

Na opinião do especialista, a título pessoal, "há alguns sinais preocupantes em Portugal do ponto de vista do serviço de saúde".

 

"Por um lado, vai diminuindo a acessibilidade aos serviços públicos -- por exemplo, a redução do acesso aos transportes de doentes -- e, por outro, uma aposta que me parece deliberada dos partidos do arco de governação na medicina privada".

 

A qualidade do Serviço Nacional de Saúde, reconhecida a nível internacional, "é excelente por comparação com o custo que ele tem", salienta José António Pereira da Silva.

 

"Para as pessoas mais carenciadas, e muitos dos nossos idosos estão inseridos neste grupo, este movimento não pode deixar de ser pernicioso, porque a maior parte dessas pessoas não pode pagar cuidados de saúde privados", sustenta.

 

Para a implementação do DO-HEALTH em Portugal foi criado um centro dedicado na FMUC, que implicou um financiamento da UC na ordem dos 200 mil euros, representando no total, com a contribuição da União Europeia, um orçamento de mais de 800 mil euros, refere na mesma nota, adiantando que o total do DO-HEALTH foi de 17,6 milhões de euros.

 

A equipa da UC, constituída por três enfermeiros, quatro médicos, dois fisioterapeutas e uma farmacêutica, recrutou e seguiu 301 idosos da região de Coimbra, que perfizeram três consultas anuais e nove contactos telefónicos trimestrais.

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