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A noite em que o professor foi aluno e até aceitou embevecido os 14 valores

Marcelo foi à RTP3 para ouvir Tino de Rans e saiu de lá com lições sobre populismos, direita e esquerda e uma nota mediana como Presidente.

Pedro Pina/RTP
08 de Janeiro de 2021 às 00:24
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A hesitação da pivô da RTP3 logo a seguir ao "debate" entre Marcelo Rebelo de Sousa e Vitorino Silva ajuda bem a definir o tom: apesar do nome oficial, a meia-hora que os dois candidatos presidenciais apresentaram no serão desta quinta-feira, 7, foi tudo menos um debate. A pivô chamou-lhe "troca de ideias".

 

Marcelo - às tantas de mão no queixo, cotovelo na mesa - parecia antes embevecido com a aprendizagem, preocupado porque falara em demasia e queria ouvir o "verdadeiro comentador", o "analista político", como definiu Vitorino Silva. Recordou com "saudade" o debate entre ambos há cinco anos, quando também se candidataram a Belém. Tino de Rans por seu lado definiu-se e a Marcelo como os "dois muito carismáticos" candidatos a estas eleições. 

Carlos Daniel (moderador): Que nota dava ao mandato do Presidente da República?
Vitorino Silva: Avaliação positiva. Eu se fosse professor, comentador, não tinha problema nenhum em dar nota positiva. Dava 14. E o que é que o comentador Marcelo dava ao Presidente Marcelo?

O ardiloso comentador-Presidente não caiu na rasteira e foi político -- tal como o foi ao anunciar a hipótese de um confinamento nos próximos dias, a sua dúvida sobre se deveria ter mudado a data das Presidenciais e também que o seu objetivo sempre foi fazer só um mandato, até à pandemia...

Marcelo Rebelo de Sousa: Não dava nota nenhuma. O comentador Marcelo morreu no dia em que se tornou Presidente da República.

E deixou-se ficar a ouvir Tino de Rans que com ele partilhou um conjunto de folhas a3 onde diz ter reunidos os seus pensamentos de 49 anos de vida. "Fascinante", exclamou Marcelo. "Posso entrar nos seus segredos?"

Uma súmula dos que partilhou com Marcelo: 

Popular ou populista?

Vitorino Silva dividiu os candidatos a estas eleições presidenciais em dois grupos. Por um lado, os três do "exílio dourado" (Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira) que estão (ou estiveram) em Bruxelas e "aparecem nestas eleições..." 

Por outro, os populares. "Um só popular, que sou eu. Um popular populista [Marcelo] e um populista popular [André Ventura]. O chefe de Estado "é o popular populista às vezes sem se aperceber. Eu pessoalmente gosto do [sic.] Marcelo, aprendo muito com o professor."

Marcelo respondeu: "O populista é o que diz aquilo que as pessoas querem ouvir. Por definição o Presidente da República tem de dizer coisas que os outros não querem ouvir. Muitas vezes é preciso vetar uma lei." Ele é outra coisa, asseverou, porque "quem queria aparecer como populista muitas vezes não aprecia os que chegam por proximidade ao povo."

Direita ou esquerda?

"Ninguém nestas eleições vai votar na esquerda e na direita. Vai votar em pessoas", disse Vitorino Silva que já assumira ter a noção de que serão cada vez mais os socialistas que votarão em si porque António Costa (um "cavalo que está tão arreado que vai cair) não pretende que Marcelo tenha 70%. E por isso "tenho a certeza que o PS não vai votar em Marcelo." Por outro, estão desiludidos por Ana Gomes não querer vencer mas apenas "ficar em segundo" lugar. O PS é como o Barcelona, comparou: ali quer-se sempre ganhar. 

E, já agora, o que é isso de esquerda e direita, que tanto tem estado em debate, nomeadamente com André Ventura? "Eu quando subo a rua a minha casa fica à direita e quando desço fica à esquerda. A minha casa fica à direita ou à esquerda? Depende", concluiu Vitorino Silva.  

Marcelo haveria de repetir esta lição quando Tino o convidou a ir fazer campanha a Penafiel, de que Rans é freguesia. "Você vai pela direita e eu pela esquerda", disse-lhe Tino. "A subir! A descer, eu vou pela esquerda", resumiu Marcelo. 

   

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