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Santana Lopes: "Cavaco Silva é assim"
Antigo primeiro-ministro e atual autarca da Figueira desvaloriza o artigo de opinião em que Cavaco Silva desafiava Costa a fazer melhor do que ele como Chefe de Governo. "É a sua maneira de ser", afirma.
Passaram quase 18 anos sobre esse momento, que culminou com a dissolução da Assembleia da República quando um governo tinha maioria absoluta, e Cavaco Silva voltou a fazer correr tinta nos jornais com um artigo no Observador, dirigido a António Costa, sobre como "Fazer mais e melhor do que Cavaco Silva".
Apesar disso, Santana desvaloriza e lembra que "Cavaco Silva é assim". Questionado sobre se vê uma intenção por detrás da publicação do artigo, o atual autarca afirma que "Cavaco Silva está retirado" e que aquela "é a sua maneira de ser". "Não o estou a ver a regressar à vida politica. É a sua maneira de ser e ele acha que é o dever dele. Naturalmente que irrita muito quem está em funções", afirma.
Pedro Santana Lopes é o próximo convidado do podcast "Conversas Visíveis", um formato conduzido pelos colunistas da "Mão Visível" e que estará disponível no site do Jornal de Negócios e nas plataformas Apple Podcasts e Spotify a partir de quinta-feira, dia 16 de junho. O episódio desta semana foi conduzido por Jorge Marrão e pela diretora do Jornal de Negócios, Diana Ramos.
O antigo primeiro-ministro confessa não ter lido o artigo todo, mas recorda um episódio do passado para ilustrar a tese de que "Cavaco é assim". "Lembro-me que no Governo de Durão Barroso dizia que Portugal tinha de crescer 3% ao ano, no mínimo. Fez uma conferência em Salamanca ou em Madrid em que disse isso. Nós estávamos a sair de um défice e não era fácil, mas Cavaco Silva é assim."
Numa conversa que se centrou na descentralização, passou pelo PSD e acabou no passado recente, Santana Lopes admite que a política lhe deixou algumas mágoas.
O que são as Conversas Visíveis?
As Conversas Visíveis são um novo projeto que é complementar da Mão Visível, o espaço de opinião que junta Álvaro Nascimento, António Nogueira Leite, Joaquim Aguiar, Jorge Marrão e Paulo Carmona. A cada quinze dias, dois destes colunistas vão conduzir um entrevistado pelos "mistérios da estrada da democracia em Portugal".
As Conversas Visíveis procuram identificar o que está na sombra da política, o que se esconde nos discursos e nas decisões, mas que acabará sempre por se revelar na realidade efetiva das coisas. O compromisso assumido pela equipa da Mão Visível é o de que irá falar sobre as sombras e os mistérios da democracia portuguesa, onde se escondem os fatores que geram endividamento sem estimularem crescimento, onde se agravam as desigualdades sociais e onde persiste o crescimento da despesa pública e da expansão de funções do Estado.