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Rui Rio: Crescimento anémico da economia não permite excedente orçamental
O presidente do PSD, Rui Rio, considerou hoje que a taxa de crescimento atual, que classificou de "anémica", não permite trabalhar para o 'superavit' orçamental que defende, mas escusou-se a comentar as declarações da ex-líder Manuela Ferreira Leite.
Questionado à entrada para um almoço no American Club, em Lisboa, sobre as declarações da antiga ministra das Finanças à TSF -- que defendeu uma política orçamental mais flexível para o país e classificou de "loucura" a procura pelo 'superavit' - Rui Rio disse não as ter ouvido e que, portanto, não as iria comentar, limitando-se a reiterar as suas posições.
"Aquilo que tenho dito é que é vital para Portugal reduzir a dívida pública: a dívida pode ser reduzida de duas formas, uma é em termos relativos ao produto - que tem acontecido -- outra é o valor absoluto, que tem aumentado. E para não aumentar não pode haver défice público", defendeu.
O líder do PSD salientou que só com uma "taxa de crescimento económico razoável" é que o país pode tentar ter um 'superavit' orçamental.
"Se for anémico é muito mais difícil porque esse 'superavit' pode vir a travar o crescimento económico", apontou, lamentando que Portugal não tenha tido crescimentos que o permitam desde que entrou para a moeda única.
Questionado se seria nesta altura "virtuoso" ter um défice mais alto, Rio não respondeu diretamente.
"A taxa de crescimento que existe é muito anémica, não permite o 'superavit' que eu digo. Relativamente ao défice, o que está mais em causa é a forma de não gestão da despesa pública, do desperdício. E é por aí que devemos conseguir melhorar os serviços", defendeu.
O presidente do PSD acrescentou que a prioridade, se se conseguirem melhores taxas de crescimento, deve ser "fazer um esforço de redução da carga fiscal", que já está "no limite".
Rio escusou-se também a comentar as declarações do advogado e comentador da Sic-Notícias José Miguel Júdice, que acusou a direita de "não saber fazer combate político".
"Posso repetir o que o que disse na noite das eleições e depois", afirmou, dizendo não ter ouvido o antigo militante do PSD, nem ter por hábito "comentar comentadores".
Rio reiterou que o partido já fez a sua reflexão sobre as eleições europeias -- que não irá divulgar em público -- e que irá agora passar "à prática" para as legislativas de outubro.
"Os números reais são maus, não são bons, mas também não são os catastróficos que andam a dizer. O PSD, em números até subiu, agora a dinâmica não é naturalmente positiva para o PSD", defendeu.
Questionado se o PSD irá alterar a sua estratégia, Rio repetiu o que disse na semana passada, reiterando que "a política não pode ser, não deve ser, um plano de marketing".
"O desafio é conseguir convencer as pessoas de que as minhas convicções e as minhas ideias são melhores do que as do meu adversário", apontou, admitindo apenas alguns "ajustamentos" na comunicação.
Sobre a apresentação de propostas concretas, Rio defendeu que o PSD "até tem apresentado mais do que os seus adversários".
"O programa do partido está a ser elaborado neste momento, em finais de junho, meados de julho será finalizado, e o partido terá um programa. Dentro desse programa, haverá algumas ideias que entendemos ser mais prioritárias a privilegiar na comunicação com os portugueses", afirmou.
Ainda sobre as declarações do Presidente da República - que anteviu uma crise da direita nos próximos anos -, Rio recusou voltar ao tema, mas admitiu que o mesmo possa estar em cima da mesa na audiência do PSD com Marcelo Rebelo de Sousa marcada para quinta-feira de manhã.
"É normal que, tendo havido estas declarações, elas sejam abordadas na reunião", disse.
Na sexta-feira, numa intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, o Presidente da República considerou que "há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos" e defendeu que, num contexto destes, o seu papel "é importante para equilibrar os poderes".
No sábado, o líder do PSD, Rui Rio, já discordou da análise do Presidente da República sobre a possibilidade de uma crise na direita portuguesa, considerando-a uma visão "otimista" e "superficial", já que a crise é "transversal" ao regime.