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Rocha cola Livre ao PS, Tavares atira que IL quer dar "borlas aos mais ricos"

Num frente-a-frente na CNN Portugal, os dois líderes discordaram sobre todos os temas em discussão, desde impostos até à saúde ou à habitação.

TVI
07 de Fevereiro de 2024 às 20:36
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O presidente da IL, Rui Rocha, colou esta quarta-feira o Livre ao PS num debate em que foi acusado por Rui Tavares de querer dar "borlas aos mais ricos".

Num frente-a-frente na CNN Portugal, os dois líderes discordaram sobre todos os temas em discussão, desde impostos até à saúde ou à habitação.

"Com o PS, e já agora com o Livre, com estas propostas que Rui Tavares aqui apresenta, que vimos que não são diferenciadoras, o que teremos é mais do mesmo. (...) A nossa ambição é transformar o país e a do PS e do Rui Tavares parece ser manter tudo na mesma. A ambição do Livre parece ser viabilizar orçamentos do PS", argumentou o liberal.

Rui Rocha disse ainda que o objetivo do partido é colocar o país a crescer "perto dos 4%" até ao final da próxima legislatura.

O porta-voz do Livre respondeu com ironia: "O Rui Rocha há pouco dizia que tinha uma visão e acho que é uma visão muito clara: de um arco-íris e um cofre de moedas de ouro no fim. Porque é dizer: 'se nós crescermos a 4% fazemos isto tudo'".

Tavares advertiu que, no que toca a crescimento económico, "ninguém sabe se há uma guerra na Europa ou outro episódio inflacionário" e criticou mais tarde a proposta dos liberais sobre o IRS.

"Este é um país que é uma comunidade, nós temos que nos ajudar uns aos outros. Com os cortes, com os abates, com as borlas que querem dar aos mais ricos, depois não se admira que não haja estado social para os outros", atirou.

Rocha salientou que "Portugal tem a terceira produtividade mais baixa da Europa" e acusou Rui Tavares de querer "construir a casa pelo telhado" ao propor um imposto "sobre a automação das empresas" quando são extintos postos de trabalho.

"O que o imposto de automação implica é que quando se passou do sinaleiro para os semáforos, o Rui Tavares queria taxar o semáforo para proteger o sinaleiro. E quando se passou dos pombos correio para o e-mail, o Rui Tavares queria taxar o e-mail para proteger os pombos correio. Isto é impedir o progresso tecnológico em Portugal", criticou Rui Rocha.

Na resposta, Rui Tavares considerou "bastante grave" que o líder liberal defenda que "quem substitui um trabalhador humano" por um robot, deve fazê-lo "de borla" e ainda ser ajudado.

Na área da saúde, Rui Rocha defendeu a possibilidade de o utente escolher entre os setores público ou privado, "como se faz em muitos países da Europa".

Já Rui Tavares criticou esta visão liberal e atirou: "Eu quero que todas as pessoas entrem de cara levantada num hospital (...). E eu não troco isso por uma aposta, uma fezada, um sistema misto que o Rui Rocha diz que vai ser o da Alemanha mas que pode ser o da Bulgária, que também é misto, e deu as piores taxas de vacinação da Europa, e não troco isso por sistemas privados onde as pessoas vão à falência se tiverem uma doença grave".

Num debate 'aceso', o líder da IL argumentou que várias propostas do Livre, como um teste piloto para uma semana de trabalho de quatro dias ou para estudar um Rendimento Básico Incondicional "não funcionam" ou não fazem sentido, dizendo que Tavares quer "impor e testar soluções de laboratório" que não têm "nenhuma adesão à realidade".

Tavares defendeu-se dizendo que "o Livre gosta de testar coisas antes de passar à implementação" e enumerou as consequências positivas do projeto-piloto da semana de trabalho de quatro dias como a diminuição dos níveis de exaustão dos profissionais e o aumento da produtividade.

A habitação foi outra das áreas que gerou discórdia, com Rui Tavares a defender o objetivo de 10% de casas públicas e a alertar que a IL quer acabar com o imposto de selo cuja taxação de 25% gera atualmente cerca de "cem milhões de euros por ano" que ajudam "os sem-abrigo" através do Fundo de Emergência para a Habitação.

Rocha defendeu o objetivo de ter mais 250 mil casas até 2028, construídas ou em início de construção, e advogou que atualmente "quem faz ação social com a habitação são os proprietários e não é isso que deve acontecer".
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