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Risco político e social escala na agenda empresarial em ano de eleições

As empresas portuguesas temem a instabilidade política e social em 2019, que dispara na lista de riscos que enfrentam. Estudo da Marsh mostra inquietação com ataques cibernéticos e contágio de uma crise financeira.

Todos os partidos, com excepção do PSD, defenderam a aprovação de uma nova lei para a publicação da lista. O Bloco diz que não é necessária uma nova lei.
11 de Abril de 2019 às 09:00
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A instabilidade política e social é o risco que mais cresce em 2019, segundo a avaliação feita pelas empresas portuguesas num estudo da consultora Marsh. Depois de fugir do radar no ano passado, escala agora de 40% para 53% e aproxima-se mesmo daquele fator que, pelo segundo ano consecutivo, continua no topo da lista: os ataques cibernéticos (58%).

 

Num ano que ficará marcado por três atos eleitorais – Europeias, Legislativas e Regionais na Madeira –, na lista dos maiores riscos que os gestores receiam vir a enfrentar, do ponto de vista corporativo, seguem-se os eventos climáticos extremos e a retenção de talentos (ambos com 31%), a concorrência (30%) e a eventualidade de uma crise financeira ou orçamental (27%).

 

Ao Negócios, o especialista de risco da Marsh Portugal, Fernando Chaves, reconhece o "peso" que tem o cenário eleitoral no país e sustenta que "as empresas aprenderam bastante com a crise financeira de 2008 e, partindo para fora, sabem que com isso também aumentaram o espetro de risco". O Brexit, o cenário político no Brasil e o embate comercial entre EUA e China são fatores de preocupação elencados.

 

"Porque exportam ou porque investiram no estrangeiro, as empresas portuguesas percebem que estas questões políticas e sociais têm impacto, seja pela maior dificuldade em desenvolveram negócios, seja pela [quebra na] confiança dos consumidores", acrescentou o responsável desta empresa de consultoria de risco e corretagem de seguros.

 

Fernando Chaves, especialista de risco da Marsh Portugal.
Fernando Chaves, especialista de risco da Marsh Portugal. DR

 

A quinta edição do estudo "A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2019", elaborado todos os anos pela Marsh, está a ser apresentada esta quinta-feira, 11 de abril, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Neste inquérito participaram 169 empresas portuguesas, pertencentes a 22 setores de atividade e com diferentes volumes de faturação e número de trabalhadores, sendo que a maior parte (81%) não estão cotadas em Bolsa.

 

O receio de ataques cibernéticos subiu nos últimos cinco anos, ocupando mesmo o topo em 2018 e 2019. "Estamos dentro da revolução 4.0 e a dependência da informática não é um exclusivo das empresas tecnológicas, mas vai do setor agrícola aos serviços e ao Estado – cada vez em maior escala. Esta preocupação é latente, independentemente da quantidade de sistemas de proteção implementados", justifica Fernando Chaves, notando ainda que "uma empresa não ser diretamente atacada não quer dizer que não seja afetada", por exemplo, por via de um fornecedor.

 

Nuvens estrangeiras a caminho?

 

O estudo questiona também as empresas portuguesas sobre os riscos que o mundo irá enfrentar em 2019, voltando aí a figurar no topo os "ataques cibernéticos em grande escala" (66%) e também a possibilidade de "crises fiscais e financeiras em economias-chave" (50%) – uma presença assídua, mas que escala quase 20 pontos para ascender à segunda posição, após ter caído no ano anterior até ao quarto posto. Em 2019 desaparecem os receios de "ataques terroristas em larga escala" e reaparece o de uma "instabilidade social profunda", que estava ausente do top há dois anos.

 

O especialista de risco da Marsh Portugal recorda que a inquietação com o eventual surgimento de dificuldades noutras economias justifica-se pela cada vez maior interdependência e exposição internacional das empresas nacionais, concluindo que as respostas dadas nesta edição pelos gestores "demonstram uma preocupação com o facto de Portugal poder vir a ser afetado por uma potencial crise global" a rebentar em 2019.

Evolução lenta no papel e no "papel" da gestão de risco

Os gestores portugueses até reconhecem que estão a dar cada vez maior importância ao papel da gestão de riscos – 43% dizem que é "elevada" e, pelo segundo ano consecutivo, nenhum dos inquiridos escolhe a opção "nenhuma importância". No entanto, a evolução neste particular tem sido tímida desde 2015, quando arrancou a edição portuguesa. No que toca ao valor orçamentado para esta rubrica, este ano baixou de 41% para 31% a percentagem de empresas que afirmam ter aumentado. "Quase ninguém [1%] diz que o orçamento diminuiu. Apesar da crise e da instabilidade, as empresas não estão a desinvestir. No limite, estabilizam", contrapôs Fernando Chaves, especialista de risco da Marsh Portugal.

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