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Rio volta a atirar-se à gestão de Carlos Costa no Banco de Portugal
O presidente do PSD retomou as críticas à gestão do ex-governado do banco central. Rio criticou as decisões tomadas no âmbito do Banif e do antigo BES. Quanto ao bloco central, o líder social-democrata acompanha António Costa no afastamento de tal cenário.
Rui Rio apontou novamente baterias contra a atuação de Carlos Costa enquanto governador do Banco de Portugal, desta vez a propósito do Novo Banco, mas também do Banif. Em declarações prestadas aos jornalistas a propósito de uma viagem ao Algarve para conhecer a realidade dos profissionais de saúde na região, o presidente do PSD confirmou ser "muito crítico" relativamente às decisões tomadas pelas autoridades nacionais no que concerne à banca.
"Relativamente por exemplo ao Banif, so fôssemos acreditar no balanço oficialmente publicado pelo Banif, aliás um banco cotado em bolsa, nada justificava, pelo balanço, que o banco não pudesse continuar a funcionar de uma forma absolutamente normal", recordou acrescentando que ninguém percebeu o porquê da posterior necessidade de intervenção na instituição então liderada Jorge Tomé.
Para Rui Rio outro exemplo dessas falhas na atuação do supervisor do sistema financeiro consiste na intervenção feita, no verão de 2014, com a separação do BES em duas instituição, o chamado banco bom (Novo Banco) e o banco mau.
"O NB foi apelidado de banco bom pelo BdP, foi o governador Carlos Costa que, na altura, o classificou. Afinal não havia o bom e o mau, havia o mau e o péssimo, penso eu que era assim que devia ter sido classificado. Fui sempre muito crítico daquilo que foi a gestão do doutor Carlos Costa à frente do BdP", insistiu Rio.
Entretanto, um relatório do Tribunal de Contas, ontem conhecido, sustenta que a Autoridade de Resolução não funciona de forma independente face ao Banco de Portugal. Por outro lado, uma investigação publicada esta semana pelo Público dava conta de que o Novo Banco alienou imóveis com desconto a um fundo de investimento anónimo, acabando por ser compensado pelo Estado através do Fundo de Resolução. O NB acumulou perdas superiores a 600 milhões de euros em cinco operações de venda de imóveis e créditos.
Desde que assumiu a presidência do PSD, as críticas de Rio a Carlos Costa têm sido recorrentes. As críticas agora feitas aos casos do Banif e do NB tinha já sido feitas no passado, assim como em relação à Caixa Geral de Depósitos. Em fevereiro do ano passado, Rui Rio defendeu que o ex-governador (entretanto substituído por Mário Centeno) deveria abdicar da posição no banco central se tivesse participado nas decisões ruinosas para o banco público, do qual fora administrador. Em causa estava uma alegada participação de Carlos Costa nas decisões sobre créditos concedidos pela CGD, entre 2004 e 2006, e que geraram enormes perdas para a entidade.
Rio garante que bloco central não cairá no saco dos gambozinos
A garantia dada por António Costa, primeiro-ministro, em entrevista à Visão, de que a reedição do bloco central está fora de causa merece total sintonia da parte do presidente do PSD. Costa disse que "andar à procura do bloco central é como andar à procura dos gambozinos".
Mantendo a metáfora, Rio explicou como se apanham gambozinos para também ele afastar essa hipótese: "É no escuro, à noite e é com um saco, pede-se ao gambozino para vir ao saco e o gambozino virá ao saco ou não. O bloco central não cai no saco", atirou.
Quanto à convergência entre Governo e PSD em matérias como o fim dos debates quinzenais, a viabilização do orçamento retificativo ou o acordo sobre os apoios aos sócios-gerentes, o líder "laranja" frisou que tal não representa qualquer aproximação ao bloco central mas apenas a bem do interesse nacional e devido à necessidade de conferir ao país os instrumentos necessários para melhor lidar com a crise sanitária.
"O país tem um orçamento suplementar, se não for aprovado o país não tem os meios para pagar o que é essencial. O PSD, consciente disso, aprova o orçamento suplementar, abstém-se para o deixar passar e isto é classificado de bloco central", ironizou.