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Rio lembra Sócrates para se opor a aumento do salário mínimo. PS e PCP atacam PSD

O presidente do PSD, notando que não ganhará votos com esta posição, opõe-se ao aumento do salário mínimo em 2021 devido à atual crise e lembrou Governo Sócrates que, em 2009, aumentou a função pública sem condições para o fazer. Ana Catarina Mendes e Jerónimo de Sousa fazem ataque cerrado a Rio.

23 de Setembro de 2020 às 16:00
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Rui Rio executou um ataque a uma das principais reivindicações da esquerda e um dos objetivos essenciais definidos para a legislatura pelo atual Governo, o aumento do salário mínimo nacional para 750 euros, até 2023.

No debate que decorre na Assembleia da República, e que foi pedido pelo Executivo para discussão da Visão Estratégica para a próxima década, o presidente do PSD disse que, "no presente em que o desemprego é enorme, em que a economia está a cair, em que temos uma grande incerteza sanitária e, ainda por cima, a inflação é nula ou mesmo negativa" para questionar o Governo de que servirá aumentar o salário mínimo. Recorde-se que o Governo, perante as reivindicações da esquerda no sentido de que a crise pandémica não leve à suspensão daquele aumento gradual, já reafirmou a intenção de alcançar os 750 euros no final da legislatura.

O líder social-democrata recordou o Governo do socialista José Sócrates, que em 2009 aumentou a administração pública sem dispor de condições para o fazer, para, admitindo que "não é agradável dizer isto, não rende um voto", sustentar "em nome dos mais desfavorecidos" que o salário mínimo não deve ser aumentado pois isso apenas irá "agravar os custos das empresas".

Para o presidente do PSD, o aumento do salário mínimo deve acontecer quando o desemprego "é baixo e a economia está a crescer". E defendeu que a prioridade do plano de recuperação "tem de ser dada às empresas" pois são estas que investem e criam emprego.

Em resposta imediata, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, notou que Rui Rio está a "recuperar argumentos" que a bancada do PSD usou em 2015 para criticar o aumento do salário mínimo e a política de devolução de rendimentos e aumento dos salários executada pelo primeiro Executivo chefiado por António Costa.

"Como se isso fosse impedir o crescimento da economia", ironizou Ana Catarina Mendes lembrando que, "desde 2015, não só aumentámos quatro vezes o salário mínimo nacional, devolvemos os rendimentos, devolvemos salários, melhorámos as contas públicas e, com isso, baixámos o desemprego".

Jerónimo de Sousa também não deixou Rio sem resposta. "A questão dos salários, tão bem descrita pelo senhor deputado Rui Rio, que disse que vai perder votos, que não ganha nenhum, ai não que não ganha, particularmente do grande capital que está à espera dessas verbas para encher os bolsos à custa dos trabalhadores", atirou o secretário-geral comunista.  

O líder do PCP lembrou que para os comunistas há "três questões centrais" no que concerne ao programa de recuperação e às prioridades para o próximo orçamento do Estado, sendo que a primeira passa precisamente pela prossecução de uma "política de valorização dos salários, dos direitos dos trabalhadores e rendimentos das camadas populares.

Mais à frente no debate, foi António Costa a reagir à posição de Rui Rio. O primeiro-ministro usou da mesma estratégia e lembrou Passos Coelho para dizer a Rio que também o seu "antecessor" defendeu que o aumento do salário mínimo resultaria na "destruição de emprego, empresas e da economia" e lembrar que aconteceu o contrário. 


"O reforço do rendimento das famílias é condição essencial" para impulsionar a economia do pais, defendeu Costa para concluir que as "empresas de futuro não são de baixos salários". "Quem conta os cêntimos do salário mínimo nacional (SMN) e tem mesmo de ter uma resposta são aqueles que ganham o SMN e, para esses, temos de responder e dizer sim, vamos ter de prosseguir a trajetória de aumento do SMN", insistiu o primeiro-ministro.



(Notícia atualizada)
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