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Rio lembra Sócrates para se opor a aumento do salário mínimo. PS e PCP atacam PSD
O presidente do PSD, notando que não ganhará votos com esta posição, opõe-se ao aumento do salário mínimo em 2021 devido à atual crise e lembrou Governo Sócrates que, em 2009, aumentou a função pública sem condições para o fazer. Ana Catarina Mendes e Jerónimo de Sousa fazem ataque cerrado a Rio.
No debate que decorre na Assembleia da República, e que foi pedido pelo Executivo para discussão da Visão Estratégica para a próxima década, o presidente do PSD disse que, "no presente em que o desemprego é enorme, em que a economia está a cair, em que temos uma grande incerteza sanitária e, ainda por cima, a inflação é nula ou mesmo negativa" para questionar o Governo de que servirá aumentar o salário mínimo. Recorde-se que o Governo, perante as reivindicações da esquerda no sentido de que a crise pandémica não leve à suspensão daquele aumento gradual, já reafirmou a intenção de alcançar os 750 euros no final da legislatura.
Para o presidente do PSD, o aumento do salário mínimo deve acontecer quando o desemprego "é baixo e a economia está a crescer". E defendeu que a prioridade do plano de recuperação "tem de ser dada às empresas" pois são estas que investem e criam emprego.
Em resposta imediata, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, notou que Rui Rio está a "recuperar argumentos" que a bancada do PSD usou em 2015 para criticar o aumento do salário mínimo e a política de devolução de rendimentos e aumento dos salários executada pelo primeiro Executivo chefiado por António Costa.
"Como se isso fosse impedir o crescimento da economia", ironizou Ana Catarina Mendes lembrando que, "desde 2015, não só aumentámos quatro vezes o salário mínimo nacional, devolvemos os rendimentos, devolvemos salários, melhorámos as contas públicas e, com isso, baixámos o desemprego".
O líder do PCP lembrou que para os comunistas há "três questões centrais" no que concerne ao programa de recuperação e às prioridades para o próximo orçamento do Estado, sendo que a primeira passa precisamente pela prossecução de uma "política de valorização dos salários, dos direitos dos trabalhadores e rendimentos das camadas populares.
Mais à frente no debate, foi António Costa a reagir à posição de Rui Rio. O primeiro-ministro usou da mesma estratégia e lembrou Passos Coelho para dizer a Rio que também o seu "antecessor" defendeu que o aumento do salário mínimo resultaria na "destruição de emprego, empresas e da economia" e lembrar que aconteceu o contrário.
"O reforço do rendimento das famílias é condição essencial" para impulsionar a economia do pais, defendeu Costa para concluir que as "empresas de futuro não são de baixos salários". "Quem conta os cêntimos do salário mínimo nacional (SMN) e tem mesmo de ter uma resposta são aqueles que ganham o SMN e, para esses, temos de responder e dizer sim, vamos ter de prosseguir a trajetória de aumento do SMN", insistiu o primeiro-ministro.