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Portugal à frente do Eurogrupo: "Porque não submeter uma candidatura?," questiona Costa

Horas depois de Centeno ter mantido aberta a porta para liderar o Eurogrupo, declarações do primeiro-ministro apontam no mesmo sentido: uma candidatura ao fórum de ministros das Finanças do euro não está fora da mesa.

Miguel Baltazar/Negócios
18 de Setembro de 2017 às 12:58
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A menos de um mês da entrega do Orçamento para 2018 e três dias depois da S&P ter tirado Portugal do "lixo" a hipótese de Portugal querer vir a liderar o Eurogrupo volta à agenda do Governo. 

A possibilidade foi admitida pelo primeiro-ministro, o mesmo que há cinco meses dizia que o tema não fazia parte das prioridades do Executivo e depois de, nos meses que entretanto passaram, afirmações do ministro Mário Centeno por várias vezes sugerirem abertura para abraçar a tarefa.

Questionado pela newsletter "Brussels Playbook" do site Politico na sexta-feira passada sobre se Portugal quererá a presidência do Eurogrupo - fórum dos ministros das Finanças do euro à frente do qual se quer manter, até meados Janeiro, o ministro holandês Jeroen Dijsselbloem -, António Costa respondeu em tom de pergunta: "Porque não submeter uma candidatura?".

É o que conta esta segunda-feira, 18 de Setembro, aquela newsletter. Contactada pelo Negócios, fonte do gabinete do primeiro-ministro remete para as declarações de Mário Centeno na noite deste domingo à RTP. Uma entrevista na televisão pública em que o ministro não fechou a porta à disponibilidade para tal.

"A presidência do Eurogrupo é um lugar que é ocupado por um ministro das Finanças da área do euro. É necessariamente compatível," afirmou ontem quando questionado no Telejornal da RTP sobre se estaria mais perto de chegar à presidência do Eurogrupo e conciliar esse cargo com a liderança das Finanças em Portugal.

"Mais importante que a presidência do Eurogrupo é que a posição portuguesa e as ideias e ideais que o Governo português tem para a Europa sejam discutidos no seio de todos os fóruns na área do euro. A presidência do Eurogrupo pode ou não ser instrumental para isso. O meu foco são as contas públicas portuguesas, assim vai continuar a ser mesmo num possível dia em que Portugal possa ter a capacidade de presidir ao Eurogrupo," finalizou.

Hipótese com mais de cinco meses

O cenário de Centeno à frente do Eurogrupo surgiu a 1 de Abril, quando o Expresso noticiou que o ministro tinha sido "sondado" para liderar o Eurogrupo, no rescaldo da polémica que envolveu as afirmações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do sul da Europa, envolvendo comparações com alguém que pede ajuda depois de gastar o dinheiro em "aguardente e mulheres."

Três dias depois, António Costa confirmou a possibilidade de ter Centeno em Bruxelas. "Não temos como prioridade a candidatura do Dr. Mário Centeno," disse o primeiro-ministro na altura, argumentando que o ministro teria de ter nesta altura uma "margem de liberdade muito maior."

Dias mais tarde, Costa admitiu apoiar o ministro espanhol Luis de Guindos para o cargo, que tinha feito entretanto declarações assegurando que não pretendia ocupar aquela posição.

A 22 de Maio, Centeno ressuscita o tema, numa entrevista à CNBC. "Sim, os assuntos em Portugal são para manter em boas mãos, não necessariamente nas minhas (risos), mas temos muitas coisas para fazer lá [em Lisboa]," respondeu em Bruxelas, à margem da reunião do Eurogrupo, quando questionado pelo canal de notícias sobre se tinha assuntos pendentes em Portugal.

No mesmo dia, António Costa reconheceu a hipótese, mas deixava perceber que não haveria uma proactividade portuguesa ao cargo, ao contrário do que sugeriu hoje ao Politico. "Não apresentamos candidatura nem fugimos às responsabilidades", afirmou então o primeiro-ministro. "Não seremos candidatos" mas "também não rejeitamos" essa hipótese "se se vier a colocar," acrescentou.

A mesma newsletter do Politico que hoje manifesta a abertura de Costa para uma candidatura tinha sido o veículo, também em Maio passado, para divulgar declarações do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, que classificou Centeno, como o "Ronaldo do ECOFIN".
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