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Podemos afirma-se nas urnas, mas fica longe de liderar oposição

A nova estrela da constelação política espanhola foi finalmente às urnas nacionais. Nos jornais espanhóis o resultado das eleições regionais na Andaluzia é lido como confirmando o fim do bipartidarismo em Espanha e a importância do Podemos que, ainda assim, fica longe das suas aspirações de líder da oposição.

Negócios 23 de Março de 2015 às 12:08
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O Podemos, liderado por Pablo Iglesias, saiu finalmente das sondagens para os resultados eleitorais nacionais, arrancando  um terceiro lugar nas eleições regionais andaluzes, e garantindo a eleição de 15 deputados. O resultado fica longe da aspiração de se afirmar líder da oposição em Espanha, mas parece confirmar o fim do bipartidarismo no país e, dadas as dificuldades de concorrer na Andaluzia historicamente fiel ao PSOE, permite ao Podemos alimentar a esperança de um melhor resultado nas legislativas, analisam os principais jornais espanhóis.

 

"O Partido de Pablo Iglesias, que se autoproclamou em várias ocasiões como o líder da oposição, rompeu o esquema bipartidário, mas os 15 deputados que lhe confere a terceira posição ficam muito longe dos 33 lugares do PP, segunda força da comunidade, e a análise dos votos não corresponde à 'centralidade do tabuleiro' a que aspiram os seus estrategas", escreve o El País.

 

O El Mundo faz um balanço mais positivo: "Para o Podemos era a sua primeira prova de fogo com o mundo eleitoral real depois da sua explosiva erupção nas eleições europeias. Mas a etiqueta de primeira ou segunda força nacional, segundo as sondagens, pesou demasiado para se poder realmente valorizar a importância de conseguir 15 deputados do nada, num território complicado e com um cenário fragmentado. Por isso, já ninguém pode negar agora – porque há dados e votos – que o Podemos exercerá um papel essencial nas eleições que estão à vista", lê-se no diário espanhol, que evidencia a potente máquina partidária do PSOE na Andaluzia onde governa desde 1982, e o facto do Podemos ter conseguido bons resultados em cidades como Cadiz (onde foi o mais votado), Sevilha ou Málaga.

 

O Cinco Dias, um diário económico, destaca que "PSOE e PP somam 62% dos votos, o que reflecte que o bipartidarismo aguentou, mas ficou muito debilitado. [Em conjunto] ambas as formações superavam 80% dos votos. Os dois grandes partidos viram como os seus apoios se reduziam, a par do aumento das formações que se apresentavam pela primeira vez: Podemos e Ciudadanos", lê-se no diário, que nota que os 600 mil votos do Podemos constituem o maior apoio eleitoral conseguido por um terceiro lugar na Andaluzia desde 1994.

 

Os resultados das eleições de ontem deram a vitória ao PSOE com 35,5% dos votos e 47 deputados (o mesmo que nas eleições anteriores), seguidos do PP com 26,7% dos votos e 33 deputados (foi o grande perdedor da noite, com menos 17 lugares). Seguiram-se os estreantes Podemos (15 deputados) e uma outra nova força política, os Ciudadanos, um movimento de centro, liderado por Albert Rivera (com Juan Marín na Andaluzia), com 9,36% dos votos e 9 lugares. Perdedor foi também a Esquerda Unida, que governou com o PSOE, e elegeu cinco deputados, o que que compara com os 12 anteriores.

 

Ainda segundo o Cinco Dias, a aliança política mais natural no próximo mandato de Susana Díaz – a líder do PSOE andaluz que já disse não querer formar coligações governamentais – será com os Ciudadanos, com os quais consegue os 56 votos, mais um do que os necessários para garantir aprovações num parlamento de 109 deputados.

 

Os resultados das eleições na Andaluzia foram vistas com atenção fora de Espanha, em particular para avaliar a força do Podemos, um partido próximo do Syriza que, na Grécia, chegou ao Governo em Janeiro deste ano. Espanha tem eleições legislativas no final do ano.

 

Numa nota enviada aos clientes esta manhã Christian Schulz, economista chefe do banco Berenberg, diz que "é demasiado cedo para tirar conclusões sobre as eleições espanholas com base em sondagens e apenas um resultado regional", até porque haverá eleições regionais em Maio e eleições Catalãs em Setembro, que poderão mudar novamente as tendências. Mas, contrariamente à Grécia, onde tornar-se no maior partido foi suficiente para o Syriza formar governo, o Podemos "teria de ganhar uma pouco provável maioria absoluta", analisou, acrescentando: "Ainda para mais, os problemas gregos minam a atracção pelo Podemos e a melhoria económica em Espanha irá aumentar as probabilidade dos partidos responsáveis do ponto de vista económico".

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