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Pedro Marques: PS estará contra austeridade e contra "aventureirismos"

O cabeça de lista do PS às eleições europeias, Pedro Marques, demarca-se em absoluto tanto da visão "da direita" da austeridade, como de "aventureirismos" que defendam a saída do euro ou o não pagamento da dívida.

08 de Março de 2019 às 08:37
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"Não somos nem a Europa da 'troika', nem a Europa do 'Brexit'. Quando refiro a Europa do 'Brexit', estou a falar da Europa dos aventureirismos, da saída da zona euro, de não pagar a dívida. Esse tipo de aventureirismo", precisa o ex-ministro em entrevista à agência Lusa.

 

Nesta entrevista, o ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas afasta-se dos partidos à esquerda do PS em matérias europeias, embora se recuse a responder se os assuntos de política externa devem constar de um novo acordo político de Governo entre socialistas, Bloco de Esquerda, PCP e PEV na próxima legislatura.

 

Pedro Marques considera que a governação socialista com apoio parlamentar da esquerda deu "resultados positivos" porque permitiu políticas orientadas para as pessoas "sempre cumprindo integralmente os compromissos europeus".

 

"Para o PS, não estava simplesmente em cima da mesa deixar de cumprir os compromissos europeus", mesmo tendo "várias vezes" posto "em causa a visão europeia da austeridade e dos cortes sucessivos" durante o anterior Governo PSD-CDS.

 

O ex-ministro frisa que um novo entendimento com BE, PCP e PEV após as eleições não vai afastar o PS da linha "profundamente europeísta".

 

"Temos uma diferença importante em relação aos partidos à nossa esquerda e parece-me que os cidadãos europeus veem, pela impreparação do 'Brexit', que esse tipo de aventureirismo não dá bons resultados", salienta.

 

No plano político, o ataque central de Pedro Marques é feito aos seus adversários diretos do PSD e CDS, Paulo Rangel e Nuno Melo, respetivamente, que diz representarem a linha de continuidade do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

 

"Se há eleição em que é absolutamente clara a existência de uma diferenciação é esta das europeias. Os candidatos que a direita repete nesta eleição (a esquerda também repete os candidatos) têm uma mensagem de passado. Estes candidatos, em particular os da direita, são os candidatos que estiveram a defender o Governo de Passos Coelho quando executou a política dos cortes", afirma.

 

Pedro Marques invoca depois o princípio de que em política "não há coincidências".

 

"Pedro Passos Coelho regressou à política nesta pré-campanha das europeias para falar de cortes e dizer que é preciso fazer mais cortes. São estes outra vez os protagonistas do PSD e do CDS", aponta.

 

O cabeça de lista europeu do PS critica também a atuação do candidato do Partido Popular Europeu (PPE) à presidência da Comissão Europeia, Manfred Weber, alegando que o germânico "defendeu sanções contra Portugal" quando o atual Governo socialista tentava "defender o país das sanções", pondo termo ao Procedimento por Défice Excessivo.

 

"Ao longo destes cinco anos e, em particular, até chegarmos ao Governo, estivemos perante uma direita dos cortes e das sanções - e nós não estivemos desse lado. Há mesmo uma dicotomia, uma diferença muito grande no que se defende para a política europeia neste momento: Ou uma direita dos cortes e das sanções, ou uma Europa do novo contrato social", sintetiza, numa tentativa de bipolarizar o cenário eleitoral em 26 de maio próximo.

 

Pedro Marques tenta ainda estabelecer outra diferença entre PS e os partidos à sua direita com base no seguinte argumento: "Nós [PS] renovámos protagonistas, temos protagonistas que foram executores deste novo contrato social em Portugal, mas a direita mantém os protagonistas dos cortes e das sanções".

 

Segundo o cabeça de lista do PS nas eleições europeias, em causa estão duas visões diferentes para a Europa.

 

"Ou a Europa do novo contrato social que implementámos aqui em Portugal e queremos implementar na Europa; ou essa Europa dos cortes e das sanções do PSD e CDS", acrescenta.

 

Pedro Marques afirma-se confortável no papel de defensor do Governo

 

O "número um" europeu do PS, Pedro Marques, afirma sentir-se confortável no papel de defensor do Governo, considera que António Costa é uma referência na Europa e sustenta que a lista que encabeça se caracteriza pela renovação.

 

Estas posições foram assumidas pelo ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas em entrevista à agência Lusa, depois de confrontado com críticas (algumas delas até provenientes do PS) sobre uma excessiva governamentalização da candidatura socialista ao Parlamento Europeu.        

 

"António Costa é hoje considerado - acho que posso dizer assim - a maior referência do Partido Socialista Europeu (PSE), porque conseguiu implementar em Portugal políticas de criação de emprego, de redução da pobreza e sempre com as contas certas. Isto deve ser um programa político de um partido europeísta. Com base nisso, pediremos a confiança dos eleitores europeus nas próximas eleições", assume.

 

Interrogado sobre os riscos de ser encarado como um porta-voz do Governo ao longo da campanha para as eleições europeias, Pedro Marques afirma que se sente confortável em ser defensor de um programa que tem resultados para apresentar em Portugal e que "foi largamente sufragado" pelos seus colegas do PSE no recente congresso realizado em Madrid.

 

"É a ideia de que aquilo que fizemos em Portugal - governar para as pessoas, mais emprego e com contas certas - é um modelo que resultou no nosso país e que queremos agora fazer na Europa. Nesse sentido, não tenho qualquer desconforto em defender o que fizemos em Portugal, mas, também, em dizer claramente aos europeus e aos portugueses que temos muito mais caminho para percorrer, afastando populismos e extremismos", advoga.

 

Na sua resposta à questão sobre a ideia de haver agora um PS muito governamentalizado, Pedro Marques começa por contrapor que a lista que encabeça é um exemplo de renovação.

 

"Continuam [apenas] dois dos deputados da legislatura anterior [Pedro Silva Pereira e Carlos Zorrinho] para a nova lista. Naturalmente, o facto de estarem dois antigos membros do Governo, que saíram do executivo recentemente para integrar a lista, pode induzir essa ideia de que há uma proximidade importante", admite - aqui, numa referência ao seu próprio caso e ao da ex-ministra da Presidência Maria Manuel Leitão Marques.

 

No entanto, segundo Pedro Marques, "o projeto político é o de fazer bem na Europa aquilo que se está a fazer bem em Portugal".

 

"Portanto, não temos qualquer problema de escrutinar as políticas que permitiram criar 350 mil empregos em Portugal, que permitiram reduzir a pobreza ou ter os défices mais baixos da nossa democracia, ao mesmo tempo em que se reduziu a dívida pública. Não temos qualquer problema com isso", insistiu.

 

O ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas vai mesmo mais longe no sentido de defender os benefícios de uma associação do PS aos resultados do executivo de António Costa.

 

"Temos toda a tranquilidade e até estamos completamente positivos a explicar aos portugueses de que queremos fazer na Europa aquilo que estamos a fazer em Portugal. E queremos defender este modelo que estamos a implementar em Portugal da mesma direita europeia das sanções e dos cortes", acentuou.

 

Questionado se a colagem ao Governo não levará o PS a nova derrota nas eleições europeias, tal como aconteceu em 2009, Pedro Marques rejeita esse cenário.

 

"O PS apresenta-se muito confiante a estas eleições, tendo a vontade e a ambição de as ganhar de forma clara e na justa medida que temos bons resultados para apresentar aos portugueses. Considero também normal que, havendo duas eleições praticamente consecutivas, haja um ambiente de escrutínio nacional mesmo nas eleições europeias", observa.

 

Nestas circunstâncias de mistura entre as questões nacionais e europeias ao longo da campanha eleitoral, o "número um" socialista diz-se sentir-se "muito à-vontade para apresentar a proposta política do PS".

 

Uma proposta em relação à qual "a direita dizia que nunca se conseguiria repor os rendimentos e aumentar os apoios sociais, pondo ao mesmo tempo as contas em ordem".

 

"De facto, conseguimos fazer o que prometemos. É isso que queremos fazer na Europa e, por isso, estou muito à-vontade para apresentar esse programa em Portugal", acrescentou.

 

 

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