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Parecer parlamentar afasta incompatibilidades de Maria Luís

O projecto de parecer da subcomissão parlamentar de Ética afasta quaisquer incompatibilidades da deputada do PSD Maria Luís Albuquerque em ser administradora não executiva do grupo financeiro britânico Arrow Global. No entanto, recomenda uma declaração ao TC.

Bloomberg
07 de Abril de 2016 às 00:59
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"Não existe incompatibilidade ou impedimento no exercício do cargo de administradora não executiva da Arrow Global Group PLC, pela Senhora Deputada Maria Luís Albuquerque, e as funções decorrentes do exercício do mandato parlamentar, dado que a situação aqui em causa não se subsume ao universo de incompatibilidades ou de impedimentos legais previstos no Estatuto dos Deputados, designadamente nos artigos 20.º e 21.º, n.º 5 e 6", lê-se  no projecto de parecer distribuído aos membros da subcomissão parlamentar de Ética – que será votado esta sexta-feira, 8 de Abril – e a que a Lusa teve acesso.

 

O documento acrescenta que "não existe igualmente impedimento no exercício do cargo de administradora não executiva da Arrow Global Group PLC, pela Deputada Maria Luís Albuquerque, nos termos previstos no artigo 5.º do Regime Jurídico de Incompatibilidades e Impedimentos dos Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos, relativo ao "Regime aplicável após cessação de funções', dado que não se encontram preenchidos os requisitos aí expressamente previstos".

 

No entanto, o texto de 17 páginas, da autoria do também tribuno social-democrata Paulo Rios de Oliveira, no âmbito da 1.ª Comissão (Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias), "recomenda" à actual vice-presidente do PSD e ex-ministra das Finanças "que proceda à actualização da sua declaração junto do Tribunal Constitucional, nos termos do n.º 4 do artigo 21.º do Estatuto dos Deputados", prazo estipulado em dois meses desde a nomeação (7 de Março).

 

Maria Luís Albuquerque declarou perante os seus pares que "nunca teve qualquer conhecimento directo, contacto ou intervenção, nomeadamente celebração de contratos, com as empresas Arrow Global, WhiteStar, ou outras do grupo, enquanto exerceu as funções governativas".

 

As funções em causa são de "escrutínio da actividade da comissão directiva da empresa e de aconselhamento e decisão estratégica", "exclusivamente na Arrow Global PLC, e não em quaisquer outras empresas do Grupo", em actividades "estritamente" comerciais, de "gestão de carteiras de créditos privados, não desenvolvendo esta empresa, nem as suas subsidiárias", quaisquer outras relacionadas com "aquisição de dívida pública, especulação, ou outro tipo de transacções".

 

Segundo o documento a ser debatido no parlamento, o grupo Arrow Global "é uma sociedade de responsabilidade limitada (public limited company, em Inglês), cotada na Bolsa de Valores de Londres e que opera nos termos do código das sociedades comerciais do Reino Unido", com o objecto social de "serviços financeiros".

 

A dirigente social-democrata vai ainda actuar como "membro do comité de risco e auditoria ('Company's Audit and Risk Committee', em inglês)" daquele conglomerado britânico de gestão de crédito, "cujas características igualmente não contendem com o seu mandato parlamentar, nem com o regime em que a mesma o exerce", segundo o parecer.

 

Tal como para as empresas do grupo White Star Asset Solutions (404.228,88 euros) e Gesphone (19.931,39), o Governo socialista comunicou terça-feira à subcomissão de ética a existência de procedimentos automáticos como "majoração à criação de emprego", "crédito fiscal extraordinário ao investimento", "majoração de quotizações empresariais" e "majoração de donativos de mecenato científico" para a empresa Redrock Capital Partners, num total de 18.225,04 euros, entre 2011 e 2015.

 

Num esclarecimento posterior, a Redrock Capital Partners informou que só "é uma empresa do grupo Arrow Global desde Março de 2016", sublinhando que "os benefícios fiscais automáticos concedidos à empresa são anteriores a esta aquisição".

 

A 'holding' AGHL e as companhias Sandalgreen Assets e Gesphone Securities, sobre as quais PS, BE e PCP também tinham pedido informações, não tiveram o mesmo tratamento ao que os serviços das Finanças conseguiram apurar.

 

A subcomissão de Ética tinha ouvido a deputada do PSD quinta-feira, após receber as primeiras informações do executivo socialista relativamente a quatro empresas detidas pelo Arrow Global.

 

O projecto de parecer, distribuído na quarta-feira às várias bancadas parlamentares, vai merecer eventuais propostas de alteração dos diversos grupos parlamentares até sexta-feira, data para a qual está agendada a discussão e votação, a partir das 8:30, pela subcomissão de Ética – à porta fechada, por norma.

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