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“Obviamente” que protestos não alteraram agenda dos governantes
Os protestos aos governantes que têm marcado os últimos dias não foram tema de discussão do Conselho de Ministros nem levaram a uma modificação da agenda do Executivo. Mas o Governo faz questão de dizer que uma coisa é o direito de expressão, outra é a tentativa de silenciamento.
Os membros do Governo português não discutiram no Conselho de Ministros desta quinta-feira, 21 de Fevereiro, os recentes protestos de que vários governantes têm sido alvo nos últimos dias, segundo assegurou o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Luís Marques Guedes.
Apesar de o assunto não ter sido debatido, Marques Guedes quis responder às perguntas sobre o tema, “atendendo à sua actualidade”. O governante garantiu que não houve alterações de agenda devido a incidentes como os protestos que impediram Miguel Relvas de discursar na conferência de 20 anos da TVI, na passada terça-feira. “Obviamente que não” houve alterações, disse.
Da mesma forma, o secretário de Estado declarou, na conferência de imprensa que se segue à reunião do Conselho de Ministros, que não teve conhecimento de qualquer reforço da segurança dos governantes, remetendo para as forças de segurança qualquer decisão a esse respeito. “Com o envolvimento directo do Governo, não [houve reforço de segurança]”, respondeu.
Nas respostas aos jornalistas, Marques Guedes afirmou que o “Governo não confunde situações pontuais com aquilo que é o sentir e são os princípios e valores democráticos da generalidade da sociedade portuguesa”.
“Há, de facto, alguns fenómenos nos últimos dias em que tem havido uma triste confusão entre os direitos de as pessoas se fazerem ouvir e o direito a silenciarem os outros. Este último direito não existe numa sociedade tolerante e democrática como a nossa”, afirmou o secretário de Estado, referindo-se ao incidente que envolveu Miguel Relvas. Logo após esse caso, o próprio Executivo emitiu um comunicado em que repudiava o facto de o protesto dos estudantes do ISCTE não ter permitido que o ministro fizesse o seu discurso.
Noutros exemplos de protestos a membros do Governo, Miguel Relvas foi alvo de críticas durante um debate promovido pelo "Clube dos Pensadores. Paulo Macedo, o ministro da Saúde, foi ontem interrompido pelo cântico da música “Grândola Vila Morena” numa intervenção, algo que já tinha acontecido a Pedro Passos Coelho no Parlamento.