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O que aconteceu ao investimento? Três gráficos, três narrativas

Mário Centeno ia preparado com gráficos em folhas A3 para a audição com os deputados da comissão de Orçamento e Finanças. Mas os deputados também.

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A audição do ministro das Finanças, Mário Centeno, no Parlamento, foi rica em gráficos. Só sobre investimento, foram apresentados três: um para cada narrativa da realidade. O PSD quis provar que o investimento caiu nesta legislatura, o Governo quis dizer que caiu foi na anterior, e o PCP quis garantir que foi sempre baixo.

Foi o PSD quem abriu as hostes no que a gráficos diz respeito: a deputada Inês Domingos mostrou na sala da comissão de orçamento e finanças um gráfico feito pelo próprio Governo, mas para concluir que o investimento está hoje pior do que em 2015.

Os social-democratas acusam Mário Centeno de cortar no investimento para conseguir fazer descer o défice, estrangulando por essa via o funcionamento dos serviços e comprometendo o crescimento futuro da economia. A deputada fez questão de que o gráfico fosse distribuído por todos os presentes na sala.
Na resposta, Mário Centeno exibiu um gráfico, em tamanho A3 com duas colunas, uma amarela outra lilás, e uma grande seta a preto. Objetivo: demonstrar o crescimento do investimento pago pelo orçamento do Estado, em 45,2%.

O ministro das Finanças argumenta que as taxas de execução do investimento orçamentado estão acima de 80% e que o défice até está 0,5 pontos percentuais mais elevado por causa dessa despesa. Centeno frisou que os fundos estruturais que podem ser canalizados para o investimento no âmbito do PT 2020 são menores e que, por isso, o Estado até está a fazer agora um esforço maior do que durante a legislatura PSD/CDS-PP.
A rematar a discussão, Duarte Alves, deputado do PCP, mostrou um terceiro gráfico. Era uma série longa do investimento, onde se pretendia mostrar que o nível continua muito abaixo do conseguido no passado. E que essa carência de investimento era comum tanto à atual legislatura, como à anterior.

E ainda houve o gráfico Pacman

Mas não foi só o tema do investimento que teve direito a gráficos. O ministro das Finanças trazia outros dois coelhos na cartola, para falar de carga fiscal e responsabilidade sobre os encargos gerados no futuro. Eram duas ilustrações, também em tamanho A3. Uma era sobre a variação da carga fiscal, à outra chamou-lhe "o Pacman".

O Pacman era uma ilustração com três gráficos de queijo, a azul e amarelo, que representavam o financiamento da despesa pública em pontos percentuais do PIB, ora por receita fiscal, ora por défice. O desenho fazia de facto lembrar o boneco do jogo que come bolinhas, sempre com a boca a abrir e a fechar. No primeiro queijo a boca estava muito aberta, no segundo estava mais fechada e no terceiro estava fechada.
Centeno fez a leitura dos gráficos. "Nos anos que vão desde 1995 a 2015, todos os anos os governos em Portugal não legislaram sobre a carga fiscal desse ano, mas sim no futuro," defendeu. E continuou: "O amarelo são os défices gerados em cada um desses anos, em média, que significam carga fiscal no futuro e dívida."

No final, concluiu: "Nesta legislatura conseguimos fazer com que este Pacman comesse menos do futuro." É que no segundo queijo, que representa o período de 2015 a 2018, a boca do Pacman está mais fechada, porque o défice é menor. Depois, no período de 2019 a 2023, que coincide com o Programa de Estabilidade, o Pacman já não come nada.

Mais tarde, na resposta, Cecília Meireles perguntaria ao ministro que nome tinha dado ao Pacman, "se Pina Moura, se Teixeira dos Santos" - dois ex-ministros socialistas. "Bagão Félix", respondeu Centeno.
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