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Marcelo diz que democracia "não é dado adquirido" e pede atenção aos "novos desafios"
O Presidente da República advertiu hoje que a democracia "não é um dado adquirido" e pediu atenção aos "novos desafios", para evitar deixar espaços vazios aos "fenómenos ditos populistas" e às "contestações anti-sistémicas".
O Presidente da República advertiu hoje que a democracia "não é um dado adquirido" e pediu atenção aos "novos desafios", para evitar deixar espaços vazios aos "fenómenos ditos populistas" e às "contestações anti-sistémicas".
"No domínio da construção da democracia, empatar é perder. Jogar para o empate é jogar para a derrota, porque é não olhar para o futuro, é não querer mais e não estar atento aos novos desafios", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, na Associação 25 de Abril, em Lisboa, argumentando que "as sociedades mudam, e os anseios mudam".
O chefe de Estado, que falava na apresentação do livro "Operação Viragem Histórica - 25 de Abril de 1974", das Edições Colibri, agradeceu a todos os que lutaram pela democracia e considerou que é importante "ir celebrando os momentos históricos", mas que isso "não basta, não chega".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é preciso que "o direito e a política acompanhem a tempo as mudanças" da sociedade, "porque se não fica um vazio, e esse vazio permite as promessas mais ilusórias de regresso a passados impossíveis ou da construção de futuros inviáveis".
O Presidente da República salientou também o papel que cabe a cada um dos portugueses na construção democrática, afirmando que "eles são chamados a construir essa democracia todos os dias", e pediu em especial aos jovens que não fiquem "alheios a essa construção".
"O 25 de Abril não é propriedade apenas de alguns, é propriedade de todo o povo português, mas é preciso que o povo português perceba que o 25 de Abril é seu, e que o assuma, e que o viva", disse.
Na presença de militares de Abril como Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que a democracia "é uma realidade que custou a construir".
"O viver em democracia e em liberdade faz amiúde esquecer o valor que tem a liberdade e que a democracia. Passa a ser habitual, natural, como se fosse respirar, passa a ser considerado como óbvio, como banal, como evidente, como dado adquirido. Ora, não é evidente nem dado adquirido", advertiu.
O Presidente da República referiu-se ao 25 de Abril de 1974 como "uma abertura de caminhos" numa "democracia muito ambiciosa", que "quer ser pessoal, quer ser política, quer ser económica, quer ser social e quer ser cultural".
"Não se satisfaz com a mera democracia política, que é fundamental, a participação política. Preocupa-se com essa participação, preocupa-se se os eleitores estiverem longe dos eleitos, preocupa-se com as formas de representação, preocupa-se com o aparecimento de fenómenos ditos populistas, preocupa-se com contestações anti-sistémicas que estão na margem da democracia", referiu.
"Preocupa-se, porque a política tem horror ao vazio, e se surgem certas manifestações, só surgem porque foi deixado um vazio", acrescentou, insistindo que é essencial "preencher esse vazio em tempo útil".