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Manuel Alegre confessa estar arrependido da segunda candidatura presidencial

"Arrependo-me da segunda candidatura à Presidência da República, não da primeira", disse o antigo dirigente socialista em resposta ao 'podcast' do grupo parlamentar socialista "Tem a palavra", que será divulgado na terça-feira.

O político e poeta Manuel Alegre evocou Mário Soares como um combatente antifascista que cedo teve a visão que era preciso criar um partido que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos. Manuel Alegre, em entrevista à RTP, considerou ainda que a morte de Mário Soares significa um luto não só para si, para os filhos, a família e amigos, mas também para o país, do qual foi primeiro-ministro e Presidente da República. Manuel Alegre alertou para as 'tentações revisionistas' sobre a biografia de Mário Soares, lembrando que o antigo líder do PS começou por ser opositor ao regime de Salazar, como militante do PCP, tendo depois entendido que era necessário um partido que juntasse os socialistas e que tivesse o apoio da Internacional Socialista e dos partidos democráticos. Tudo isto numa altura em que a 'grande força da resistência (antifascista) era o PCP', observou Manuel Alegre, revelando que conheceu Mário Soares em Paris, numa visita realizada com Piteira Santos. Já na fase do pós-25 de Abril, Alegre recordou Mário Soares como alguém que se opôs à instauração de uma democracia popular, apoiada pelo PCP e inspirada nos países de Leste. Manuel Alegre descreveu ainda Soares como um 'homem de fibra, optimista e voluntarioso', que acreditava sempre na vitória, mesmo quando as sondagens eleitorais estavam muito baixas.
'Era um optimista e tinha uma grande alegria', relatou Manuel Alegre, confidenciando que Soares gostava de literatura e de pintura e era amigo de 'muitos escritores e poetas'. No plano das confidências pessoais, revelou também que Soares 'não gostava de almoçar sozinho', razão pela qual almoçava e jantava frequentemente com os amigos e camaradas dom PS. Alegre falou ainda do papel de Mário Soares na Europa e na Internacional Socialista e dos seus amigos Willy Brandt, Olof Palme e Miterrand.
Miguel Baltazar
24 de Abril de 2023 às 20:28
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O histórico dirigente socialista Manuel Alegre confessou ter-se arrependido da sua segunda candidatura presidencial numa conversa com o 'podcast' do partido, na qual previu que "António Costa é o sucessor de António Costa".

"Arrependo-me da segunda candidatura à Presidência da República, não da primeira", disse o antigo dirigente socialista em resposta ao 'podcast' do grupo parlamentar socialista "Tem a palavra", que será divulgado na terça-feira.

Manuel Alegre considerou que "provavelmente teria ganho as eleições" presidenciais de 2005, não fosse a sua zanga com o seu amigo Mário Soares, que voltou a entrar na corrida a Belém apoiado pelo PS, então liderado por José Sócrates.

Mas "o que lá vai, lá vai" e a zanga durou até Mário Soares lhe telefonar um dia para lhe dizer: "O que lá vai, lá vai". "Assim, começámos como queridos amigos e acábamos como queridos amigos".

Para o ex-candidato a Belém, se fosse vivo Soares "diria coisas boas e desagradáveis" - que "fazia falta que o PS e o país ouvissem".

Sobre o atual Presidente, Manuel Alegre defendeu que "tem um papel muito interventivo. Por vezes bom, serena os espíritos. Outras vezes complicativo". Sublinhaou ainda que "o Partido Socialista tem tido muita prudência, dado que a cooperação institucional é importante para a estabilidade".

Quanto ao cenário de dissolução da Assembleia da República e convocação de legislativas antecipadas, outra vez, o antigo dirigente do PS entende que não vai acontecer. "O Presidente da República não pôs em causa a estabilidade, apenas faz comentários demais, isso é um facto. Faz comentários demais e esses comentários depois dão origem a especulações, mas ele foi muito claro em dizer que não estava no seu espírito ou vontade dissolver a Assembleia da República", disse.

Alegre considerou também que, "independentemente de alguns erros cometidos e de outros episódios acerca dos quais muito se tem falado", o PS "tem motivos para se orgulhar daquilo que fez nos últimos sete anos", porque além de ter mantido as "contas públicas certas", aprovou "leis importantes", designadamente as as leis de bases da saúde, habitação e clima. "Contribui para alterar a sociedade", trazendo "melhorias substanciais" na vida dos portugueses, refere.

Abordando os populismos de extrema-direita, da Hungria aos Estados Unidos, passando por Israel, Manuel Alegre comentou que "antigamente a democracia era derrubada com tanques, metralhadoras e tropa na rua, agora é por dentro que se faz essa desconstrução".

"A democracia não é totalmente liquidada, mas deixa de ser democracia plena. E é isso que também alguns gostariam que acontecesse em Portugal", afirmou, numa referência clara à extrema-direita parlamentar e aos inimigos do regime democrático.
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