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Politólogos: novo Governo terá condições de governabilidade, mas tem ser "mais competente"
O país foi a eleições, mas ainda há muitas questões por esclarecer. Siga aqui todas as notícias do dia seguinte.
"Viragem à direita não responde a interesses dos trabalhadores", diz CGTP
A CGTP considerou hoje que os resultados eleitorais e a futura composição parlamentar representam "uma viragem à direita que não responde aos interesses dos trabalhadores e do país" e prometeu mobilização e luta por salários e direitos.
Os resultados das eleições legislativas de domingo "revelam, desde logo, a rejeição de uma maioria absoluta", afirma a CGTP em comunicado, acrescentando que sobressai ainda "o aumento da votação nas forças mais reacionárias e de extrema-direita".
"Este resultado não pode ser desligado da falta de resposta aos problemas concretos dos trabalhadores e da degradação das condições de vida", defende a central sindical.
No documento, a CGTP reafirma que vai intensificar a sua "ação de esclarecimento e mobilização dos trabalhadores", como ficou definido no congresso da intersindical, em fevereiro, referindo que serão "momentos altos da reivindicação" ações previstas para o 25 de Abril e a "grande jornada nacional de luta" no 1º de Maio.
"Quando se aproximam as comemorações do 50º aniversário do 25 de Abril, ganha ainda mais importância defender as suas conquistas e lutar pela efetivação dos valores da revolução", sublinha a intersindical.
Nas eleições legislativas de domingo, a Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.
Presidente do Eurogrupo confia que Portugal mantenha "progressos notáveis"
O presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, disse esta segunda-feira confiar que Portugal mantenha os "progressos notáveis" alcançados nos últimos anos no domínio das finanças públicas.
"Penso que não cabe a ninguém aqui especular sobre o que poderá ser o [próximo] governo, mas apenas gostaria de dizer que foram feitos enormes progressos e que vi Portugal alcançar um excedente orçamental, recuperando muito rapidamente da pandemia. E espero certamente que esse tipo de progresso continue no futuro e estou muito confiante de que isso aconteça", disse Paschal Donohoe.
Questionado pela Lusa na conferência de imprensa após o Eurogrupo, em Bruxelas, sobre o resultado das eleições legislativas de domingo, o responsável irlandês salientou os "progressos notáveis que foram feitos no domínio das finanças públicas" em Portugal.
"O ministro [Fernando] Medina tem sido um interlocutor muito próximo de todos nós no Eurogrupo. Estou consciente de que este é um momento muito sensível, o dia seguinte a uma eleição, e sei que agora vão decorrer várias semanas de consultas ao Parlamento e que o vosso Presidente vai analisar um futuro governo", adiantou Paschal Donohoe.
Prazo da entrega do Programa de Estabilidade pode ser prorrogado
O Programa de Estabilidade tem de ser entregue à Assembleia da República até ao dia 15 de abril, mas o prazo de apresentação pode ser prorrogado caso seja solicitado, se o novo Governo ainda não tiver tomado posse.
A Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) prevê que "o Governo apresenta à Assembleia da República a atualização do Programa de Estabilidade, para os quatro anos seguintes, até ao dia 15 de abril", que depois tem o prazo de 10 dias para a sua apreciação.
No entanto, o período entre a tomada de posse do novo Governo e a entrega prevista do Programa de Estabilidade é apertado, já que o Presidente da República irá indigitar o primeiro-ministro depois de conhecidos os resultados da emigração, que segundo o mapa calendário da CNE serão apurados no dia 20 de março.
A expectativa é que seja já o novo Governo a entregar o próximo Programa de Estabilidade, segundo fontes ouvidas pela Lusa, que consideram não fazer sentido ser o atual Governo a desenhá-lo se já não irá cumpri-lo.
No entanto, o novo Governo (ou, no limite, até mesmo o atual Governo ainda em funções, caso o próximo ainda não tenha tomado posse à data) podem solicitar o pedido de adiamento do prazo à Assembleia da República, de acordo com a informação recolhida pela Lusa.
Economista vê na vitória do Chega em Faro a frustração dos eleitores
O economista Luís Serra Coelho considerou esta segunda-feira que a vitória do Chega no Algarve é um voto de protesto que expressa a "frustração" dos eleitores à forma como os sucessivos governos têm tratado a região.
"Parece-me relativamente razoável pensar que as pessoas se mobilizaram para ir votar no Chega, não por convicção, mas simplesmente para mostrarem aquilo que é o seu profundo desagrado com aquilo que tem sido a visão [...] que o Governo central tem tido para com o Algarve", disse à agência Lusa o professor de Finanças na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (UALg).
O Chega venceu as eleições legislativas de domingo no distrito de Faro, com 27,19% dos votos, e elegeu três dos nove deputados, o mesmo número de mandatos obtidos pelo PS e também pela Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), sendo o primeiro distrito que o partido ganha.
Luís Serra Coelho é da opinião que o mal-estar dos algarvios tem a ver, em primeiro lugar, com "um conjunto de promessas que foram feitas ao longo dos anos por sucessivos governos e que não são cumpridas", limitando a sua capacidade de "executar aquilo que é o seu desejo, que é de serem felizes e terem uma vida condigna".
O docente, que é também presidente da delegação do Algarve da Ordem dos Economistas, dá como exemplo a questão da saúde, com a população a ter dificuldades no acesso a cuidados primários e aos sucessivos adiamentos na construção do Hospital Central do Algarve.
"A obra já foi lançada duas ou três vezes e já deu origem a muitas manchetes" de jornais, afirmou Luís Serra Coelho, que recorda as visitas de ministros à região sem que haja ainda "obra no terreno".
As dificuldades do Governo em cumprir as promessas que fez relativamente à região leva também a que a região tenha "claríssimas dificuldades hídricas", exemplificou o economista. "A verdade é que há muitos planos, muitos milhões, mais uma vez, muitas visitas de ministros e outras pessoas importantes e arriscamos em 2024, ou eventualmente em 2025, a não ter água no Algarve para abastecer o ciclo urbano", sublinhou.
Segundo Luís Serra Coelho, outra razão para o descontentamento dos algarvios tem a ver com a "dinâmica económica" da região, que vive um "paradoxo".
Sendo uma região que se comporta muito bem do ponto de vista do Produto Interno Bruto (PIB) 'per capita' tem, no entanto, uma taxa elevada de privação material e de pobreza, explica Luís Serra Coelho.
Finalmente, o docente referiu outro ponto de descontentamento, "de que ninguém gosta de falar", que é a questão "do tecido social da região".
Por um lado, há muitos imigrantes do norte da Europa que têm dinheiro e exercem uma pressão, nomeadamente, para a subida de preços da habitação, que é um dos problemas graves do Algarve. Por outro, há pessoas que vêm de outros países, nomeadamente, do Brasil, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), da Ásia e de África, à procura de uma melhor condição de vida.
Para o docente, "sente-se um certo desconforto" nesta matéria, sem que tenha havido uma verdadeira vontade de integrar estas comunidades.
O PS, que tinha conseguido eleger cinco deputados em Faro nas últimas legislativas, passou nas eleições de domingo para segundo lugar, com 25,46% dos votos, perdendo dois deputados para o Chega, que em 2022 tinha elegido um deputado por este círculo eleitoral.
Já o PSD, que nestas eleições concorreu em coligação com o CDS e o PPM, obteve no Algarve 22,39% dos votos, mantendo os três mandatos que tinha conseguido sozinho em 2022.
Mesa Nacional do BE reúne-se sábado para balanço das legislativas
A Mesa Nacional do BE vai reunir-se no sábado em Lisboa para fazer a análise dos resultados das eleições legislativas e "definir prioridades de intervenção", adiantou fonte oficial do partido à Lusa.
A reunião deste órgão máximo entre convenções, de acordo com a mesma fonte bloquista, será para fazer o "balanço das eleições e definir prioridades de intervenção".
Segundo os resultados provisórios, e ainda sem os mandatos dos dois círculos eleitorais da emigração em falta, o BE tem 4,46%, com cerca de 274 mil votos, tendo conseguido eleger o mesmo número de deputados.
Nas eleições de domingo, o BE falhou o objetivo de afastar a direita e recuperar deputados por Aveiro, Braga, Santarém ou Faro, apesar de ter subido a votação em cerca de 30 mil votos e mantido os mesmos cinco mandatos, fixando-se como quinta força política.
Mantendo a mesma distribuição de mandatos pelos círculos eleitorais de Lisboa (dois), Porto (dois) e Setúbal (um), o novo grupo parlamentar conta com a novidade da eurodeputada Marisa Matias e com a estreia a tempo inteiro de Fabian Figueiredo (que já tinha estado em regime de substituição), para além da manutenção de Mariana Mortágua, José Soeiro e Joana Mortágua.
Mariana Mortágua chegou a estas eleições legislativas com menos de um ano à frente da liderança do BE e foi clara, ao longo de toda a campanha, sobre os objetivos que pretendia: afastar a direita do poder, integrar uma maioria de esquerda, recuperar deputados perdidos em 2022 e crescer eleitoralmente, depois do desaire das últimas eleições.
Destes objetivos, apenas conseguiu cumprir um deles, que foi ter mais votos do que em 2022, cerca de 30 mil, o que a coordenadora do partido considerou ser uma "prova de enorme resistência" dos bloquistas.
De resto, houve uma "inegável viragem à direita" assumida por Mortágua, cuja responsabilidade atribuiu à "desastrosa governação" da maioria absoluta do PS, e quando discursou, ainda antes de Pedro Nuno Santos ter assumido a derrota em nome dos socialistas, ainda se mostrou disponível para integrar qualquer solução que afastasse a direita do poder.
Caso fosse impossível esta solução para afastar, a líder do BE deixou desde logo uma garantia ao "povo de esquerda": "terá no Bloco de Esquerda a oposição mais combativa à direita". Em 2022, o BE tinha conseguido 4,4%, com 244.596 votos e os mesmos cinco deputados.
Politólogos: Novo Governo terá condições de governabilidade
O Governo que sair das eleições de domingo tem condições de governabilidade, segundo os politólogos ouvidos pela Lusa, considerando que tem é de ser "mais competente" que o anterior para aguentar a legislatura.
"Há de formar-se [o novo Governo] sem dúvida, vão encontrar uma solução, a questão será é quanto tempo vai durar e não sabemos que tipo de Governo vai resultar", disse à Lusa Marco Lisi, professor e investigador de Ciência Política no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.
De acordo com o politólogo "pode acontecer muita coisa", não querendo dizer necessariamente "novas eleições", mas sublinhando haver "várias soluções em cima da mesa".
"A hipótese mais provável é que seja um Governo de minoria do PSD, sobretudo até à eleição de um novo Presidente da República (em 2026), depois haverá cálculos políticos", considerou.
Segundo o especialista em ciência política, mesmo que venha a existir uma crise de Governo, e se o PSD vier a ter outro líder, este "poderá fazer acordo com o Chega, uma vontade do Chega e que teria mais a ver com os resultados eleitorais", sendo que Luis Montenegro disse que iria cumprir o "não é não" sobre a inclusão do Chega no Governo.
Marco Lisi considera que o resultado de "grande maioria da direita foi claro nas urnas, não sendo claro, no entanto, que governe assim como solução, e afasta, para já a hipótese de um governo de "bloco central", que poderá estar em cima da mesa num futuro.
Já Adelino Maltez, investigador de ciência política e professor catedrático, disse à Lusa concordar existirem condições para formar Governo, considerando que o Chega vai "ocupar um espaço para uma democracia mais inclusiva".
"Há cerca de 20% dos portugueses que querem, estamos em democracia, como está grande parte da Europa Ocidental que também quer, o tempo é o tempo e o Chega não é uma doença, são a expressão de determinados valores", explicou.
No entanto, Adelino Maltez considerou que o partido que está mais próximo do PSD é o PS e "os pactos de regime são possíveis", podendo ser "uma solução para a democracia portuguesa como já foi no passado".
Segundo o politólogo, Pedro Nuno Santos "demarcou-se no domingo de Antonio Costa", já que pela primeira vez saiu da "posição dupla em que se encontrava, como defensor de Costa e ontem [domingo] deu início a um novo caminho".
"Para já temos de pensar se vamos ter um Governo mais competente que outros, que conquiste a sociedade", disse, salientando que Luís Montenegro terá de escolher "um Governo muito bom porque se não o fizer, com ministros comunicativos, corre sérios riscos, portanto vai exigir o melhor de si como líder".
Adelino Maltez considerou também que os críticos "têm que saber interpretar os resultados", porque "não se pode pedir mais à democracia porque os portugueses escolheram aquilo que queriam".
No domingo, a Aliança Democrática (AD), liderada por Luís Montenegro, venceu as eleições legislativas, com 29,49% dos votos e 79 deputados, à frente de PS, de Pedro Nuno Santos, segundo mais votado, com 28,66% e 77 eleitos, e Chega, de André Ventura, com 18,06% e 48 mandatos, de acordo com os resultados provisórios, faltando ainda atribuir os quatro mandatos pela emigração.
Confederação do turismo apreensiva com eventual adiamento de novo aeroporto
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, está apreensivo com um eventual adiamento da decisão sobre o novo aeroporto face ao cenário "incerto" de governabilidade que resultou das eleições legislativas.
"Preocupa-nos, sobretudo, no imediato, um possível novo adiamento da decisão sobre o novo aeroporto, algo que seria muitíssimo prejudicial para o turismo e para o país", afirma Francisco Calheiros, numa nota enviada às redações.
A CTP considera que "os resultados eleitorais sugerem um panorama político incerto em termos de governabilidade e estabilidade", o que lhe levanta preocupações.
"Num momento de grande incerteza internacional, com as conhecidas consequências económicas e sociais, a perspetiva de dificuldades em Portugal em ter um Governo estável e a eventualidade de novas eleições, deixa os empresários do Turismo na expetativa, com um sentimento de incerteza, que em nada beneficia a atividade turística", refere a confederação.
A Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas de domingo, com 29,49% dos votos e 79 deputados, contra os com 28,66% e 77 deputados alcançados pelo PS, quando ainda falta atribuir os quatro mandatos do círculo da emigração.
O Chega quadruplicou o número de deputados para 48, com 18,06% dos votos.
A IL conquistou oito deputados (5,08%), o BE manteve os cinco deputados (4,46%), a CDU diminuiu o número de deputados face a 2022 para quatro (3,3%).
O Livre vai formar pela primeira vez grupo parlamentar, tendo conseguido alcançar quatro deputados (3,26%), enquanto o PAN mantém-se com um deputado (1,93%).
Vitória do Chega em Faro é voto de protesto contra "incerteza e insegurança", diz PSD
O presidente do PSD do Algarve considerou hoje que a vitória do Chega na região representa um voto de protesto num distrito em que as pessoas vivem com "incerteza e insegurança", ampliadas pelos ciclos económicos.
"As pessoas tanto estão numa perspetiva de realizar os seus projetos de vida com o trabalho, com perspetivas de melhorar a sua vida como, no dia seguinte, com ciclos destes negativos, vão para o desemprego ou a empresa vai à falência", disse à Lusa Cristóvão Norte, eleito, em segundo lugar, pela lista da AD.
O Chega venceu as eleições legislativas de domingo no distrito de Faro, com 27,19% dos votos, e elegeu três dos nove deputados, o mesmo número de mandatos obtidos pelo PS e também pela Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), sendo o primeiro distrito que o partido ganha.
Cristóvão Norte insistiu que a ampliação de ciclos económicos positivos e negativos "conduz a muita incerteza por parte das pessoas, muita dúvida, muita insegurança" e que "isso leva as pessoas mais facilmente para partidos de protesto [como o Chega], porque elas já não esperam nada, porque estão desiludidas".
Para chegar a esta conclusão, o social-democrata começou por referir que o Algarve tem uma economia essencialmente assente no turismo, que está "muito exposta a ciclos económicos", ampliando o impacto dos mesmos.
O deputado eleito deu como exemplo que durante a pandemia de covid-19, a economia do país decresceu 8% e a do Algarve caiu 16%, e quando o país cresce, o Algarve cresce a um ritmo muito mais acelerado, levando isto a que se tenha "incerteza e insegurança" e mesmo "uma certa esquizofrenia na vida das pessoas".
Mas, para Cristóvão Norte, há uma segunda razão importante para o voto de protesto no Chega, que se prende com "o facto de, em matérias estruturantes para a região, ao longo dos anos, não se terem vindo a assegurar respostas que garantam a realização desses investimentos".
O líder regional do PSD deu como exemplos a falta de investimentos do Governo para resolver o problema da seca na região, o atraso na construção do Hospital Central do Algarve ou a questão da requalificação da Estrada Nacional 125, para só citar alguns exemplos.
O PS, que tinha conseguido eleger cinco deputados em Faro nas últimas legislativas, passou para segundo lugar, com 25,46% dos votos, perdendo dois deputados para o Chega, que em 2022 tinha elegido um deputado por este círculo eleitoral.
Já o PSD, que nestas eleições concorreu em coligação com o CDS e o PPM, obteve no Algarve 22,39% dos votos, mantendo os três mandatos que tinha conseguido sozinho em 2022.
PCP: Resultado obtido pela CDU dos Açores "não foi o esperado"
O coordenador regional do PCP Açores, Marco Varela, disse hoje que o resultado da CDU nas eleições legislativas "não foi o esperado", mas o partido mantém os compromissos assumidos com os trabalhadores e com o povo.
"O resultado obtido pela CDU, tanto a nível nacional como regional, não foi o esperado, e irá constituir um fator negativo para o futuro próximo do país no seu conjunto, tendo evidentemente repercussões também na região", referiu Marco Varela, numa nota de imprensa hoje divulgada.
A CDU (PCP/PEV) obteve nos Açores 1,09% (1.160 votos). A nível nacional alcançou 3,30% (202.485 votos) e elegeu quatro deputados.
Apesar do resultado verificado, o líder do PCP/Açores refere no comunicado que, como sempre, "nem o aumento nem a diminuição dos votos obtidos enfraquecem ou alteram os compromissos assumidos com os trabalhadores e com o povo".
"O PCP não faltará com a sua disponibilidade, iniciativa, determinação e independência política, para fazer com que o país e a região andem para a frente, empenhando-se numa política alternativa patriótica e de esquerda", garantiu Marco Varela.
Segundo o coordenador regional do PCP açoriano, o partido "será, mais uma vez, a luta dos trabalhadores e do povo, com a CDU sempre ao seu lado, a impedir retrocessos e a tornar possíveis os avanços necessários".
A lista da Aliança Democrática (AD) mereceu a escolha de 39,84% (42.343 votos) dos 106.273 eleitores açorianos e elegeu dois deputados para a Assembleia da República.
A candidatura do PS, que também elegeu dois deputados, obteve 29,18% (31.015 votos) e a lista do Chega, que elegeu um, alcançou 15,76% (16.744 votos), de acordo com os resultados provisórios divulgados pelo Ministério da Administração Interna.
A nível nacional, a AD, que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.
Ferro Rodrigues pede tempo para Pedro Nuno Santos "reconstruir a esquerda"
O antigo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, defendeu hoje que "é preciso dar tempo" a Pedro Nuno Santos "para reconstruir a esquerda" e a Luís Montenegro para liderar o novo Governo.
Em entrevista à TSF, Ferro Rodrigues diz que Marcelo Rebelo de Sousa "só tem um caminho que é indigitar Luís Montenegro como primeiro-ministro". "Embora a subida da AD tenha sido praticamente inexistente em comparação com os resultados de 2022, não há dúvida nenhuma de que o PSD, mais a CDS e mais o PPM - Aliança Democrática - foi quem ganhou estas eleições", afirmou.
O socialista lamentou o resultado do Chega, que disse enquadrar-se numa tendência "infelizmente" global, mas apontou também responsabilidades a um fator nacional: o papel do Ministério Público na chamada Operação Influencer.
"A ação judicial pôs em causa a estabilidade política no Estado de direito democrata. E, portanto, hoje os motivos e as explicações para a subida da extrema-direita são ainda mais palpáveis do que noutros pontos do mundo", lamentou.
Vitória do Chega em Faro reflete trabalho de proximidade de dois anos, diz distrital
O presidente do Chega do Algarve, João Graça, considerou hoje que o resultado eleitoral na região, que permitiu ao partido eleger três deputados, reflete o trabalho de proximidade desenvolvido pelas estruturas partidárias locais ao longo de dois anos.
"O resultado é fruto do trabalho junto das pessoas que fizemos nos últimos dois anos, onde, juntamente com o único deputado que elegemos em 2022, percorremos todos os concelhos e as 67 freguesias algarvias", disse à agência Lusa o presidente do Chega do Algarve.
O Chega venceu as eleições legislativas de domingo no distrito de Faro com 27,19% dos votos, e elegeu três dos nove deputados, o mesmo número de mandatos obtidos pelo PS e pela Aliança Democrática (PPD-PSD/CDS-PP/PPM).
Para João Graça, eleito pelo círculo eleitoral de Faro, o trabalho de proximidade desenvolvido pelos militantes no terreno "fez com que as pessoas fossem sentindo que existia uma alternativa política para defender os seus direitos e resolver os seus problemas".
"A vitória é expressiva e estamos muito satisfeitos com o resultado, porque há 33 anos que não havia outra força política, sem que fosse o PS ou o PSD, com tanta expressão no Algarve", notou.
Segundo o dirigente regional, "as propostas do Chega foram também chegando às pessoas através do jornal [do partido], meio que permite estar todas as semanas na rua, nomeadamente nos mercados e em contacto direto com as populações".
"Visitámos centros de saúde, escolas, postos da PSP e da GNR, associações de pescadores, agricultores e outros setores da economia onde apresentámos as nossas propostas e penso que foi aí que fizemos toda a diferença", sublinhou.
Na opinião de João Graça, as pessoas "perderam a vergonha de falarem e de verem no Chega um partido que pode fazer a diferença", o que se refletiu na votação.
"Deixámos de ouvir as pessoas dizerem que lá vêm eles pedir o voto, porque estamos na rua quase todas semanas. Penso que foi este grande trabalho de proximidade que foi refletido nos votos", realçou.
O dirigente regional do Chega acrescentou que o partido "tinha esperança de eleger o quarto deputado", lamentando não o ter conseguido "por apenas 1.500 votos".
"Sabíamos que íamos ter um bom resultado, algumas sondagens chegavam a dar a eleição do quarto deputado", referiu.
João Graça admitiu que para o "excelente" resultado eleitoral contribuiu também a conjuntura política, depois de o Governo do PS, com maioria absoluta no parlamento, "ter caído da forma que caiu".
"Os problemas na saúde, educação, agricultura, economia e a queda do Governo contribuíram, certamente, para a insatisfação das pessoas e o desejo de mudança", concluiu.
Faro é o primeiro distrito em que o partido liderado por André Ventura ganha, destronando a hegemonia socialista que durava desde 2015.
O PS, que tinha conseguido eleger cinco deputados em Faro nas legislativas de 2022, passou para segundo lugar, com 25,46% dos votos, perdendo dois deputados para o Chega, que em 2022 tinha elegido um deputado por este círculo eleitoral.
Já o PSD, que nestas eleições concorreu em coligação com o CDS-PP e o PPM, obteve no Algarve 22,39% dos votos, mantendo os três mandatos que tinha conseguido sozinho em 2022.