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De "construtor do 25 de Abril" à "figura controversa", são muitas as reações à morte de Otelo

Rui Rio sublinha o "papel corajoso" de Otelo Saraiva de Carvalho no 25 de Abril, o PCP pede que se registe, "no essencial, o seu papel no levantamento militar do 25 de Abril" e Bloco define-o como o "construtor" da revolução.

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Negócios 25 de Julho de 2021 às 16:08
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A morte de Otelo Saraiva de Carvalho gerou uma onda de reações de políticos, historiadores e militares que sublinham o seu papel como estratega do 25 de Abril de 1974, mas frisando "a figura controversa" em que o Capitão de Abril se transformou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi dos primeiros a reconhecer esse caráter mais polémico do militar, frisando que "é ainda cedo para a História o apreciar com a devida distância". Ainda assim, destacou numa nota, ser "inquestionável a importância capital que teve no 25 de abril". "O Presidente da República, consciente das profundas clivagens que a sua personalidade suscitou e suscita na sociedade portuguesa, evoca-o, neste momento como o Capitão que foi protagonista cimeiro num momento decisivo da História contemporânea portuguesa", resumiu o Chefe de Estado.

Quase todos os partidos tentam evitar polémicas

Do lado do PSD, Rui Rio escreveu nas redes sociais que "o dia da morte de Otelo Saraiva de Carvalho é momento para reconhecer o seu papel corajoso e decisivo no 25 de Abril e na conquista da liberdade". Para o líder social-democrata, "competirá à História fazer, com isenção, a avaliação global de tudo que ele fez de bom e de mau". "Hoje, não é o dia para isso", rematou.

O PCP seguiu o mesmo tom, numa nota curta enviada às redações, sublinhando que "de Otelo Saraiva de Carvalho deve recordar-se no essencial o seu papel no levantamento militar do 25 de Abril". "O momento do seu falecimento não é a ocasião para registar atitudes e posicionamentos que marcam o seu percurso político", afirmam os comunistas.



A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, escreveu nas redes sociais que Otelo foi "o estratega do 25 de abril" e que "será sempre lembrado como um dos libertadores de Portugal". Numa nota, o Bloco destaca que o militar " trouxe ao país a Liberdade, pôs fim à guerra e à colonização e abriu a esperança de uma democracia política e social".

O Chega criticou Otelo Saraiva de Carvalho por ter tido um "papel perverso e destrutivo" no pós-25 de Abril.

O vice-presidente do CDS-PP Miguel Barbosa reagiu à morte de Otelo Saraiva de Carvalho, considerando tratar-se de um dia "agridoce", ao lembrar a sua ação na conquista da liberdade e, em simultâneo, "as atrocidades" das FP-25. No dia em que "o CDS regista com tristeza" a morte de Otelo Saraiva de Carvalho, o vice-presidente Miguel Barbosa assegurou à agência Lusa que o partido "não se deixa embriagar pela história", naquele que considera ser "um dia agridoce para os portugueses".

O PAN não reagiu, até ao momento, ao falecimento do militar de Abril.

Alegre lembrou a última conversa

Já o  primeiro-ministro António Costa recordou-o como "o coordenador operacional" que pôs fim "à mais longa ditadura do século XX na Europa". "A capacidade estratégica e operacional de Otelo Saraiva de Carvalho e a sua dedicação e generosidade foram decisivas para o sucesso, sem derramamento de sangue, da Revolução dos Cravos", acrescentou António Costa.

Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República definiu Otelo como "o maior símbolo do Movimento das Forças Armadas", enquanto o históricos socialista Manuel Alegre o catalogou como "o homem do 25 de Abril". À TSF, Alegre recordou a última conversa que teve com o capitão de Abril:"No princípio estava desanimado, mas disse que ia lutar para recuperar. Deu até a sensação de que estava em recuperação. Infelizmente, isso não foi possível."



O antigo membro do comité central do PCP Raimundo Narciso recordou Otelo, à Lusa, como a "principal figura da revolução do 25 de Abril pelo seu papel na coordenação do movimento das Forças Armadas". Isto apesar de reconhecer que o percurso posterior o tornou numa "figura controversa". "É contudo do ponto de vista político uma figura controversa, mas teve o apoio da esquerda e dos populares e nunca deixou de ser uma figura carismática", explica.

Raimundo Narciso assume que a participação de Otelo no caso das FP-25 de Abril acabou por prejudicar a sua imagem.

Para a historiadora Irene Flunser Pimentel o capitão de Abril "deixa a maior das marcas, que foi o derrube da ditadura em 74", lembrando também que "no 25 de novemvro não houve guerra civil e talvez se possa também agradecer a Otelo".




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