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Costa: "O nacionalismo quer erguer muros, nós temos de construir pontes"
O primeiro-ministro exaltou a "identidade aberta e universalista" de Portugal numa altura em que "o nacionalismo e xenofobia querem erguer muros". Celebrar o 1.º de Dezembro não é para afrontar Espanha, mas para afirmar a independência de um país que sabe acolher.
Na cerimónia de celebração da "restauração do feriado" do 1.º de Dezembro, que teve lugar na Praça dos Restauradores, em Lisboa, António Costa lembrou que esta é uma altura em que "o nacionalismo, a xenofobia, o proteccionismo querem erguer muros". "Nós temos então de construir pontes e abrir caminhos", porque essa é "a fidelidade que devemos à herança do humanismo universalista de que fomos herdeiros" e porque "o mundo é um só".
Até porque quando Portugal se fechou, sofreu. "Sabemos bem quanto ao longo da história empobrecemos, nos momentos em que a intolerância expulsou a liberdade de crença ou de pensamento, ou quando um orgulho vão nos isolou no ostracismo", recordou Costa.
"A identidade aberta e cosmopolita está inscrita dos Lusíadas [Camões] à Mensagem [Fernando Pessoa]" e "bate no coração da nossa língua", acrescentou ainda. A mensagem de abertura e tolerância nacional foi recentemente promovida pelo presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, durante a realização da Web Summit. Chegaram a ser colocados cartazes no Parque das Nações a afirmá-la, no dia seguinte à eleição de Donald Trump nos EUA.
Passos quis "apoucar e menosprezar" 1.º de Dezembro
Lisboa e outros municípios garantiram que as "celebrações não fossem interrompidas nos anos em que houve quem se permitisse apoucar e menosprezar o valor e a importância desta data maior na história da nossa pátria", criticou António Costa, numa clara referência ao Governo de Passos Coelho, que decidiu suspender a celebração deste feriado.
O 1.º de Dezembro não é comemorado "em nome de um serôdio sentimento anti-castelhano", garantiu o primeiro-ministr, porque ele "não tem sentido no presente". "Temos consciência de que há muitos interesses e valores que podemos defender melhor juntos que separados", acrescentou. E a "cooperação entre terras e gentes, sobretudo as que estão nas proximidades da fronteira, é um sinal inquestionável de uma relação nova e intensa".
A 1 de Dezembro de 1640 teve lugar um golpe palaciano com o objectivo de libertar Portugal do domínio espanhol, iniciado em 1580. Nessa altura, era rei de Portugal o espanhol Filipe IV (Filipe III de Portugal). Curiosamente, o rei de Espanha, Filipe VI, esteve em território português nos últimos três dias, numa visita de Estado que começou no Porto e acabou em Lisboa, tendo regressado ontem a Espanha.