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Confrontos violentos marcaram manifestações em França de "coletes amarelos"

Cerca de 84 mil "coletes amarelos" manifestaram em toda a França, segundo dados do Ministério do Interior, tendo-se registado alguns confrontos violentos, nomeadamente em Bordéus, no sudoeste do país.

Anita Pouchard Serra/Bloomberg
19 de Janeiro de 2019 às 23:52
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Alguns confrontos violentos marcaram este sábado, 19 de janeiro, as manifestações em França de dezenas de milhar de "coletes amarelos", que pelo décimo sábado consecutivo saíram às ruas, apesar do "grande debate" nacional iniciado pelo Presidente Emmanuel Mácron, visando apaziguar os ânimos.

Cerca de 84 mil "coletes amarelos" manifestaram em toda a França, segundo dados do Ministério do Interior, tendo-se registado alguns confrontos violentos, nomeadamente em Bordéus, no sudoeste do país.

Em Paris a mobilização foi ligeiramente abaixo da participação em manifestações anteriores, 7.000 manifestantes, contra 8.000 no último sábado, segundo a mesma fonte.

A contagem das autoridades é contestada pelos manifestantes desde o início deste movimento social sem precedentes, iniciado em 17 de novembro passado.

"Renúncia de Macron!" era uma das palavras de ordem que se ouviu, segundo notícia a AFP, que dá conta de alguns confrontos na zona dos Invalides, tendo a Polícia usado canhões de água e gás lacrimogéneo.

Confrontos mais fortes ocorreram fora da capital, nomeadamente em Bordéus, onde, à margem de uma manifestação de 4.000 pessoas, rapazes mascarados e bem organizados, usando cortadores de disco e martelos, desenterraram pedras do pavimento para servirem como projéteis, segundo a AFP.

Em Bordéus, pelo menos cinco carros foram queimados e as forças policiais realizaram 49 detenções.

Confrontos com alguma violência registaram-se Angers (oeste), Rennes (oeste), em Ruão (noroeste), Caen (noroeste) Nancy (leste), Lyon (centro-leste), e Toulouse (sudoeste), onde se manifestaram 10.000 pessoas, segundo a polícia.

"O ‘grande debate’ não terá sucesso, fazem as pessoas falarem para que elas se acalmem, mas é o sistema que deve ser mudado", disse Paul Merluzzo, de 56 anos, um dos manifestantes em Nancy.

Em 12 de janeiro, segundo os números avançados pelas autoridades, mais de 80 mil pessoas estiveram nas manifestações, contra 50 mil na semana anterior, o que é apontado como um "balde de água fria" nas esperanças do Governo, que esperava uma adesão menor, no âmbito das festividades de final do ano.

Tal como no último sábado, hoje foram mobilizados cerca de 80.000 policiais e agentes militarizados, dos quais 5.000 em Paris.

Na capital, alguns manifestantes envergavam uma rosa em honra dos mortos e feridos desde o início do movimento, em 17 de novembro.

Dez pessoas morreram, principalmente durante acidentes com bloqueios de estrada, e mais de 2.000 ficaram feridas, entre manifestantes e agentes da ordem pública.

Entretanto, foi lançado um debate sobre o uso de uma arma pelas forças da ordem denominada Lançador de Balas de Defesa (LBD) apontado como o causador dos ferimentos graves sofridos por muitos manifestantes.

A França, segundo a AFP, é dos poucos países europeus que utiliza o LBD.

Na sexta-feira, o ministro do Interior, Christophe Castaner, defendeu a utilização do LBD, sem o qual, as forças da ordem não teriam outra opção a não ser o "contacto físico", o que provocaria "muito mais feridos", segundo o governante.

O Presidente Macron continua a viajar por França, no âmbito da sua proposta de um "grande debate nacional", tentando conter a crise social, a pior desde que foi eleito em 2017.

Numa das reuniões, um autarca disse ao chefe de Estado: "Eu o aviso, senhor Presidente, este debate irá tornar-se um grande 'bluff'!".

O Presidente promete ouvir as queixas expressas, mas muitos "coletes amarelos" veem o "grande debate" como uma maneira de enterrar suas reivindicações.

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