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Com dinheiro a esgotar-se, Tesouro dos EUA pede a agências federais para pagarem mais tarde

Kevin McCarthy tem pressionado a Casa Branca para definir cortes nos gastos do orçamento federal que Joe Biden considera "extremos". Já o presidente dos EUA tem defendido novos impostos sobre os mais ricos – que os republicanos rejeitam.

O Presidente dos EUA mostrou-se otimista quanto ao fim do impasse antes de viajar para o Japão.
Kevin Lamarque/Reuters
23 de Maio de 2023 às 18:44
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A secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, já vinha a avisar há algum tempo que em inícios de junho os cofres do governo poderiam ficar sem dinheiro para continuarem a cumprir as suas obrigações. Ontem, Yellen – que já foi presidente da Reserva Federal (Fed) – foi mais perentória: a 1 de junho, o governo já não deverá conseguir honrar os seus pagamentos, colocando em risco o funcionamento das agências federais e os EUA em incumprimento. Agora, sem solução à vista, há várias fichas em cima da mesa.

 

Num cenário paralelo, mantém-se um braço de ferro entre democratas e republicanos que não tem permitido um acordo para aumentar o atual tecto da dívida ("debt ceiling", que corresponde ao limite de endividamento do país), que está fixado atualmente nos 31,4 biliões de dólares mas que já foi atingido a 19 de janeiro. O Tesouro dos EUA tem conseguido honrar os pagamentos necessários, mas poderá estar prestes a deixar de ter condições para isso.

 

Ontem, o presidente norte-americano, Joe Biden, reuniu-se com o "speaker" da maioria republicana na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, para tentarem superar o impasse, mas ainda não chegaram a entendimento. A reunião começou às 17:30 de Washington (22:30 em Lisboa) e já passava da meia-noite por cá quando foi anunciado que não havia ainda acordo. Mas ambos revelaram estar mais otimistas, o que é mais promissor.

 

O que os divide, essencialmente, é mesmo a despesa pública. McCarthy tem pressionado a Casa Branca para definir cortes nos gastos do orçamento federal que Biden considera "extremos". Já o presidente dos EUA tem defendido novos impostos sobre os mais ricos – que os republicanos rejeitam.

 

Agora, apesar dos progressos, o risco de incumprimento continua bem presente, pelo que os assistentes de Biden estão a tentar encontrar formas de manter dinheiro nos cofres enquanto não há acordo que seja levado depois à Câmara dos Representantes e ao Senado com possibilidade de luz verde – e só depois da aprovação no Congresso é que é promulgado pelo presidente dos EUA.

 

Entre essas formas que estão a ser exploradas está o adiamento de alguns pagamentos. "O Departamento do Tesouro tem estado a pedir às agências federais se podem fazer alguns pagamentos mais tarde", avança o jornal The Washington Post, citando duas fontes próximas do processo.

"Com o prazo a terminar em menos de duas semanas, a Casa Branca está à procura de maneiras de comprar mais tempo a Biden e a McCarthy para que cheguem a acordo quanto ao aumento do limite ao endividamento federal. Sem este financiamento adicional, e não havendo um aumento das receitas fiscais nem novas formas de atrasar os pagamentos, o governo federal poderá, pela primeira vez na história moderna, vir a falhar pagamentos já no início de junho", sublinha o jornal.

Há, contudo, uma pequena luz ao fundo do túnel: a 15 de junho está prevista a entrada de um grande afluxo de dinheiro nos cofres do Tesouro, proveniente dos pagamentos trimestrais ao Fisco. Por isso é que os responsáveis da Administração Biden estão a ver se encontrar formas de guardar durante mais uns dias o dinheiro de que ainda dispõem. Se conseguirem fazê-lo até ao dia 15, a entrada de novos fundos deverá permitir que adiem a perspetiva de "default", refere a mesma publicação. "Talvez consigam arranjar maneira de se aguentar até dia 15", comentou ao Washington Post o vice-presidente do "think tank" Comité para um Orçamento Federal Responsável, Marc Goldwein.

(Notícia atualizada às 19:00)

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