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"Chicão" perde número dois da direção e fica cada vez mais isolado

Filipe Lobo d’Ávila demitiu-se da primeira vice-presidência da direção do CDS. Francisco Rodrigues dos Santos fica assim sem o principal apoiante na direção e fica mais fragilizado numa altura em que surgem movimentações para disputar a sua liderança.

Lusa
28 de Janeiro de 2021 às 14:53
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Não está fácil a vida para Francisco Rodrigues dos Santos, presidente do CDS desde há um ano. Filipe Lobo d’Ávila demitiu-se da primeira vice-presidência da comissão executiva centrista, confirmou entretanto o Negócios depois de a notícia ter sido avançada por outros meios de comunicação.

Com ele saem também outros dois membros da direção do CDS, Raúl Almeida e Isabel Menéres Campos, sendo que os três pertencem ao movimento Juntos pelo Futuro, que no congresso eletivo do ano passado obteve quase 15%, sendo decisivo para assegurar o apoio maioritário com que "Chicão" saiu desse conclave centrista.

Participando num programa de debate político na RTP, Lobo d’Ávila criticou a forma como o presidente do CDS reagiu aos resultados das presidenciais e à forma como tentou capitalizar para si os méritos da vitória de Marcelo Rebelo de Sousa. Na carta de demissão citada pela imprensa, Filipe Lobo d’Ávila diz que não será candidato se se realizar um congresso eletivo antecipado.

Estas saídas acontecem pouco mais de um dia depois de o antigo dirigente Adolfo Mesquita Nunes ter publicado, no Observador, um artigo de opinião em que argumenta pela necessidade de ser realizado um congresso eletivo porque "a crise de sobrevivência que o CDS hoje atravessa não conseguirá ser resolvida com esta direção".

O mandato do presidente centrista termina apenas em 2022, mas o ex-governante e vice da direção liderada por Assunção Cristas considera que nessa altura "será tarde demais", pois até lá os "partidos emergentes [vão] consolidar-se cheios de entusiasmo e o CDS [vai] decair projetando uma imagem de erosão".

O deputado João Almeida, derrotado por "Chicão" nas eleições internas do ano passado, já se colocou ao lado de Mesquita Nunes, considerando que alguém colocar-se à disposição do partido não pode ser visto como "um facto negativo". Mesquita Nunes não concretizou publicamente se pretende avançar, mas essa intenção parece estar implícita.

Quem assumiu entretanto, em entrevista ao Público/Renascença, disponibilidade para concorrer à liderança centrista foi Nuno Melo, contudo o eurodeputado frisa que tal hipótese apenas em 2022, aquando do final do mandato do atual líder.

No final de 2020, o deputado e líder da distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira, defendeu que a também deputada Cecília Meireles dispõe das condições necessárias para ser a próxima líder do partido. Cecília Meireles tem sofrido pressões internas para abandonar o mandato parlamentar a fim de deixar o lugar vago para Rodrigues dos Santos. 

Por seu turno, Rodrigues dos Santos, em entrevista ao Observador, desafiou Mesquita Nunes para que recolha as assinaturas necessárias à convocação de um conselho nacional extraordinário para que o órgão máximo entre congressos decida sobre a realização de um congresso eletivo antecipado.

A pressão sobre a liderança de "Chicão" tem aumentado nos últimos tempos e, entre outra razões, muito devido à quebra do partido nas sondagens para níveis que ameaçam o futuro dos centristas enquanto força política com assento parlamentar.

A ascensão eleitoral do Chega e o crescimento paulatino da Iniciativa Liberal ajudam a explicar esta fase difícil do CDS. Esta quarta-feira, "Chicão" e o presidente do PSD, Rui Rio, anunciaram um acordo, ainda muito vago, para coligações entre os dois partidos nas autárquicas em que excluem o Chega de qualquer possibilidade de aliança para as eleições locais deste ano.

No entanto, o discurso do presidente do CDS sobre alianças com o Chega tem sido titubeante e, ao Observador, Rodrigues dos Santos acabou por não afastar um cenário de acordo com o partido de André Ventura pós-legislativas, dizendo: "temos de falar".
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