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CEO desvalorizam livro da polémica. “Não li nem vou ler”

O livro do antigo governador não preocupa os CEO da banca. Marcelo diz que nenhum interveniente ponderou não aplicar lei desfavorável a Isabel dos Santos. Primeiro-ministro insiste nas críticas a Carlos Costa.

João Cortesão
17 de Novembro de 2022 às 08:30
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Os presidentes dos cinco maiores bancos que operam em Portugal desvalorizam o livro que relata o período de dez anos do antigo governador do Banco de Portugal (BdP) Carlos Costa à frente da instituição. Na obra, o ex-supervisor acusa o primeiro-ministro de uma “tentativa de intromissão”, na qual lhe terá sido dito pelo primeiro-ministro que “não se podia tratar mal” Isabel dos Santos.

“Não li, nem pretendo ler”. Foi assim que, na conferência “Banca do Futuro” organizada pelo Jornal de Negócios, o CEO do BPI comentou a polémica em torno do livro no qual o banco é referido devido à antiga acionista, filha do então presidente angolano José Eduardo dos Santos. “Já houve comissões de inquérito, já houve pessoas que não tomaram “Memofante”... A história está contada”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa.

“É a espuma dos dias”, referiu José João Guilherme, administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que prefere olhar para o presente. “A banca nunca esteve tão capitalizada”, pelo que “a conversa sobre quem disse o quê não adianta nada”.

Também o CEO do Santander Totta, que comprou parte do Banif, não vai ler o livro. “Qualquer tempo que perca a ver essas coisas não tem utilidade”, afirmou Pedro Castro e Almeida. “Se pedirem a uma pessoa para descrever um elefante com os olhos vendados, cada uma tem a sua versão”, comentou.

O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, admitiu que vai ler “a parte que ao BCP diz respeito”, mas recusou comentar a polémica, preferindo afirmar que “a questão não é se há pressões, é se somos independentes para resistir às pressões”. Já o CEO do Novo Banco, Mark Bourke, sublinhou que “o que queremos é saber para onde ir, não é recuperar o passado”.

Marcelo ajuda Costa no caso do livro da polémica

“Neste banco ou noutros, em teoria, não é normal que o Presidente da República acompanhe e intervenha, e que o Governo interviesse. Mas era a única maneira de resolver o problema”, disse Marcelo Rebelo de Sousa esta segunda-feira , referindo-se ao decreto que desbloqueou os estatutos do BPI e permitiu a venda da participação de Isabel dos Santos. “O BdP não tinha solução, o BCE não tinha solução, era preciso ser o Governo a assumir a responsabilidade e o Presidente a assinar”, sublinhou.

Sobre as acusações do antigo governador a Costa, Marcelo disse apenas que “em nenhum momento [...] algum dos intervenientes jamais pensou numa solução que fosse deixar de aplicar a lei que era desfavorável [a Isabel dos Santos]”.

António Costa multiplica críticas a ex-governador

O primeiro-ministro reforçou as críticas ao livro: no dia do centenário do nascimento de José Saramago, António Costa afirmou, citado pela Lusa, que “este é o pior dia para se falar num livro em que cada página que se vai conhecendo se percebe que é um conjunto de mentiras, meias verdades e deturpações”.

Para o Chefe do Executivo, Carlos Costa “entendeu que devia montar uma operação política de ataque ao meu caráter, de ofensa da minha honra”. “Está no seu direito, mas eu também estou no meu direito de defender o que cada pessoa tem de mais importante, que é o seu bom nome”, atirou, acrescentando que está “há anos suficientes na vida pública para não admitir que quem quer que seja, lá por ter sido governador, minta”.

“A história esclarecerá tudo e há muitas pessoas que a conhecem. Confio na justiça. A honra, antigamente, lavava-se em duelos. Agora, felizmente, numa democracia, num Estado de Direito, temos meios próprios de apurar a verdade nos tribunais”, assinalou. 

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