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CDS insta primeiro-ministro a esclarecer se mantém confiança em Centeno

O presidente do CDS-PP desafiou hoje o primeiro-ministro a esclarecer se mantém a confiança política no ministro das Finanças e defendeu que "seria prudente" que o Presidente da República "evitasse ser arrastado para o conflito".

Lusa
13 de Maio de 2020 às 22:48
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Numa nota divulgada esta noite, Francisco Rodrigues dos Santos aponta que "a coordenação política no Governo é da competência do primeiro-ministro" e considera que, "existindo descoordenação a culpa é de António Costa, que deve assumir as suas responsabilidades".

"Portanto, cabe a António Costa esclarecer se o ministro das Finanças é capaz de acertar o passo e se mantém a sua confiança política nele ou se, por outro lado, a relação institucional se deteriorou ao ponto de Mário Centeno ter de abandonar o Governo", salienta o líder democrata-cristão.

Apontando que "essa resposta tem de ser o primeiro-ministro a dar ao país", Rodrigues dos Santos adianta que o chefe de Governo "não conta" com o CDS "para fazer o frete de escolher por ele".

Referindo também o comentário do Presidente da República sobre a questão da injeção de capital no Fundo de Resolução para a recapitalização do Novo Banco, o presidente centrista considera que "seria prudente" que Marcelo Rebelo de Sousa "zelasse pelo regular funcionamento das instituições e evitasse ser arrastado para o conflito, não lhe cabendo coordenar o Governo".

Num tom jocoso, Francisco Rodrigues dos Santos refere ainda que "a avaliar pelos rasgados elogios" que António Costa fez ao ministro de Estado e das Finanças nos últimos quatro anos, "nenhum português diria que seria difícil ao primeiro-ministro entender-se com o 'Ronaldo das Finanças'".

Também hoje, em declarações aos jornalistas, o líder do CDS considerou que Mário Centeno desautorizou António Costa nesta matéria, e salientou que os dois "têm de acertar o passo".

O primeiro-ministro e o ministro das Finanças reuniram-se em São Bento por causa da transferência de 850 milhões de euros do Estado destinados ao Novo Banco, avançou hoje ao início da noite a RTP.

Na semana passada, na Assembleia da República, António Costa disse à coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que não haveria transferências para o fundo de resolução até que a auditoria àquela instituição bancária estivesse concluída.

No dia seguinte, António Costa afirmou aos jornalistas que o Ministério das Finanças não o informara de que essa transferência tinha sido efetuada na véspera, o que o levou a pedir desculpas à coordenadora do Bloco de Esquerda pela informação errada que lhe tinha transmitido.

Perante este caso, em entrevista à TSF, o ministro de Estado e das Finanças assumiu que houve uma falha de comunicação no Governo, e hoje declarou que a transferência de 850 milhões de euros destinada à recapitalização do Novo Banco não foi feita à revelia do primeiro-ministro.

Também hoje, no final de uma visita à Autoeuropa, em Palmela, o Presidente da República considerou que o primeiro-ministro "esteve muito bem" ao remeter nova transferência para o Novo Banco para depois de se conhecerem as conclusões da auditoria que abrange o período 2000-2018.

"Havendo, e bem, uma auditoria cobrindo o período até 2018 - a auditoria que eu tinha pedido há um ano - faz todo o sentido o que disse o senhor primeiro-ministro no parlamento. É que é politicamente diferente o Estado assumir responsabilidades dias antes de se conhecer as conclusões de uma auditoria, ou a auditoria ser concluída dias antes de o Estado assumir responsabilidades", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

"Estava anunciado para maio o processo conclusivo da auditoria, cobrindo de 2000 a 2018. O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no parlamento quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse previamente a conclusão da auditoria", reforçou o chefe de Estado.

 
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