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Atentado em Nice deixa Hollande debaixo de fogo

Sondagem para o Le Figaro diz que franceses não confiam no Presidente para combater o terrorismo. Luta contra o jihadismo será hoje tema da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia.

Reuters
17 de Julho de 2016 às 21:35
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O espírito de união entre os políticos franceses que prevaleceu após os atentados terroristas de Paris, em Novembro, caiu com Nice. O Presidente e o Governo francês estão debaixo de fogo da oposição. As sondagens responsabilizam François Hollande.

De acordo com um estudo de opinião da Ifop para o Le Figaro, realizado após o atentado em Nice na sexta-feira e divulgado este domingo, 67% dos inquiridos afirmam não ter confiança na capacidade do Presidente e do seu Governo para lutar de forma eficaz contra a ameaça terrorista. Na sondagem anterior, realizada em Janeiro, a percentagem era de 51%.

François Hollande tem sido o alvo da oposição. No sábado, Marine Le Pen acusou o Governo de falta de acção e pediu a demissão do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Nicolas Sarkozy, presidente do partido Os Republicanos, disse que em breve chegará "o momento de dizer o que é preciso". "Não podemos estar a chorar vítimas a cada seis meses".

A luta antiterrorista vai estar na agenda da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, a pedido do Governo francês, com o objectivo de afinar a estratégia europeia após o atentado que fez 84 vítimas em Nice.

O pedido foi formulado logo na sexta-feira à noite depois de Lahouaiej-Bouhlel ter atropelado com um camião mais de uma centena de pessoas no Promenade des Anglais, em Nice, até ser morto pela polícia. As autoridades francesas continuam a tentar traçar o perfil do franco-tunisino de 31 anos e perceber o que o levou a cometer o atentado.

Para o Governo francês tratou-se de um atentado terrorista de inspiração jihadista. "A investigação vai fornecer os factos, mas sabemos agora que o assassino se radicalizou de forma muito rápida", afirmou o primeiro-ministro Manuel Valls, citado pelas agências. O autoproclamado Estado Islâmico veio no sábado reclamar a autoria do atentado, através da agência Amaq. Até ao momento não foram divulgadas provas que confirmem a radicalização de que fala Valls.

Segundo relatos de amigos e familiares recolhidos pela Reuters, Lahouaiej-Bouhlel tinha problemas psicológicos e foi seguido por um especialista ainda na Tunísia. Mas o seu comportamento não era o de um muçulmano ferveroso, bebendo álcool e consumindo carne de porco.

As autoridades francesas detiveram no domingo um homem e uma mulher próximos de Lahouaiej-Bouhlel. Outros três suspeitos continuavam detidos, tendo sido libertada a ex-mulher. Segundo a AFP, o franco-tunisino passou com o camião no local dias antes do atentado. Camião que, segundo o Le Figaro, foi alugado a 4 de Julho.

Apelo aos reservistas

O Governo francês prolongou por mais três meses o estado de emergência, decretou três dias de luto nacional e anunciou mais militares nas ruas. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, apelou ainda a "todos os franceses patriotas que o desejem" para se juntarem à reserva operacional, que conta com 12 mil efectivos. 

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