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António Costa enfrenta pressão alta no PS

As declarações perante plateia chinesa provocaram mal-estar dentro do partido. Vieira da Silva terá alertado bancada para o impacto no PS. O líder teve de enviar uma mensagem (SMS) aos militantes a justificar-se. Já Francisco Assis quer um programa de Governo "o mais depressa possível".

27 de Fevereiro de 2015 às 12:15
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António Costa está a atravessar um dos períodos mais turbulentos desde que chegou à liderança do Partido Socialista. Entre críticas à falta de propostas ou às decisões que tem tomado à frente da câmara de Lisboa, o líder socialista envolveu-se a ele e ao partido numa nova polémica ao admitir, perante uma plateia de investidores chineses, que o país está melhor do que em 2011. O objectivo era "defender a imagem do país", explicou-se Costa, mas Alfredo Barroso, um dos fundadores do PS, já prometeu que vai entregar o cartão de militante.

 

Segundo escreve esta sexta-feira o Diário de Notícias, os deputados socialistas debateram as declarações de António Costa numa reunião de bancada, esta quinta-feira, à porta fechada. Segundo os relatos feitos ao jornal, alguns parlamentares tentaram desvalorizar o caso, mas José Vieira da Silva, ex-ministro de Guterres e Sócrates, terá afirmado que é um erro ignorar o impacto da frase de António Costa, a 19 de Fevereiro, no casino da Póvoa de Varzim.

 

Nessa ocasião, Costa afirmou perante uma plateia composta por empresários e cidadãos chineses que o país está melhor que em 2011. "Numa ocasião difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os chineses, os investidores, disseram presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente daquela que estava há quatro anos", admitiu Costa.

 

Tanto o Governo como o PSD e o CDS não perderam tempo a reagir. "Objectivamente, o que aconteceu ao doutor António Costa é que a boca lhe fugiu para a verdade" e, "por uma vez, ao contrário daquilo que fez o PS ao longo dos últimos quatro anos, reconheceu que havia muito pessimismo em muitos sectores da sociedade portuguesa relativamente a podermos enfrentar e vencer a crise, mas felizmente não foi isso que sucedeu, não foi o pessimismo que venceu", comentou Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD, citado pela Lusa.

 

Costa manda SMS

 

Depois de Alfredo Barroso, fundador do partido, ter anunciado que iria deixar de ser militante por causa destas declarações, Costa disse, esta quinta-feira, dia 26 de Fevereiro, estar "perplexo que pensem que, por fazer oposição ao Governo, isso me impede de defender o país".

 

Costa enviou, já na noite de ontem, a seguinte mensagem escrita aos militantes do partido: "Fico perplexo que pensem que a oposição ao governo me impede de defender o país. E que ao dirigir-me a investidores estrangeiros, no exercício de funções institucionais, em vez de valorizar os factores positivos de Portugal, me centre no aumento da pobreza, do desemprego, da emigração, da estagnação económica, dos cortes de salários e pensões".


"Para destruir a confiança já basta o governo. Não confundo oposição com bota abaixismo. Todos sabem bem o que penso do estado do país e da urgência de mudar de políticas e de governo. Por mais que digam, não alteram a dura realidade, que a Comissão Europeia confirma: Portugal mantém desequilíbrios excessivos, que determinam vigilância reforçada; Cortes nos apoios sociais afectaram mais os mais pobres; e foi o país que sofreu maior aumento da pobreza (mais 210.000 pessoas). A essa realidade respondemos com a nossa alternativa", sentenciou.

 

Assis quer programa "o mais depressa possível"

 

Mas as críticas a Costa também têm a ver com a referida falta de propostas de governação, o que tem causado algum mal-estar dentro do partido. Francisco Assis deu eco dessa preocupação no programa "Prova dos 9", na TVI 24, emitido esta quinta-feira.

 

"Creio que o PS não pode estar à espera até ao Verão para apresentar os seus compromissos perante os portugueses. Tem que ter um programa para o país e tem que apresentar esse programa o mais depressa possível. Isso parece-me evidente", defendeu o eurodeputado, que se incompatibilizou com a liderança do PS no último congresso.

 

Augusto Santos Silva reagiu esta sexta-feira no Facebook, repreendendo os socialistas que achavam que "ia ser um passeio triunfal do António Costa até às eleições legislativas". "Vocês não tinham ainda percebido que ia ser usado o que fosse preciso" e "que ia ser aproveitado qualquer deslize, qualquer ambiguidade, qualquer palavra e qualquer silêncio", declarou, de forma retórica, aos militantes do partido. "Ó camaradas, que ingenuidade! E tantos de vocês com tantos anos de tarimba, que já viram isto várias vezes!", rematou.

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