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Ana Gomes teme que processos BES e Operação Marquês acabem como o dos submarinos
A candidata presidencial Ana Gomes disse esta segunda-feira temer que megaprocessos como os do BES e da Operação Marquês terminem como o dos submarinos, em que considerou que se "trabalhou para a prescrição".
18 de Janeiro de 2021 às 20:42
Na conversa online que promove diariamente nas suas redes sociais, hoje sobre Justiça, a candidata considerou que "o sistema dos megaprocessos serve uma verdadeira estratégia de trabalhar para a prescrição dos crimes e frustrar a administração da justiça".
"O caso mais emblemático é o caso dos submarinos, que também já era corrupção BES, como se veio a provar (...) na Alemanha fez-se justiça e identificaram-se os corruptores que foram condenados e, até hoje, em Portugal não se sabe quem foram os corrompidos", criticou.
"E eu temo que seja esse mesmo mecanismo que está em curso no caso desses megaprocessos mais significativos, BES e Operação Marquês, em que aparentemente, segundo a própria justiça, há ligações obvias", alertou.
A candidata presidencial teve hoje entre os convidados o ex-ministro da Justiça e seu apoiante declarado Vera Jardim, que centrou a sua intervenção de quase meia hora no combate à corrupção, elogiando Ana Gomes por introduzir frequentemente este tema nas suas intervenções públicas.
"Tenho ouvido com atenção os vários debates nas presidenciais, queria cumprimentar a Ana pelas intervenções que pude ouvir", afirmou, admitindo que, entre os sete concorrentes a Belém, "todos querem uma justiça melhor".
O antigo ministro da Justiça de António Guterres procurou explicar a dificuldade de fazer reformas neste setor pelos interesses contrários dos vários intervenientes e anteviu que o futuro será ainda mais difícil.
"O trabalho da luta contra a corrupção nunca está acabado e nós iremos sempre atrás dos corruptos, é muito difícil irmos à frente", alertou, considerando que a globalização "alterou completamente" este combate.
Vera Jardim apontou que a justiça está hoje confrontada "com a pressão mediática".
"É boa por um lado, mas por vezes poderá implicar que a justiça se faça com um impulso grande da opinião publica muito influenciada pela imprensa, sobretudo por certos meios", alertou.
O antigo governante aludiu a que muitos se referem aos "atrasos num processo que implica um antigo primeiro-ministro", referindo-se a José Sócrates e à Operação Marquês, mas questionou "quantos anos vai gastar a França para julgar o antigo Presidente da República Sarkozy".
"Porque é que estes processos levam tanto tempo, estas explicações são muitas (...) mas de há 25 anos a esta parte estamos confrontados com a enorme desconfiança do público em relação à justiça", lamentou.
Também Ana Gomes apontou "a grande corrupção" como "um fator de desconfiança dos cidadãos nas instituições políticas e no próprio Estado", numa sessão que se estendeu hoje por quase hora e meia.
Devido à pandemia de covid-19, Ana Gomes substituiu os tradicionais comícios ou sessões de esclarecimento com eleitores por conversas online, transmitidas diariamente em direto nas redes sociais da candidata pelas 18:00, com figuras políticas e especialistas nas áreas dos vários compromissos, uma iniciativa intitulada "Portugal é consigo, Portugal é connosco".
Na terça-feira, o ciclo será dedicado ao tema "Portugal, país de arte e cultura, conhecimento e aprendizagem" que contará, entre outros convidados, com a participação do secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa.
A candidata tem ainda prevista à noite - e depois de quatro ações de rua durante o dia - outra conversa nas plataformas digitais com jovens socialistas sobre o papel da Presidente da República.