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Ana Gomes candidata à Presidência: "Não posso desertar deste combate pela democracia"

A antiga eurodeputada lançou críticas ao PS, o seu partido, pela "desvalorização" das eleições presidenciais.

10 de Setembro de 2020 às 16:18
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Ana Gomes apresentou a sua candidatura à Presidência da República e arrancou com críticas ao PS. "Durante meses e meses esperei que o meu próprio partido apresentasse o seu candidato, saído das suas fileiras ou área politica. Não compreendo nem aceito a desvalorização de um ato tão significante como a eleição para a Presidência da República."

A antiga eurodeputada mencionou os "milhares e milhares de portugueses desiludidos e deixados para trás pela crise, desemprego, doença e exclusão". "Têm que voltar a acreditar que a democracia vale a pena e que só com democracia e solidariedade entre gerações poderá voltar a haver esperança no futuro deste país. Não posso desertar deste combate pela democracia. Tenho abertura e capacidade para dialogar. Quero ouvir todos os quadrantes democráticos e cuido, sempre cuidei e quero cuidar deste pais", garantiu.

O vencedor antecipado

O vencedor antecipado
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República

É o vencedor antecipado. Todas as sondagens apontam para uma vitória logo na primeira volta com uma folga generosa. A Intercampus, que trabalha com o Negócios e o CM/CMTV, dá-lhe intenções de voto sistematicamente acima de 60%. Em julho, superou a fasquia dos 70%, ficando acima do resultado histórico de Mário Soares. O Presidente ainda não anunciou a sua recandidatura, que quer que seja independente. Terá o apoio do PSD, mas o CDS ainda não disse o que fará.

O primeiro a avançar

O primeiro a avançar
André Ventura
Candidato do Chega

André Ventura foi o primeiro candidato a apresentar-se. Aconteceu logo em fevereiro e disse que decidira avançar para fazer frente a Marcelo Rebelo de Sousa que "é a face deste sistema". As sondagens da Intercampus têm-lhe dado resultados muito voláteis, indo dos 5% aos 10%. Na última surgia em segundo lugar destacado. Esta terça, ao saber que Ana Gomes avançaria, elevou a parada dizendo que se demitirá de líder do Chega se ficar atrás da sua concorrente.

A socialista incómoda

A socialista incómoda
Ana Gomes
Candidata da área do PS

Começou por dizer que o PS devia ter uma candidatura própria mas que ela não o seria. Mais tarde, depois de António Costa dar a entender que o PS poderia apoiar Marcelo, a sua atitude mudou e admitiu candidatar-se. A doença e a morte do marido obrigaram-na a afastar-se do palco e isso refletiu-se nas intenções de voto, passando de 10% em junho e julho para 5% em agosto. Resta saber o que dirão as sondagens agora que é candidata assumida. Apresenta a candidatura na quinta.

A candidata veterana

A candidata veterana
Marisa Matias
Candidata do Bloco de Esquerda

Marisa Matias é uma candidata veterana. Esta será a segunda vez que concorre a Presidente da República, depois de ter obtido em 2016 uma votação expressiva de 10,12%. Também já foi cabeça de cartaz em duas eleições europeias, sendo evidente que se dá bem com campanhas eleitorais. As sondagens da Intercampus dão para já resultados dececionantes, entre 4% e 5%. Ainda assim será uma das candidatas na luta pelo segundo lugar.

O candidato desconhecido

O candidato desconhecido
Tiago Mayan Gonçalves
Candidato da Iniciativa Liberal

O advogado é desconhecido da maioria dos portugueses e protagonizará a primeira candidatura da jovem Iniciativa Liberal à Presidência da República. "O primeiro candidato genuinamente liberal à Presidência" diz-se "descomprometido" e "farto da bolha em que o sistema político vive". O objetivo passará por consolidar a IL como um novo protagonista do espetro da direita, pressionando o CDS que aguarda a candidatura oficial de Marcelo para clarificar a sua posição.

O nome que falta conhecer

O nome que falta conhecer
Nome desconhecido
Candidato do PCP ainda não foi apresentado

Entre os partidos que anunciaram candidatura própria, apenas o PCP não divulgou ainda o seu nome. O anúncio deverá ser feito no próximo sábado, dia em que o Comité Central do partido tomará a decisão. Questionado sobre se seria ele o candidato, Jerónimo de Sousa afastou essa hipótese. "Eu candidato? Costuma-se dizer que não há duas sem três, mas já participei nessas batalhas", respondeu, com uma risada. Arménio Carlos é um dos nomes mais falados.

Tino de Rans
Candidato do RIR

Tino de Rans, nome popular de Vitorino Silva e líder do partido RIR (Reagir Incluir Reciclar), é já um repetente em eleições presidenciais. Mas, agora leva na bagagem um resultado que impressionou há cinco anos: um sexto lugar, com 3,3% dos votos. O ex-autarca, que já lançou um disco e foi concorrente no programa Big Brother, anunciou esta terça-feira a sua intenção em voltar a candidatar-se ao mesmo tempo que pediu o adiamento do ato eleitoral por causa da pandemia de covid-19.

O candidato abrangente

O candidato abrangente

Bruno Fialho
Candidato do PRD 

No final de julho, Bruno Fialho, presidente do PDR, fundado por Marinho e Pinto, também tornou pública a sua intenção de se candidatar à Presidência da República. "Pretendo ser um candidato efetivamente de todos os portugueses e abrangendo todas as ideologias políticas, já que até sou candidato do centro, um centro que abrange toda e qualquer posição, desde que seja a mais correta a ser aplicada em determinado momento", afirmou na altura.


Ana Gomes disse apoiar a sua candidatura nos valores da "liberdade e democracia" e frisou não compreender como o socialismo democrático pode "não participar nesta eleição quando vivemos tempos estranhos de grave crise económica desencadeiada pela crise global", caracterizada por "tensões sociais e políticas, desemprego, mais desigualdades e inseguranças". 

"Sabemos que forças antidemocráticas espreitam por desígnios autoritários que só podem trazer repressão e violência como a História ensina. Não é possível ignorarmos que uma parte do sistema se deixou corroer capturado por interesses financeiros, económicos e outros que não servem o interesse público geral", atirou. 

A candidata presidencial assumiu a "defesa da liberdade e democracia contra as desigualdades", contra descartar os mais velhos e contra a "tacanhez de não dar oportunidades aos mais jovens", bem como contra "a iniquidade fiscal, contra a corrupção, a frouxidão do combate ao crime económico e financeiro". "Não podemos continuar a empurrar cidadãos para as margens", sublinhou Ana Gomes. 

"Acredito que Portugal precisa de uma presidência diferente, de uma presidente que dê garantias de independência, que sirva o interesse nacional e que não tenha medo de ir contra interesses instalados. Que trabalhe contra as desigualdades. Candidato-me pela transparência e defesa intransigentes da liberdade e democracia", prometeu.

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