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Yellen diz que taxas de juro nos EUA têm de subir para se evitar "sobreaquecimento". Bolsas reagem em queda

A secretária norte-americana do Tesouro advertiu para o facto de os juros diretores poderem ter de subir para travar um sobreaquecimento da economia dos EUA. Em Wall Street, os principais índices estão a reagir em baixa.

Reuters
04 de Maio de 2021 às 18:40
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Janet Yellen (na foto), secretária norte-americana do Tesouro, admitiu num seminário organizado pela revista The Atlantic que as taxas de juro poderão ter de ser aumentadas, de modo a conter um sobreaquecimento da economia – decorrente dos mais recentes estímulos, aprovados já sob a Administração Biden.

 

"Os juros poderão ter de subir um pouco para garantirmos que a nossa economia não sobreaquece, se bem que os gastos adicionais estejam a ser relativamente baixos em relação à dimensão da economia", declarou Yellen, citada pelo Financial Times.

 

Tem havido quem advogue que os estímulos pandémicos, que incluem cheques à população, não se traduzirão plenamente num aumento de consumo, visto que a incerteza em torno da evolução da pandemia – e do emprego – fará com que muitos norte-americanos prefiram direcionar esse dinheiro para poupanças. No entanto, Yellen citou o aumento das despesas governamentais nos novos projetos, nomeadamente ao nível das infraestruturas.

 

O presidente da Fed, Jerome Powell, tem afastado os receios de pressões inflacionistas, dizendo que considera improvável que o novo pacote de estímulos alimente uma indesejável inflação. Powell  tem dito que, apesar de os juros da dívida pública nos EUA terem estado a subir nos últimos tempos, não estão em níveis considerados preocupantes.

O facto de o banco central ter reafirmado na semana passada o compromisso de deixar os juros diretores em torno de zero, num esforço para manter encarrilada a retoma económica, mesmo que a inflação supere este ano a meta dos 2%, ajudou a tranquilizar um pouco aqueles investidores que estavam com receio de que o banco central estivesse a ponderar subir os juros antes do previsto devido a potenciais pressões inflacionistas derivadas dos estímulos.

 

Ainda assim, na reunião da semana passada, Powell disse também que o banco central está preparado para ajustar a política dos juros à medida que as coisas forem mudando. O banco central e Powell têm referido que o atual nível da taxa diretora (a taxa dos fundos federais) se deverá manter nos atuais mínimos históricos até 2023. Só que na semana passada surgiram receios de que esta possa subir mais cedo.

 

E hoje, com as declarações de Yellen, os investidores estão a reagir de forma negativa, com os principais índices de Wall Street no vermelho.

Janet Yellen disse que, para evitar o sobreaquecimento com a alocação dos estímulos, poderão ser necessários "aumentos muito modestos das taxas de juro". E sublinhou também que os investimentos em vista, nomeadamente no plano das infraestruturas, "são investimentos de que a nossa economia precisa para ser competitiva e produtiva".

 

Os comentários da secretária do Tesouro dos EUA pressionaram ainda mais os títulos das empresas de elevado crescimento, como as tecnológicas, que já ontem tinham caído. Hoje seguiam igualmente no vermelho, mas as perdas intensificaram-se depois das afirmações de Yellen.

 

O índice tecnológico Nasdaq Composite é o que está a recuar mais, seguindo a ceder 2,53% para 13.543,35 pontos. Já o Standard & Poor’s 500 perde 1,17% e o Dow Jones desvaloriza 0,33%.

Já o dólar tocou em máximos da sessão após as declarações de Yellen, ao passo que os juros da dívida dos EUA a 10 anos travaram o movimento de descida.

(notícia atualizada às 19:05)

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